Translate

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Impulso de variação

O impulso de variação (trocar de mulher constantemente, experimentar mulheres novas) difere do impulso copulatório em si mesmo. Não é o impulso de acasalar-se mas sim de experimentar sensações proporcionadas por mulheres desconhecidas. É uma espécie de "curiosidade sexual". Trata-se de um ego que necessita ser eliminado como todos os outros.

Alimentamos os defeitos diariamente

Alimentamos os defeitos a todo instante, sem nos darmos conta. Através de pensamentos, imaginações, falas, atitudes etc. reforçamos a nossa prisão interior.

Com uma simples frase, expressão facial, forma de andar ou se vestir, podemos estar fortificando algum defeito. O simples fato de imaginarmos uma mulher desejável proporciona, por exemplo, energia ao defeito da luxúria.

Se quisermos nossa liberação, o caminho a seguir é: não fortificar os defeitos de nenhuma forma.

É ilógico e absurdo tentar destruir um defeito ao mesmo tempo em que o alimentamos. Fortificar o inimigo do qual queremos nos livrar é um contra-senso.

Muitas pessoas lutam contra seus defeitos mas não vigiam os detalhes por meio dos quais os alimentam e reforçam. Fazem esforços em vão, fortificam o inimigo interior, como se pisassem no freio e no acelerador simultaneamente.

Somente com pensar, recordar ou mencionar algo, podemos estar alimentando defeitos correspondentes.
Quando queremos acabar com um defeito, temos que retirar de nossa vida tudo o que o alimente. Todos os canais de alimentação devem ser cortados, a começar pelos pensamentos. Nenhum pensamento que alimente o defeito deve ser deixado vivo. Além dos pensamentos, toda conduta e fala que o alimentem também devem ser eliminados. Dito em outros termos, TUDO o que se relacione, direta ou indiretamente, com o defeito que almejamos eliminar tem que ser cortado de nossa vida. Se algo for permitido, o defeito não morrerá.

Não poderei eliminar a luxúria de modo algum se manter conversas morbosas com meus amigos, se assistir filmes pornográficos ou ficar fantasiando sexo de várias maneiras. Não eliminarei o medo se ficar assistindo a filmes de terror, pensando no perigo, comentando sobre o perigo com as pessoas todo o tempo (o que difere de alertá-las). Um determinado ego pode colher energia e alimentar-se de diversas maneiras, por muitos canais, como fazem os capilares das raízes de uma árvore. A auto-observação consiste em descobrir os muitos canais por meio dos quais um defeito se alimenta, os quais estão escondidos em nossa vida, se processam na sombra, sem que os vejamos. Lançando a luz da auto-observação a todo instante, os descobrimos. Nisso consiste a descoberta de si mesmo, o auto-conhecimento e a compreensão dos defeitos.

Se, mesmo aplicando esta técnica de retirada dos “capilares”, o defeito que você quer eliminar não enfraqueceu, isso significa que você continua lhe fornecendo alimentos sem dar-se conta, que há muitos outros “capilares” que você não está vendo, ou seja, há muitos outros canais de alimentação escondidos em sua conduta.

A estratégia

A estratégia, em qualquer guerra, consiste em atacar o inimigo em seus pontos vulneráveis. Tentar vencer um inimigo atacando-o em seus pontos invulneráveis é falta de inteligência.
Na guerra contra o ego, as facetas sutis que lhe dão alimento a todo instante são os pontos vulneráveis a serem atacados. Enfrentá-lo frontalmente é certeza de fracasso por ir contra a estratégia.

Diferenciando os esforços

Estudantes gnósticos que confundem a verdadeira morte com o recalque giram em círculos por tempo indefinido, oscilando entre a sufocação dos desejos e o desenfreio. Por um tempo, controlam seus impulsos e, em seguida, os mesmos irrompem violentamente. Somente é possível sair deste círculo vicioso quando se compreende as diferenças entre a morte verdadeira e as várias simulações de morte. Na autêntica morte, a pessoa não realiza o esforço interior visando sufocação dos impulsos, típica do vício de recalcar desejos. O esforço interior correto corresponde principalmente a:

1. não identificar-se com os defeitos;

2. observar os detalhes dos eus em ação;

3. pedir por sua eliminação;

Além disso, há também empenho em manter a vigilância constante, em antecipar-se às obsessões, em não pensar e em descobrir se algum defeito está sendo reforçado (alimentado) por este ou aquele ato inocente.
Não faz parte do esforço correto a tentativa de segurar as emoções ou de controlá-las.
Para sabermos o quanto um "eu" está sendo enfraquecido, temos que deixar de tentar controlá-lo e, em um certo sentido, até deixá-lo meio "livre", para ser observado sem identificação.

