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quinta-feira, 14 de maio de 2009

A Morte do Eu é o Esquecimento

O esquecimento na Morte do Ego

A morte do Eu é o esquecimento. Mesmo recordações boas relacionadas com o desejo, incluindo a curiosidade em analisá-lo, podem atraí-lo ao espaço psicológico. Quando não estamos identificados com um defeito, devemos esquecê-lo completamente, evitando evocar lembranças, ainda que altruístas e positivas, que lhes estejam vinculadas de qualquer forma, mesmo que pareçam muito necessárias. As possessões se iniciam por recordações sutis. A simples cogitação da possibilidade de retorno do desejo expulso (enfraquecido) inicia o processo de atração. A vigilância dos atos visa eliminar as recordações, principalmente as sutis. Até mesmo dúvidas, curiosidades e indagações a respeito do defeito podem atraí-lo à possessão.

É melhor e muito mais fácil evitar a possessão do que tentar revertê-la após ter se instalado. A análise de um eu se justifica apenas quando a possessão já está instalada, caso em que se faz premente a necessidade de expulsar o elemento psíquico invasor. A expulsão se dá em proporção direta ao enfraquecimento. A debilitação do poder despótico de um agregado psíquico (complexo autônomo ou defeito) se verifica à medida em que se aprofunda a compreensão de suas múltiplas facetas ou aspectos. Compreender as múltiplas facetas é tomar consciência de todos os mecanismos de operação, bem como de todas as características do eu analisado: absolutamente tudo o que se relacione aquele defeito, até onde alcancemos.

Acredito que um dos pontos-chave da obsessão psíquica é a crença de que o desejo é necessário por proporcionar prazer e satisfação. Em tal estado, todos os inúmeros, imensos e graves danos que o desejo ocasiona às nossas vidas são desconsiderados. Consequentemente, a expulsão do invasor requer a tomada de consciência dos inúmeros prejuízos, desgraças e catástrofes ocasionados e por ocasionar. A conscientização dos danos é a conscientização dos aspectos negativos, dos problemas trazidos, e desenvolve sentimentos de revolta contra o despotismo. A revolta contra o despotismo interior de um eu-defeito resultará na vontade cada vez maior de expulsá-lo de dentro de nós. A vontade de nos livrarmos não resulta do nada: provém da conscientização dos danos e prejuízos, os quais estão excluídos do processo cognitivo durante a possessão. O possuído está louco e não julga com sensatez, chegando muitas vezes a arriscar a própria vida para satisfazer um impulso.

A intenção da análise é percorrer conscientemente, sem identificação alguma, o processo experiencial do eu obsessor para enxergar e esquecer suas múltiplas facetas nesse transcurso. Dar-se conta e esquecer são o caminho da desobsessão. Esquecer é abandonar. Morrer é ser esquecido.

O trabalho de análise se justifica plenamente quando há possessão, mas me parece prejudicial se for realizado quando não houver necessidade. Se eu começar analisar um defeito do qual já me libertei, o estarei alimentando e o trarei de volta. Neste caso, o indicado é a vigilância constante e profilática, principalmente sobre os pensamentos, e a reação imediata mais adequada à aproximação de um eu invasor é a súplica à Mãe Divina. A Morte em Marcha (V.M. Rabolú) é, entre outras coisas, uma profilaxia contra a possessão.

A invasão por um ego ocorre principalmente pelo centro intelectual, embora não apenas por ele, porque somos animais pensantes. Assim, importa vigiar prioritariamente os pensamentos, sem abandonarmos a vigilância sobre os outros centros da máquina.

Em todo o desenvolvimento espiritual, a mente é sempre o maior obstáculo. É na mente que estão as deformidades do entendimento, as crenças defeituosas que correspondem à destrutiva idiossincrassia egóica. Então, é pela mente que temos que começar e é sobre a mente que temos que trabalhar continuamente, dando-lhe atenção especial sempre. Trabalhar sobre a mente não é raciocinar: é, ao contrário, buscar o silêncio. As recordações, embasamentos para os desejos, estão na mente. Lembrar é pensar. Morrer é silenciar e esquecer. No esquecimento há alívio e libertação.

Morte em marcha no centro intelectual

Há certos instantes em que o desejo nos deixa em paz como, por exemplo, os minutos ou horas que se seguem após sua satisfação, ou então os momentos em que algo nos impacta e afasta nossas preocupações de um desejo específico. Observe-se nesses momentos, quando estiver completamente livre de um desejo atormentador. Você constatará que nesses instantes não há traços de sofrimento ou insatisfação, mas sim um estado interior de calma, serenidade, traquilidade: é o esquecimento da maravilhosa morte. O objeto do desejo está esquecido e não nos preocupamos com ele. É esse o estado ideal que deveríamos perpetuar.

Infelizmente, não conseguimos perpetuar este estado simplesmente tentando “segurá-lo” em nós, sem estratégia alguma. É preciso uma estratégia correta. E a estratégia correta consiste em vigiarmos a nós mesmos contra os pensamentos de todo e qualquer tipo que se relacionem com aquele objeto de desejo. Importa por cuidado principalmente nos pensamentos cuja relação com o objeto de desejo é sutil, ou seja, pensamentos cujo caráter prejudicial é tênue, vago e não muito claro. Esses pensamentos também ocasionam dano porque reforçam o desejo. A atenção não pode ser posta somente nos pensamentos que explicitamente reforçam o que não queremos mas também, e principalmente, nos pensamentos que parecem ser inocentes. Essa é a morte em marcha no centro intelectual e inclui: pensamentos, lembranças, recordações, imaginações, raciocínios e análises, os quais não passam de manifestações intelectuais de caráter delituoso sutil mas, por isso mesmo, enganador e perigoso. O V.M. Rabolú os chama de “detalhes”. Sugiro o estudo dos mesmos em duas de suas obras: “A Águia Rebelde” e “Hercólubus ou Planeta Vermelho”.

Os detalhes, ou comportamentos que parecem inocentes à primeira vista, também se expressam nos outros centros (emocional, motor, instintivo e sexual) e neles devem ser igualmente vigiados. Tudo isso está bem explicado nestes dois livros.

A mente deve estar fechada à invasão dos pensamentos. Por isso diz o V.M. Samael em “Kabala e Eons” para uma mulher que havia sido desobsessionada mas estava curiosa por saber mais a respeito da entidade tenebrosa que a havia possuído: “No te preocupes ni piense mas eso, porque estás atrayéndola.” Esta resposta foi dada porque a mulher o havia interrogado, querendo saber se a entidade tenebrosa obsessora era um defeito seu ou pertencia a outra pessoa. A mulher contesta: “Lo mejor es olvidar?” E o V.M. responde-lhe: “Olvídate de eso, no pienses mas en eso!...” Em outras palavras: se pensarmos no defeito, ainda que com boas intenções, o atrairemos. O melhor é esquecê-lo. Um defeito é uma entidade obsessora, um ego invasor.

A limpeza dos pensamentos deve ser diária e constante, assim nos polarizamos no lado da morte, ou seja, da pureza da essência. Todo pensamento reforça algum defeito ou impede a sua observação. A partir da limpeza do pensamento, podemos limpar também os sentimentos (centro emocional) e as ações (centro motor-instintivo-sexual), mas primeiro temos que limpar os pensamentos. A mente é sempre o grande e contínuo obstáculo, durante toda a vida.

Importa ainda não permitir que os maus pensamentos prossigam nos instantes imediatamente seguintes à sua irrupção na mente.

Fortificação da fé

A fé fortifica-se com comprovações. Coletemos fatos e experiências para nos convencermos e eliminarmos todas as dúvidas. A fé não é a crença cega e nem a convicção gratuita, é a certeza e esta somente pode ser conseguida mediante a experiência e a comprovação.

Deus e o Diabo

Deus e o Diabo “falam” ao homem na alma, interiormente. A voz de Deus e a inspiração divina podem ser identificados mediante os preceitos de nossa religião. É assim que diferenciamos inspirações divinas das inspirações diabólicas. Deus é o Ser e o Diabo é o Eu. O desejo é diabólico e a vontade é divina. Entretanto, a má-vontade, que é a determinação para fazer o mal, é também diabólica por ser o próprio desejo concentrado.

Os religiosos realizam o contato com o mundo espiritual por meio dos sentidos internos, ainda que não tenham consciência dos nomes “clarividência”, “clariaudiência” e outros similares.

Impulsos para fazer o mal ao próximo ou a si mesmo são malignos. Impulsos para fazer o bem tanto ao próximo como a si mesmo são benditos. As hierarquias divinas nos julgam e medem pelo bem que realizamos ao próximo e a nós mesmos.

Os pecados são os defeitos. Quando prestamos atenção ao coração, podemos perceber impulsos para satisfação dos pecados e impulsos para superação dos pecados. Os primeiros nos arrastam para baixo, para a perdição, e os segundos nos arrastam para cima, para a bem-aventurança. Deus e o Diabo travam combate no interior do homem por sua alma. Quando Deus vence o Diabo, então o assimila e o destrói, dissolvendo-o.

Auto-prejuízo

O ato ejaculatório é um ato de auto-agressão sob disfarce prazeiroso. Ao orgasmo se sucede a sensação de morte. Quando fornicamos, estamos fazendo mal a nós mesmos sem termos consciência disso. A ilusão do ego nos engana.

O homem comum não vive sem o orgasmo. Concebe a vida sem ele como doentia, triste e sem gosto por ignorar as felicidades que existem nos céus, que são muito maiores.

A disciplina

A disciplina deve passar por cima de tudo, sem que se espere pela compreensão correspondente ao ato disciplinado. Esperar desapegar-se para somente então disciplinar-se é rumar diretamente ao fracasso. A disciplina não se sucede à morte: a antecede.

Eus muito fortes que levam a vontade a desfalecer

Se sua vontade desfalece e você fraqueja ao tentar suplicar contra um Eu muito poderoso que te domina, tal fato se deve à tentativa equivocada de opor-se diretamente ao núcleo do defeito em questão ao invés de retirar os detalhes gradativamente.

Eus muito poderosos não podem ser eliminados imediatamente. São enfraquecidos quando começamos a eliminar suas partes sutis, seus pequenos detalhes, um após o outro, dia após dia. Então observamos um curioso processo: a desidentificação da alma com o agregado psíquico acompanhada pela diminuição progressiva de sua força.

À medida que os detalhes do eu poderoso são descobertos e eliminados no cotidiano, vamos nos tornando cada vez mais separados do mesmo e passamos a vê-lo cada vez mais como algo estranho, intruso e alheio. Tal visão se deve à ruptura com a identificação. O defeito já não é mais visto como algo que nos pertence e ao qual estamos unidos, como antes era considerado, mas como uma deformidade invasora. Seus desejos e pensamentos não são mais considerados como partes de nós. É um avanço de compreensão.

É por este meio que aos poucos vencemos estes eus, os quais costumam provocar sensações de impotência.



Esquecimento como indicador

Um sinal de que um defeito está começando a ser enfraquecido é o esquecimento. Se, por exemplo, um homem apaixonado por uma mulher pensa nela todos os dias, aos poucos começará a esquecê-la se aplicar corretamente a morte em marcha sobre todos os detalhes de sua paixão. Começará a ficar longos períodos sem pensar em sua amada e, com o avanço da morte, se esquecerá completamente. O mesmo vale para qualquer outro ego.

O vício de "checar" a morte

O hábito de checar constantemente se um defeito foi realmente eliminado constitui uma forma de recordação do mesmo e um meio de fortificá-lo. É um indicador de desconfiança em relação ao poder da Mãe Divina.
Se um defeito não está mais se fazendo sentir ou perceber, temos que nos ocupar com outros ao invés de checar ou fazer pequenos "testes" para se o mesmo realmente enfraqueceu. Quando um defeito não dá sinais de atividade, temos que nos esquecer completamente dele.

A interrupção dos pensamentos na prática da morte mística

A batalha contra a luxúria e os demais defeitos é principalmente uma batalha mental. Embora se dê também em outros níveis ou centros, os fundamentos dos egos são mentais.

Evitamos a possessão nos desviando das situações que as provocam e também trabalhando diretamente com os detalhes. O trabalho com os detalhes evita que os defeitos se alimentem porque os abatemos quando começam a surgir e ainda são fracos em suas manifestações.

É sempre melhor prevenir do que remediar, mas há casos em que a prevenção não é possível. Quanto se dão tais casos, necessitamos de ferramentas que nos possibilitem sair do horrível estado alterado negativo e recuperar o estado ideal de normalidade.

O primeiro a fazer, quando se está sob a possessão de um desejo, é parar a mente. Após deter os cursos dos pensamentos, recordações e imaginações mecânicas, o aspirante inicia sua auto-observação. Não me parece coerente tentar observar o ego em manifestação através dos cinco centros ao mesmo tempo em que se dá asas à mente. Se damos passe livre aos pensamentos, perceberemos somente os pensamentos. Os pensamentos e imaginações mecânicas são escórias da memória. Apesar de parecerem muito úteis, não passam de lixo psíquico. Como poderíamos ver aquilo que está oculto se nos detemos distraídos com as escórias da memória? Temos que limpar nosso psiquismo, jogar todo o entulho fora e esvaziar nossa casa interior. A limpeza começa pelo lixo mental.

Geralmente nós, aspirantes, caímos no erro de tentar sair do estado de possessão sem deter a mente. O resultado é um conflito infrutífero em que nos debatemos em vão contra os desejos. De modo que a seqüência de atos é:

1) Parar a mente (é o primeiro passo);

2) Observar os detalhes do ego através dos centros (é o segundo);

3) Suplicar por sua desintegração (é o terceiro).

Temos que saber que a luxúria é o defeito capital mas não é o único. Para ampliar a captação de defeitos, temos que nos observar também sob outros parâmetros, mas sem nunca negligenciarmos este defeito fundamental.

Ceticismo Dialético Espiritualista - Explodindo as Objeções ao Cinturão de Fótons

Por Pedro de Oliveira

Outro dia li uma interessante objeção à existência do Cinturão de Fótons publicada no site Ceticismo Aberto. Trata-se de um artigo de autoria anônima e de origem norte-americana, cujo título traduzido para o português era: “Explodindo o mito do cinturão de fótons”. O artigo está publicado neste endereço:

http://www.ceticismoaberto.com/referencias/cintfotons.htm.

Como os argumentos do autor me pareceram muito úteis para ilustrar sofismas, resolvi dissecá-los. Peço para que divulguem minha rápida análise, principalmente entre os céticos quanto ao Cinturão de Fótons. Podem publicar onde quiserem. Aí vai:

[A hipótese da existência do cinturão de fótons] É alimentada por uma desconfiança geral de nossa comunidade científica e uma má interpretação do pensamento científico moderno.”

Segundo o autor, não se poderia desconfiar da comunidade científica, ela estaria, portanto, acima de suspeitas. Mas os representantes e simpatizantes desta mesma comunidade poderiam desconfiar dos outros, tal como o autor faz. A desconfiança correta seria, portanto, unilateral. Eles poderiam desconfiar de todo mundo, nós não poderíamos desconfiar deles.

“Bem, para começar, eu não pude achar qualquer evidência de um satélite em 1961 levando os instrumentos exigidos (?) descobrir uma FAIXA DE FÓTONS como descrito. Satélites da época eram primitivos pelos padrões de hoje e estavam mais preocupados com telecomunicações, operando principalmente nos comprimentos de onda de rádio.”

Aqui o raciocínio é bem infantil: os satélites capazes de detectar fótons não existiriam porque o autor não os viu e também porque os satélites da época estariam preocupados com telecomunicações. Como tais satélites estavam preocupados com telecomunicações e operavam nas frequências de rádio, não poderiam existir outros satélites preocupados com outras coisas (que lógica impecável para um materialista!). Ou seja, a ausência de evidências seria prova de inexistência. O autor pressupõe, portanto, que é onisciente e que nenhum satélite existente escaparia ao alcance de sua percepção.

“Satélites e sondas subseqüentes, com sua instrumentação sofisticada, seriam certamente capazes de descobrir a FAIXA DE FÓTONS, porém, nenhuma coisa assim foi relatada em qualquer lugar. Este não é um caso de cientistas mantendo segredos, é simplesmente porque nunca foi descoberto.”

Aqui há uma sugestão sutil de que tais satélites e sondas não deixariam escapar nada e captariam todas as coisas existentes no espaço. Eles seriam capazes de revelar tudo sobre o espaço e o conhecimento a respeito do céu estaria, portanto, inacabado.

“De acordo com outra informação que recebi, supõe-se que este CINTURÃO DE FÓTONS é precedido por uma ZONA ELETROMAGNÉTICA NULA. É dito que esta zona é um vácuo de energia, com um ausência completa de campos eletromagnéticos. Se existisse, esta ZONA NULA certamente teria aparecido nas muitas pesquisas do céu feitas durante anos recentes na Radiação Cósmica de Fundo em Microondas.”

Aqui a afirmação da onipotência e onisciência das pesquisas em microondas é explícita: se a zona nula existisse, teria sido captada e, se não foi captada, é porque não existe. Ou seja: somente existe aquilo que foi captado. Não haveria, portanto, limites para a capacidade de captação das pesquisas com radiação em microondas.

“Esta radiação de fundo é notável porque está distribuída uniformemente por todo o céu. Não há nenhuma falha em sua distribuição. A ZONA ELETROMAGNÉTICA NULA não existe!”

Ao afirmar que a radiação em microondas está distribuída por todo o céu, o autor está afirmando que conhece o céu inteiro e que não há recanto do céu que lhe seja desconhecido. Mais uma vez ele demonstra que acredita que é onisciente, um ser divino. E, como este deusinho conhece TODO o céu, ele pode afirmar que não há falha alguma em nenhum ponto, já que não há ponto algum que lhe seja desconhecido. Das duas uma: ou o céu não é infinito ou a consciência do autor se expande por toda a infinitude de céu, abarcando-o completamente e dando-lhe autoridade para afirmar a inexistência da zona eletromagnética nula. O autor não apresenta provas da inexistência de tal zona, mas, ao que parece, tais provas não seriam necessárias, uma vez que o autor seria uma divindade.

“O Cinturão de Fótons também foi descrito como um ANEL MANÁSICO, um "fenômeno que os cientistas não puderam reproduzir em experiências em laboratório". Eu não pude determinar o significado da palavra "manásico". Só posso imaginar que é derivada da palavra MANA. É dificilmente surpreendente que isto realmente não foi recriado em laboratório já que ninguém parece saber o que MANA é, além de sua definição de dicionário como uma força misteriosa.”

O autor ignora que Manas é um tipo de matéria real e concreta, composta por partículas ínfimas da natureza, entre as quais os fótons e muitas outras ainda desconhecidas pelos cientistas atuais. Manas é a luz astral, a matéria componente de alguns universos paralelos e também do psiquismo humano. É uma matéria sutil (por ser composta por partículas ínfimas) que se desprende das estrelas e se projeta no espaço, adentrando aos planetas. Informem o coitado.

“E chegamos às próprias Plêiades. Jose Comas Sola, seja ele quem for, estava ou bastante errado ou foi citado erroneamente. Nosso Sol não faz parte do sistema de Plêiades, nem orbita as Plêiades a cada 24,000 anos.

As Plêiades estão a aproximadamente 125 parsecs ou 407.5 anos luz de nosso sistema solar. Um cálculo rápido mostra que se nosso Sol estivesse nesta órbita, então sua velocidade orbital seria de 0.107C ou pouco mais de um décimo da velocidade da luz. Isto é aproximadamente 32,000 Km/seg. Esta velocidade seria aparente, não só para astrônomos, mas para todas pessoas, já que as constelações mudariam dramaticamente no curso de uma única vida se isto fosse verdade.

As Plêiades são um agrupamento de aproximadamente 100 estrelas com uma idade média estimada em 78 milhões de anos. Estas são estrelas muito jovens, muito mais jovens que nosso próprio Sol, que se estima ter 5 bilhões de anos, muito mais jovens até mesmo que nosso próprio planeta, a Terra.”

Aqui o argumento foi recheado com cálculos matemáticos pressupostos como absolutos. Ao que parece, o divino autor pressupõe, que os cálculos astronômicos citados sejam infalíveis, já que ele os utiliza como prova incontestável da veracidade de duas idéias: a de que o nosso sol não orbita ao redor de Alcione e de que Jose Coma Solas estaria errado. Não haveria possibilidade de engano e nem grandes margens de erro em tais cálculos, ou seja, os cientistas do futuro, daqui há 10 ou 20 mil anos, não considerariam de modo algum tais cálculos obsoletos e chegariam a resultados, senão idênticos, ao menos muito parecidos com os dele. Não haveria possibilidade alguma de tais cálculos estarem errados, já que aqueles que os realizam são deuses. Desde este remoto ponto da periferia da galáxia em que vivemos, o autor, que já mostrou ser um ser divino, poderia fazer cálculos perfeitos sobre a imensidão dos céus, sem ao menos ser afetado pela relatividade do tempo-espaço-velocidade. As imensas distâncias astronômicas seriam facilmente acessíveis aos cálculos feitos pela mente dos terrícolas (usar números para esconder a deficiência de raciocínios qualitativos é uma artimanha comum entre esses sofistas), os quais nunca necessitariam corrigí-los.

“Estas são estrelas muito quentes e luminosas do tipo espectral B, muito mais quentes e aproximadamente 10 vezes mais volumosas que nosso Sol, do tipo espectral G. Elas ainda não se afastaram da nuvem de gás inter-estelar ou nebulosa da qual elas se formaram. Remanescentes desta nebulosa podem ser vistos prontamente em fotografias do grupo. Foi sugerido que esta nebulosidade, brilhando com a luz das estrelas em seu interior, é o que deu origem ao mito do CINTURÃO DE FÓTONS.”

O mito teria sua origem em nuvens de gás iluminadas pelas estrelas. Sinto aqui que o nosso divino sabichão pressupõe que tais regiões não esconderiam nada mais além de nuvens de gás e luz. O conhecimento do autor sobre estas regiões remotas do universo seria, ao que parece, absoluto, já que ele pressupõe que não haveria mais nada além do que ele apontou.

“Estudos dos movimentos próprios destas estrelas, ou de seu movimento pelo espaço, mostraram que elas estão no processo de dispersão. Não há nenhuma evidência que estas estrelas orbitem Alcyone como descrito no diagrama. Também deve ser dito que não há nenhuma evidência de planetas ao redor de quaisquer destas estrelas. Pode muito bem ser que sistemas planetários possam evoluir em algumas destas estrelas, porém deve-se lembrar que estas são estrelas muito jovens e a formação planetária pode levar um tempo muito mais longo que o de formação estelar. Parece improvável que planetas habitáveis tenham tido tempo bastante para evoluir lá. 78 milhões de anos é um período muito curto na escala de tempo cosmológica ou geológica.”

Mais uma vez, a ausência de evidências seria uma prova da inexistência: se não há evidências de planetas orbitando as estrelas, é porque os mesmos não existem. Há um nome específico, do qual não me recordo agora, para este tipo de falácia.

“É muito confortante pensar em nosso planeta saindo da escuridão em direção à luz, embora eu não ache que nossa fauna noturna fosse concordar. É muito melhor que cada um de nós busque iluminação dentro de si mesmo. Este esclarecimento não pode ser imposto por forças externas. Um dilúvio de fótons das Plêiades não salvará o planeta, nem transformará seus habitantes em Atmosféreos iluminados. Nós teremos que resolver nossos problemas por nós mesmos.”

Para o autor do artigo, os proponentes da teoria do cinturão de fótons seriam pessoas que buscam a iluminação fora de si mesmas, acreditando que a luz física poderia iluminar suas almas. Muito provavelmente seriam pessoas que gostam de andar em praias e ficar nuas embaixo do sol, ao mesmo tempo em que dormem sempre com a luz acesa em casa. Para tais pessoas, o exterior seria mais importante que o interior. Elas seriam, portanto, materialistas!

Há ainda interessantes observações na nota do editor do artigo:

Nota do editor CA: O artigo original sobre o Cinturão de Fótons, que iniciou todas estas lendas, foi publicado em 1981. Foi sua reprodução em 1991 pela revista Nexus que causou uma maior divulgação e interesse, talvez porque a data para a passagem pelo cinturão fosse dada como Julho de 1992.

Mas, como bem sabemos, a noite continuou a cair depois de julho/92. Este pequeno detalhe não abalou o mito: a data simplesmente foi movida para a frente, no caso maio de 1997. Outra vez, a predição falhou miseravelmente.

Sem surpresa, isto abalou muito menos a lenda e agora a data é dada como em algum ano entre 2010 e 2015. Acho que não é preciso ser um gênio para saber o que NÃO vai acontecer entre 2010 e 2015.”

Ou seja: os proponentes do Cinturão não teriam o direito de errar em seus cálculos, já que os contrários também nunca erram. Seus cálculos teriam que ser exatos, sem margem de erro alguma, uma vez que os cálculos em tempo cósmico (astronômico) são muito fáceis, visto este ser muito curto e muito próximo à escala temporal da vida humana. Os astrônomos que acreditam na inexistência dos anéis, ao que parece, jamais errariam e nunca necessitariam corrigir cálculo algum.

Realmente o autor do artigo “Explodindo o Mito do Cinturão de Fótons” é um homem razoável e muito cuidadoso em suas análises!

Outro artigo reacionário que me chamou a atenção também não estava assinado por ninguém e se encontra neste endereço:

http://www.silvestre.eng.br/astronomia/polemicas/alcyone/

O artigo se intitula “Alcione e o Cinturão de Fótons”. Reproduzirei aqui a parte mais importante da argumentação do autor:

“A profecia é assustadora mas, pelo que sei, o Sistema Solar afasta-se das Plêiades a uma velocidade acima de sete quilômetros por segundo, o que parece ser motivo suficiente para não nos preocuparmos com a desintegração de nossos elétrons. Assim mesmo, supondo que eu possa estar enganado, vejamos o que aconteceria se, em vez de nos afastarmos de Alcyone, caminhássemos a seu encontro, não a sete, mas a sete mil quilômetros por segundo. Em quanto tempo chegaríamos à metade da distância que nos separa dela agora? A resposta ultrapassa os oito mil anos, mas as pessoas sofredoras deste mundo nem podem pensar em dar atenção ao resultado dessas continhas difíceis de entender, feitas por pseudo-cientistas ateus e metidos a sabichões, porque é mais fácil, mais agradável e mais emocionante acreditar que estamos na iminência de virar seres de luz e parar de sofrer, porque de pensar muitos já pararam. Freud ainda explica muito bem.”

Aqui, o argumento escondido do autor é o seguinte: se não estamos nos aproximando de Alcione, isso significa que não estamos nos aproximando de seus anéis.

Segundo este autor sofista, os proponentes do cinturão de fótons defenderiam a tese de que o sistema solar estaria “caindo” para dentro de Alcione, o que é falso e, além disso calunioso. Ele deve ter se inspirado nas afirmações de algum adolescente novato que tenha omitido sua opinião na web sobre o assunto ou algo assim. O que os verdadeiros proponentes da existência dos anéis afirmam é que o sistema solar caminha em direção aos mesmos e não em direção a Alcione. Portanto, ou o autor sabichão é um desconhecedor do assunto sobre o qual emite opinião ou então é um simples charlatão. Quem foi que disse que nosso sistema solar está caindo pra dentro de Alcione? O que afirmamos é que caminhamos rumo aos seus anéis e estes não estão, de modo algum, localizados na mesma porção de espaço em que Alcione encontra. Os anéis estão ao redor de Alcione, estendendo-se por imensas distâncias ao longo da galáxia, e não dentro de Alcione, como ele finge achar que acreditamos.

“Posso ser considerado cego para o mundo espiritual, mas tento escutar os privilegiados que, por experiência direta própria, afirmam que ele existe. O problema é que as evidências continuam contrárias, porque as "revelações" do astral raramente fazem sentido, como no caso de estarmos ameaçados por uma estrela muito distante, que se afasta de nós, em torno da qual o Sistema Solar jamais girou e onde nunca existiu um cinturão de fótons. Então, se o astral é real, aqueles ainda encarnados que o visitam de forma consciente andam conversando com as entidades erradas, que nunca estudaram Astronomia ou estão se referindo a objetos cósmicos sutis, não relacionados com a dimensão física densa do Universo.

Se alguém ler o que estou escrevendo aqui e achar que não passo de um materialista iludido pelo fascínio do mundo físico e que as Plêiades estão de fato se aproximando muito rapidamente de nós, que vá lá fora, olhe para elas todas as noites e verifique se estão aumentando de tamanho, porque tudo o que se aproxima parece aumentar de tamanho, ou será que também conseguiram revogar as leis da perspectiva e esse efeito não vale mais hoje em dia?”

Todo o argumento do autor foi construído em cima da falsa idéia de aproximação das plêiades. É uma interessante artimanha sofista: atribui-se caluniosamente uma afirmação evidentemente falsa ao oponente para, em seguida, acusá-lo de defender uma mentira. Então temos que informar a todos que não defendemos esta idéia ridícula de que as plêiades se aproximam de nosso sistema mas sim que nosso sol também faz parte delas e gira ao redor de Alcione. Sua idéia é: as plêiades não estão se aproximando e sim se afastando, portanto, não estamos nos aproximando de anel nenhum. Será que ele considera que nosso afastamento das plêiades é uma prova de que não fazemos parte dela? Nesse caso, ele estaria negando que, em distâncias astronômicas, poderia haver variação na distância entre uma estrela e os corpos que orbitam ao seu redor, ou seja, não existiriam afélios e nem periélios.

Continuemos esquadrinhando seu estilo de raciocínio:

“Por que uma quantidade enorme de pessoas acredita que algo diferente do normal esteja ocorrendo no céu? Se estivesse, os astrônomos não seriam os primeiros a perceber? Ocultação intencional da terrível verdade? Por que os cientistas não divulgariam essas informações? Todos são mentirosos e participam de conspirações governamentais? Não faz sentido. Eles não estão nos prevenindo sobre nossa entrada no cinturão de fótons porque nada semelhante está acontecendo.”

Não existiriam cientistas dissidentes, defensores da existência dos anéis, e nem tampouco comunidades de astrônomos independentes. Todos os cientistas seriam, segundo ele, pessoas idôneas que jamais mentiriam. Não teriam compromissos com governos e nem seriam afetados por interesses políticos. Deveríamos confiar inteiramente na comunidade científica internacional, a qual, além de infalível, não seria influenciada por interesses econômicos. Ela não seria bancada por grandes empresas ou estas não teriam motivo algum para esconder verdades terríveis da população. O mesmo valeria para os governos, principalmente o dos EUA. A NASA não teria tecnologia de ponta e não restringiria o acesso de ninguém a informações. Ela não teria sequer informações confidenciais.

Mais um pouco, para nos divertir:

“Astronomicamente falando, tudo continua se comportando exatamente do modo normal e previsto, como as pessoas mais observadoras e acostumadas com o céu podem notar. O Sol não alterou seu brilho e continua girando em torno do centro da Via Láctea, que fica no sentido oposto ao das Plêiades, o eixo da Terra continua inclinado como sempre, os períodos diurno e noturno se mantêm normais, as Plêiades continuam muito distantes, nenhum cinturão de fótons está à vista e nenhum Planeta Vermelho está invadindo o Sistema Solar. Basta olhar um pouco para cima à noite para perceber a habitual serenidade transmitida pelo Cosmos.”

A Terra não estaria recebendo mais insolação. O brilho do sol não estaria sendo alterado e todos os cientistas que defenderam isso no IPCC estariam mentindo ou seriam uns completos idiotas. A normalidade no céu seria uma prova de que também não estamos nos aproximando de anel algum, já que nós, humanos, perceberíamos qualquer aproximação por meio de anormalidades no firmamento. A aproximação não poderia ser silenciosa e nem passar desapercebida para nós. Teríamos, assim, onisciência na percepção dos fatos astronômicos. A posição do centro da Via Láctea, por ser vista daqui da Terra como estando em sentido oposto ao das Plêiades, seria uma prova de que não haveria anel algum para dele nos aproximarmos ou, talvez, de que não fizéssemos parte das Plêiades. Ou seja: a existência do anel somente seria verídica se a posição do centro da Via Láctea fosse outra. Esta última falácia é muito curiosa e bem montada.

O que tenho observado em todos esses artigos de reacionários contra Hercólubus e Alcione, é que é recorrente a afirmação da inexistência com base na falta de evidências. O raciocínio vicioso é sempre o mesmo: se não há evidências, é porque a coisa não existe. Trata-se de um raciocínio defeituoso que corresponde a formas bem primárias de sofismas.