O momento de iniciar a santificação é aqui e agora. Não podemos deixar para mais tarde. Não importa quanto tempo ainda tenhamos ou o que tenhamos feito, nem quão terrível deve ser o nosso karma. Todo empenho em santificar-se é válido e útil.
Se estamos errando e fracassando, isso se deve principalmente ao fato de não dedicarmos tempo à oração e à comunhão com o Divino. Por mais que aperfeiçoemos as estratégias, por mais corretos que sejam os esforços, tudo será inútil se tentarmos trilhar sozinhos o caminho da purificação. Este caminho somente pode ser trilhado se nos voltarmos a Deus e buscarmos a comunhão com Ele. Os monges cristãos que oram sem cessar e devotam toda a sua vida a Deus estão no caminho correto. O mesmo fazem os iogues que concentram sua vida na busca de Atman.
Não importa se acreditamos que Deus tenha este ou aquele nome ou seja assim ou assado: o que importa é o fato de que Ele é o criador de tudo e, portanto, emanamos dEle. Ora, se Ele criou o nosso Espírito, então o nosso Espírito herdou dEle o caráter divino. Se Deus é onipresente e está em toda a criação, então toda a criação tem um aspecto divino. Daí resulta que a incompatibilidade entre os ensinamentos das várias religiões é aparente e que não devemos nos atormentar com dúvidas.
Sucumbimos repentinamente às piores tentações porque negligenciamos à comunhão com o Pai (Origem ou Fonte), porque preferimos nos distrair com os tesouros atraentes deste mundo. O corpo e a matéria em si não são maus, mas a submissão da alma aos mesmos é ruim por ser uma forma de idolatria. Pistis Sophia sofre por ser forçada a adorar a escuridão e é forçada ao ser enganada. Nossa alma acredita que a felicidade está neste mundo e não compreende que há infinitos esplendores além dele. Este é o engano que sofre Pistis Sophia, pobre vítima da ilusão de Mara. O mundo da matéria é maya e inclui: desejos sensuais, prazeres sensoriais, corporalidade, matéria, luxúria, gula.
É um grande erro adiar purificação, acreditando-se que ainda se tem muito tempo. É também um erro renunciar à mesma por acreditar que não se tem mais tempo. Ainda que o tempo que nos resta seja curto, pode e deve ser vivido como santificação máxima. Mesmo que não sejamos capazes de viver mil dias na perfeição, se formos capazes de fazê-lo por um dia já é um bom começo. O que importa é começar e é isso o que não fazemos. Aí está um dos nossos erros.
Se você está desesperado, aconselho, humildemente, que inicie seu desprendimento agora, dentro de suas capacidades. Viva em santidade e devoção, nem que seja por um minuto, mas faça-o. Inicie, aja e não adie.
A morte do eu, a auto-observação, a concentração e a meditação não serão um fato se você tentar alcançá-los sozinho. Tentar trabalhar sem devoção caminhar para o fracasso.
Aqueles que cometeram muitos e graves erros acreditam-se condenados definitivamente. Penso que, enquanto se tenha anelos superiores, existe a possibilidade de transcender o passado. Pode ser que tenhamos que pagar karmas gravíssimos e inegociáveis, aqui ou em outros mundos, mas, ainda assim, podemos buscar a Deus em meio às dificuldades. Entendo que não existe dificuldade que nos impeça de tentar buscar a Deus. Até no abismo existem mestres lutando por resgatar almas perdidas. Então isso significa que sempre há uma porta aberta.
Todos teremos que enfrentar a desencarnação cedo ou tarde, então é melhor nos desapegarmos do mundo material e ajudar a humanidade agora. Nada de deixar para depois. Amanhã poderá ser tarde. Se você quer a bem-aventurança da alma, deve trabalhar por isso o mais que puder. Desligue-se dos atrativos do mundo, liberte sua alma da fascinação pelas chamada “coisas boas da vida”. Viva somente para o Ser (O Espírito Divino).
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