Trabalhando nas causas

Sabemos que não devemos ejacular nosso precioso sêmen. Saber disso, contudo, não é suficiente para deter o compulsivo processo de ejaculação. Muito sofremos, com remorsos e medos, por não termos a verdadeira castidade.
Ocorre que tudo tem uma causa e não se pode deter a ejaculação (fornicação, masturbação e polução noturna) sem atingirmos suas causas. Quando perdemos o sêmen, esta triste perda se deve a processos interiores que ocorreram antes da perda, por baixo da nossa zona de percepção consciente. Talvez os tenhamos percebido superficialmente ou de forma vaga. Um defeito somente se "carrega" de força porque não aplicamos a morte, antes, sobre pensamentos, emoções e ações que o alimentam. O segredo é ir à causa. E onde está a causa? No "antes", nas manifestações que o antecedem. Sobre essas manifestações é que temos que direcionar o poder de fogo da Mãe Divina, e queimá-las sem recalque, apenas pela observação e oração.
Vigiar antes é o segredo.
Nós, principiante, não podemos ir conscientemente até o mundo das causas naturais, na sexta dimensão, para "desligar a tomada" que carrega os defeitos de energia, mas podemos, muito bem, remover as causas aqui no mundo tridimensional, que são os primeiros resultados (efeitos) físicos dessas causas que estão bem além, no mundo causal. No causal está a "causa causorum" e aqui estão as causas físicas. As causas físicas são efeito das causas que se encontram na sexta dimensão e, ao mesmo tempo, a origem da fortificação dos defeitos aqui.
O ato infeliz de ejacular deve, portanto, ser encarado como mero resultado de processos anteriores de fortificação, processos esses que se dão sem serem vistos claramente pela consciência, por ela não estar vigiando ativamente. Se você perde continuamente seu sêmen, saiba que essa perda resulta de processos psicológicos que você deveria ter observado em ação e que foi por não observá-los direito que isso está te acontecendo. Encare sua perda como resultado (efeito) de uma causa a ser conhecida. Qual causa? As manifestações dos detalhes. Vários detalhes se manifestaram através de você e você não os viu, não os observou e nem pediu pela dissolução. O resultado foi que de repente sentiu uma tremenda vontade de ejacular, ficou tomado por aquilo e não resistiu, obviamente. E como poderia ter resistido se deu alimento e forças ao inimigo?
Portanto, não fique se lamentando por fracassar, chorando ou duvidando de sua capacidade, da Gnosis ou dos Veneráveis Mestres. Há algo melhor para fazer: descubra o que te acontece antes de ficar louco de desejo. Caso se observe, verá que bem antes de ficar doido (minutos ou horas antes) você deixou que muitos pensamentos, frases, movimentos, lembranças, fantasias e emoções passassem em branco. Foi lá que você errou. Você negligenciou as causas, a origem. Corte um rio e a represa seca, arranque a tomada e maquinário se desliga. O ato de ejacular resulta de um erro de estratégia: tentar segurar o desejo ao invés de atacá-lo em suas origens. E onde estão as origens? Estão no cotidiano. Observe-as lá, procure-as e verá. São milhões de coisas aparentemente inocentes que te conduziram a isso. Tire-as de si e ficará livre dos seus efeitos nefastos. Não perca tempo fazendo esforços à toa, medindo forças com o gigante: acerte-o logo no ponto fraco. Não queira se mais forte que seu inimigo, seja mais astuto. Empregue toda a força que possui de maneira correta e verá os resultados interessantes que surgirão daí.
Sabemos que precisamos da castidade, não somente para tomar ayahuasca (se você for um gnóstico ayahuasqueiro, já que nem todos são) mas principalmente para fortificar o kundalini e o poder da Mãe Divina e do Cristo dentro de nós, aumentando a efetividade da morte do ego. Quanto mais casto formos, mais rapidamente o ego morrerá.
Pensemos na masturbação e nas poluções noturnas. Em ambos os casos, o sêmen é perdido porque a pessoa fantasia coisas "maravilhosas" com mulheres. Em que mulheres você pensou antes e durante o ato masturbatório? Com quais beldades você sonhou? O que imaginou estar fazendo com elas? Falarei claramente. Talvez você tenha imaginado sexo oral ou anal, múltiplas posições, rostos lindos, peitos redondos, peles lisas e depiladas, bocas gulosas e ávidas, lábios carnudos, traseiros empinados e loucuras. Com que mulheres você fantasia? Atrizes pornôs? Colegas de trabalho? Adolescentes? Sua vizinha? A esposa do seu amigo? Quem mais? Descubra, torne-se consciente disso e de tudo o mais que houver escondido aí no baú da sua mente.
Essas fantasias "maravilhosas" são, na verdade infernais, te fascinam e te arrastam pro fim. São fantasias que te tornam impotente sob todos os pontos de vista e acabam com a tua vida. Aprenda a enfraquecê-las em suas origens, antes que tomem força, e assim não ficará idiotizado.
Sócrates dizia que o vício da sensualidade deixava o homem estúpido. A experiência nos mostra que ele estava correto. Desta forma de estupidificação estão surgindo todas as aberrações que estamos vendo: pedofilia, zoofilia, necrofilia, coprofilia etc. e tudo ficará ainda pior, já que o humanóide está sempre insatisfeito e se lança desesperado em busca de novas sensações eróticas. Nessa busca infernal não há fim, é a queda de cabeça em um precipício sem fundo.
Pois bem, meu amigo, se você quer mudar, estou do seu lado e quero te ajudar. Se quer se livrar dessas maldições, descubra o que te acontece antes de ficar louco de desejo e remova tudo isso.
Você falha uma e outra vez, fracassa e cai novamente na fornicação ou na masturbação? Não importa! Continue pois, como disseram os Veneráveis Mestres, ninguém se ergue reto como um pinheirinho, o que importa não são as caídas mas sim a falta de coragem de nos levantarmos e continuar. O que importa é continuar, assim a experiência se acumula. Lembre-se: para o Espírito não há tempo, Ele é imortal.

Por que não avançamos na busca da castidade?

Nós, os aspirantes espiritualistas, temos sofrido muito com os defeitos, principalmente com a luxúria em suas muitas variações (adultério, fornicação, masturbação, promiscuidade etc.), às quais podem chegar até mesmo a perversões e aberrações. O vazio que se sente após as caídas é terrível e costuma ser acompanhado por medo e preocupação a respeito de nosso destino e futuro no campo espiritual.

Pensemos agora especificamente na luxúria. A luxúria, tal como costumamos concebê-la,isto é, como um "Eu" único ou defeito único, não existe. O que existem são milhões e milhões de facetas luxuriosas que se associam formando um gigantesco bloco composto por partes diminutas e ao qual chamamos de "defeito da luxúria". Por uma simples questão de comodidade e facilidade de expressão, dizemos "o eu da luxúria", mas em verdade não há tal coisa, não há um "eu da luxúria" e sim muitíssimos "eus da luxúria".

O motivo pelo qual não conseguimos nos livrar deste defeito terrível é exatamente este: porque o alimentamos a todo momento sem nos darmos conta. Reforçamos a luxúria ao longo de todo o dia através de pensamentos, falas, atitudes e olhares. Se nos observarmos= em plena relação com as pessoas, perceberemos atos, falas, olhares, pensamentos, movimentos etc. aparentemente inocentes mas que, em realidade, fortificam este defeito.

A interrelação com os semelhantes é imprescindível para que haja este descobrimento. Embora também possamos alimentar a luxúria sozinhos, através da imaginação morbosa, em contato com o sexo oposto muitas outras manifestações surgem e podem ser flagradas. É um erro, portanto, evitar o contato social. E é outro erro identificar-nos com as mulheres enquanto travamos o contato social. O ideal é: travar o contato social com mulheres sem nos identificarmos com elas para que possamos nos observar e descobrir as muitas facetas da luxúria em plena atividade. Se não for por este caminho, não conseguiremos nos livrar.

Outro erro consiste em tentar aplicar a Morte em Marcha nos defeitos já "carregados" (reforçados com energia), sem deixar de alimentá-los. Isso equivale a pisar no freio e no acelerador: por um lado os enfraquecemos mas por outro os reforçamos. Muitas pessoas sinceras aplicam a Morte nos desejos intensos, mas não prestam atenção nas muitas maneiras pelas quais os alimentam. Por exemplo: o estudante reforça a luxúria o dia todo e, à noite, tentar conter os impulsos fornicadores/ejaculatórios. Preocupam-se, sinceramente, em combater tais impulsos, mas não se preocupam em retirar os comportamentos que os reforçam. É por isso que não avançam.

A libertação da luxúria e a conquista da castidade resultam naturalmente da eliminação das pequenas facetas detectáveis no dia. Não é algo que se conquiste diretamente pela força, mas sim pela estratégia. A castidade é um resultado e não propriamente uma meta, pois a meta é enfraquecer o impulso sexual irrefletido e despótico. Não se preocupe, você não ficará eunuco e nem perderá o instinto ou potência, apenas irá adquirir maior controle sobre si mesmo e aumentará a margem do seu livre arbítrio nesse campo.

O fundamental é aprender a nos vermos enquanto estamos em contato com elas, em plena relação social com o sexo oposto. Na presença delas, evitemos os identificar e olhemos para nós mesmos, verificando se o que estamos fazendo ou dizendo, num dado momento, está ou não reforçando este nefasto defeito. Em outras palavras, temos que vigiar o que estamos fazendo, buscando em nosso comportamento as formas de reforço.

O que tenho feito, seguindo as diretrizes deixadas pelos V.M.s em seus livros, é o que explicarei a seguir.

Observando-me em plena presença de mulheres, costumo me perguntar: "Isto que estou fazendo agora, neste momento, está reforçando a luxúria ou não?". Faço a pergunta sinceramente e busco a resposta com mais sinceramente ainda através da observação direta, sem teorizar. Deixo a mente passiva, procuro não pensar e nem raciocinar a respeito, e vou observando e me dando conta. É claro que um principiante raciocinará um pouco, mas com a prática ele aprenderá que não precisa pensar na questão, bastando apenas olhar.

Essa indagação pode ser aplicada a qualquer outro defeito. Funciona com a ira, com a gula e com todos os outros egos. O que importa é vigiar, buscando detectar qualquer coisa que possa reforçar o defeito. Durante a vigilância, temos que buscar o que está por trás dos comportamentos, atos, diálogos, formas de se vestir etc.

Nossos comportamentos, por mais comuns que nos pareçam, podem ter consequências psicológicas. Temos que nos inquirir a respeito dessas consequências psicológicas do que fazemos. Nesse sentido, podemos dizer que nossa forma de agir, pensar e sentir constituem "causas" (no nível tridimensional) cujas consequências são a fortificação dos agregados psíquicos, defeitos ou complexos.

Suponhamos, por exemplo, que você esteja segurando um livro com a mão direita. Será que por trás deste ato há alguma intenção excusa escondida? Observe-se sinceramente. Caso você detecte alguma intenção secundária vinculada a algum defeito, você o estará alimentando.

Se quisermos eliminar a luxúria, nenhuma frase, pensamento ou expressão deve passar "em branco". Todas devem ser percebidas em flagrante e eliminadas no mesmo instante.

O trabalho de morte em marcha resolve o problema da compreensão, pois nos fornece um entendimento progressivamente mais profundo dos defeitos, e também impede que defeitos enfraquecidos ressucitem.

Todos temos, com certeza, muitas dificuldades nesse campo específico, por isso, sugiro a leitura do livro "A Prática do Brahmacharia", de Sri Swami Sivananda. É um livro com muitas orientações esclarecedoras e pode ser obtido aqui: