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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Samael e Rabolu: aprofundamentos

1. Sobre os Jinas

Não são necessários muitos pré-requisitos para se sair em jinas:

“Segui experimentando por mi cuenta, y descobri que para transportarse uno con cuerpo fisico en estado de Jinas, sólo se necessita una mínima cantidad de sueño y mucha fé.” (Tratado de Medicina Oculta, 1952, cap. intitulado “La Maestra Litelantes – Las Fuerzas Harpocratianas – El Huevo Orfico y Los Estados de Jinas”)

Para sairmos em jinas, a mente deve estar em silêncio, quieta. O processo dos pensamentos deve ser detido, ainda que, no princípio, superficialmente. As imagens “sonhativas” (oníricas) que surgem à aproximação do sono (madorna) devem ser apartadas da mente:

Sucede que durante el estado de transición entre la vigilia y el sueño, surgen imágenes ensoñativas. El discípulo debe rechazar dichas imágenes, porque si no lo hace se quedará abstraído en ellas y se dormirá.” (Tratado de Medicina Oculta, 1952, cap. V, intitulado “Hombres y tierras de jinas”)

(...)Deseche de su imaginación toda classe de imagenes ensoñativas y mentales. (...)Concéntrese unica y exclusivamente en el processo del sueño.” (Tratado de Medicina Oculta, 1952, cap. intitulado “Salones de Magia Negra en los Cementerios)

A concentração vem, portanto, após limpar a mente de múltiplas imagens e não antes.

2. Chacras

A vocalização desperta os chacras do corpo físico e não do corpo astral:

“El cuerpo físico también tiene chacras (vórtices) que son los que despiertan con la vocalización; los del astral despiertan através del fuego.” (p.1)(V.M. Rabolú, Sobre La Enseñanza Gnóstica: Seleción de Conferências del V.M. Rabolú, tercera edición, novembro de 2008, [on line] disponível: http://MuertedelosDefectosyDesdoblamientoAstral.es.tl )

3. Outros

Uma coisa é ter experiência, que é algo definitivo por haver porções de consciência desperta, e outra coisa é ter somente a consciência de que se está desenvolvendo no mundo astral (id, p.2).

Cenas luxuriosas oníricas luxuriosas são demonstrações de como estamos fisicamente . Através de tais cenas nos fazem ver o nosso estado (ibid, p.3)

Não devemos pedir a outros mestres, mas somente ao nosso Íntimo (ibid, p. 4)

Pode-se ir à Igreja Gnóstica sem corpo astral solar, somente com o corpo de desejos como instrumento momentâneo da essência (ibid, pp. 5-6)

Conhece-se a autenticidade da experiência por meio da intuição (id, p.6)

No desdobramento astral, a concentração deve ser mais aguçada quando se sente a preguiça porque é neste momento em que se perde a consciência (ibid, p. 6)

O discernimento deve ser praticado quando vejamos coisas “raras” (estranhas?) e deve se nortear pelas seguintes dúvidas: “Por que estou aqui neste lugar?” “Por que estou vendo tal objeto raro?” (ibid, p. 10)

Agarrar-se a qualquer objeto que esteja por perto é uma efetiva maneira de evitar que emoções intensas nos tragam de volta ao corpo físico (id, p. 10-11)


Sobre os elementais ou espíritos da natureza

Inspirado em "Tratado de Medicina Oculta e Magia Prática"

As múltiplas vocações dos elementais vegetais

As plantas contém segredos para cura de doenças, defesa contra inimigos, proteção contra feitiçarias, controle do clima, interferência em fenômenos naturais e sociais etc.
Os elementais das plantas são mais poderosos do que os elementais animais por não fornicarem e podem interferir magicamente na mundo físico e alterá-lo. Cada planta expressa um poder específico da Mãe Natureza. O segredo de seu emprego pelo mago consiste em descobrir qual é a planta que pode ser utilizada para um fim específico e qual é o ritual que lhe corresponde. O conhecimento a respeito das vocações das plantas e de seus respectivos rituais constitui uma ciência hermética, totalmente distinta da ciência profana (a palavra "ciência" não é sinônimo de academicismo e implica em conhecimento sistematizado, inclusive em termos de comprovação). É um conjunto de conhecimentos de vastidão infinita, protegido pelos guardiães da humanidade desde passados antiquíssimos. O mau uso desta ciência implica em violação da Lei Divina e constitui a magia negra. A magia negra é o uso das forças mágicas para fins egoístas, ainda que sejam bons e elevados em aparência.
Para não violarmos a Grande Lei, temos que rogar ao nosso Pai Ìntimo para que atue, oficie e também para que ordene ao nosso Intercessor Elemental para que realize o ritual correspondente às plantas que formos utilizar. O Intercessor Elemental conhece todos os rituais existentes porque é uma parte de nós, nossa parte vegetal. Trata-se de uma parte do Ser que criamos no passado, quando fomos vegetais. Ele não atende ao ego, motivo pelo qual não adianta lhe ordenar ou perdir a ritualização, mas atende ao Íntimo e o obedece prontamente.
O intercessor elemental contém todo o conhecimento das plantas e, quando dissolvemos o ego, o absorvemos em nós. Então conhecemos todos os rituais e funções dos vegetais, para que servem e que doenças curam, sem necessidade de ler nenhum livro.
Para os adormecidos, as curas/adoecimento são as manifestações mais imediatamente palpáveis e visíveis das vocações dos vegetais. Quando uma planta cura ou adoece alguém que a ingeriu, o que está se passando é que seu respectivo espírito elemental está atuando na matéria física da pessoa. O elemental, uma vez dentro do corpo, promove alterações energético-físico-químico-biológicas, ou seja, atua sobre a energia e, por extensão, sobre a matéria. O efeito de um extrato de uma planta sobre um grupo de células, visto por um cientista através de um microscópio em um laboratório, não é mais que a atuação física do elemental.
Os elementais atuam do espírito para a matéria, ou seja, de dentro para fora. Quando curam o corpo físico de alguém, estão curando as causas psíquicas que originaram a doença. Toda matéria física tem um assento metafísico (interno ou psíquico), que corresponde uma forma mais sutil de matéria, comumente designada sob o termo "energia". Por tal motivo, toda doença tem uma origem psíquica, mesmo aquelas que não o aparentam.
Mas os elementais não atuam apenas quando partes das plantas são ingeridas. Eles podem atuar à distância e não somente sobre os tecidos vivos, mas também sobre a mente das pessoas e até sobre os fenômenos naturais. Podem provocar chuvas, ventos, incêndios etc. desde que se conheça suas vocações específicas e se saiba como manipulá-los.

Informações adicionais fornecidas por Dora van Gelder, discípula clarividente e enteada de Leadbeater:

Sílfides

Sílfides reagem de acordo com nossos sentimentos. Se quisermos impor-lhes algo, adotando um estado interior de exigência (como querer-ia um cético para admitir sua existência), elas não correspondem. Mas se perceber que os sentimentos motivadores são de brincadeiras inocentes, elas correspondem modelando as nuvens em várias formas. Gostam de saber que crianças se divertem com as figuras que criam no céu.

Origens das sílfides

Sílfides são salamandras e ninfas que evoluiram.

Salamandras

Salamandras evocam correntes emocionais intensas e apaixonantes, as quais são normais para elas mas podem nos prejudicar. Não são más mas são perigosas devido ao nosso estado psicológico negativo.

Como ver esses seres

Os elementais devem ser procurados além da transparência do ar, com o terceiro olho e com o canto dos olhos físicos. A luz a ser buscada é tênue e mais sutil que a luz comum.
Esses seres trabalham com fluxos energéticos, que para eles são partículas sólidas e formam estruturas palpáveis.
A matéria componente do corpo das fadas (éter) é ligeiramente mais sutil que o hidrogênio.
A visão física é complemento para se ver as fadas.
As percepções da glândula pituitária se somam às percepções dos olhos físicos e, sob um ponto de vista alterado ou foco específico, revela as formas vivas do Éter.
Aquilo que fisicamente é visto como parte da natureza, incluindo o espectro luminoso visível, torna-se parte de formas discerníveis sob a percepção de luzes sutis e sob alterações nos pontos de vista ou focos que isolam formas pelos pensamentos.
Os elementos sutis constituem estruturas orgânicas em outros níveis de matéria (leia-se Capra).

Vida em pedras

A estrutura fisico-químico de uma pedra é a parte física de sua estrutura orgânica, complementada pela parte energética.

Corpos físicos dos elementais

Salamandras, ninfas e sílfides podem ter corpos físicos vegetais ou animais.


Pensamentos: não reprimir e nem estimular

É tão errado criar conflito com os pensamentos, tentando silenciá-los à força, quanto estimulá-los.
O verdadeiro silêncio encontra-se em um estado intermediário, no qual não damos asas ao devaneio e nem tampouco tentamos forçar os pensamentos a se calarem: simplesmente os esquecemos até onde for possível por estarmos com a atenção no objeto de nossa concentração.

Vigilância mental e silêncio interior

A vigilância no centro intelectual almeja a paz e o esquecimento. Uma vez que estejamos vigiando a mente, os pensamentos que invadem adentram ao nosso campo de consciência e os vemos.

A inutilidade da atividade mental

Damos asas a tantos pensamentos porque os consideramos importantes. Quando compreendemos a inutilidade de um pensamento, por nos questionarmos sinceramente a respeito, a mente sossega espontaneamente e o pensamento nos deixa. Se um homem se questiona ("para que serve este pensamento que me assalta agora?") e busca sinceramente a resposta, compreenderá que não necessita tanto assim dos pensamentos como crê.
A esmagadora maioria dos pensamentos que nos assaltam durante o dia são inúteis e somente atrapalham. Ainda assim, os consideramos importantes, por pura ignorância. É por isso que não nos livramos da mente.

Silêncio mental na auto-observação

Na auto-observação e na morte em marcha também pratica-se o silêncio. Um único pensamento é suficiente para desencadear todo um processo de obsessão, de forma análoga ao efeito borboleta.
Mantendo o silêncio mental, nos observamos, à espera de alguma alteração no movimento, nos sentimentos, nos pensamento, na parte instintiva ou na parte sexual, que denuncie a aproximação de um eu. Em silêncio mental vigiamos os pensamentos e os demais centros. Em silêncio mental observamos o Eu. Em silêncio mental oramos e pedimos.
O observador interior (a essência) deve estar quieto enquanto contempla.

Castidade e silêncio mental

Limpar a mente constantemente é o principal meio de se alcançar a castidade.
Silêncio mental é imprescindível durante a prática da magia sexual.
Aprenda a ter e a manter ereções unicamente por excitações físicas, sem recorrer às fantasias eróticas. Se apelar à imaginação morbosa, sua fisiologia neuro-sexual ficará dependente da mesma para obter ereção e sentir excitação.

Dicas:

Não forçar o silêncio. Deixar que ele se instale. Aproveitar o pouco silêncio espontâneo que se alcançou, permitindo-o estabelecer-se.
Não conflitar com os pensamentos e nem tampouco estimulá-los.
Tentar aquietar os pensamentos com violência é dar-lhes importância.

Aprendizagem gradativa da vigilância

O fato de não conseguirmos vigiar todos os centros de uma só vez não significa que estejamos fracassando na prática da auto-observação pois aprendemos a realizá-la aos poucos.
Os principiantes iniciam vigiando um ou outro centro separadamente (preferencialmente o intelectual, por uma questão estratégica) e aos poucos sua consciência se aprimora e amadurece, aprendendo a vigiar mais de um centro ao mesmo tempo.
Aprendemos primeiro a vigilância no centro intelectual (vide "A Necessidade de Mudar a nossa Forma de Pensar"). Após tê-la exercitado bem, podemos começar a vigiar o centro emocional e depois os outros. A meta é ser capaz de vigiar todos os cinco centros.
Não se trata de dividir a atenção consciente, mas de por a atenção em si mesmo tendo as alterações que ocorrem nos centros como parâmetro.

Um erro comum: pedir sem nada perceber

Suplicar pela morte dos defeitos aleatoriamente é um erro. A morte não é um processo mecânico mas sim consciente. A vigilância dos centros é consciente e a súplica se sucede à constatação indubitável da presença de algum elemento indesejável. Não é um ato mecânico, repetitivo, que se efetua em intervalos regulares de tempos.
Pedir por pedir, aleatoriamente, sem que nada tenha se manifestado em nenhum centro é mecanizar a prática e inutilizá-la.
O Ego tende a mecanizar tudo, até a prática da auto-observação.

Vigiando o que vem antes

Se você não resistiu a um desejo e cometeu um ato que não gostaria de ter cometido (por ex. ejaculou seu precioso sêmen, seja fornicando ou se masturbando) isso ocorreu por você não ter matado o defeito correspondente bem antes que se tornasse um desejo obsessivo. Você alimentou o defeito, sem o perceber, com atos e pensamentos sutis, desprovidos de qualquer traço delituoso aparente.

Se fizer uma retrospectiva, poderá comprovar que muito antes de sentir o desejo propriamente dito, muitos pensamentos e ações inocente, porém de alguma forma relacionadas ao defeito em questão, te acometeram. Se você lhes aplicasse a morte em marcha nas primeiras fases de manifestação, a situação não teria evoluído na direção em que se desenvolveu.

É muito mais fácil eliminar um pensamento/ato inocente do que eliminar um ato fortemente motivado por desejo. Por tal razão a morte em marcha deve ser aplicada a todo momento, em qualquer traço psicológico que de algum modo alimente algum defeito. Agir assim é atingir o Ego em pontos estratégicos, ferindo-o de morte. Não queira medir forças com a legião, combatendo-a "em bruto", como diz o V.M.R. Se Davi houvesse tentado medir forças contra Golias, teria sido esmagado. Atinja a "têmpora" do Ego, seu ponto fraco e vital: os sutis canais de alimentação.

Muito antes de um desejo poderoso nos invadir, inocentes e sutis traços comportamentais, principalmente pensamentos, o alimentaram. Vigie-os, portanto. Eles são os detalhes do qual nos fala o V.M.R.

Quando, por descuido, já estamos identificados (invadidos ou obsessionados), temos que descobrir qual foi o detalhe que abriu as portas para tal estado:

"P - Porém, se a gente se identifica, por exemplo, deu-nos ira e nos identificamos, qualquer coisa...

V.M. - Temos que olhar o detalhe. Por que foi que lhe deu ira? No momento em que você sentiu esse impulso, aí mesmo deve apelar à Mãe Divina. Aí se corta a ação. Não se chega aos extremos." (V.M. Rabolú, p.140)

Se, em um dado momento, nos encontramos completamento perdidos de nós mesmos, identificados e dominados por um ego, é porque, momentos antes, permitimos que algum detalhe sutil se apoderasse de nossa máquina. O detalhe, ao invadir-nos, abriu as portas para outros egos mais poderosos, culminando na identificação plena com um defeito prejudicial.

Por regra, o ideal é antecipar-se, por meio da morte dos detalhes, a tais obsessões, o que consegue mediante uma observação rigorosa que capte o princípio das manifestações:

" P - Porém, existem eus muito fortes, por exemplo, o da ira, que nos podem sacudir.

V.M. - É que, olhe, a ira, vamos a um exemplo. Eu digo uma palavra ferina que incomodou a você. Tem um princípio. Foi por uma frase minha, ou uma ação minha que você se desgostou. Se você está alerta em si mesmo, quando você sente este desgosto, apele duma vez à Mãe Divina aí. Então não há nenhum problema.

P - O problema é não fazê-lo?

V.M. - Não fazê-lo, é claro. Se nesses momentos em que disse essa frase ou fui e fiz algo que não agradou a você, que se vê a ira, aí mesmo apelar à Mãe Divina, instantaneamente, já. Evita-se o problema com os demais, e tudo, e vai morrendo.

P - Para isso necessita-se estar sempre alerta.

V.M. - É que para poder trabalhar com estes detalhes, tem que se estar alerta em si mesmo, a nós não fica tempo de estar olhando o que o outro está fazendo. Se estamos aqui nesta reunião, como pode haver milhares numa reunião destas, nós não nos devemos identificar com as pessoas, senão sempre estar pondo cuidado em si mesmo, para ver que agregado está se manifestando nesses momentos. Não se descuidar de si; do contrário, perde-se o tempo.” (V.M. Rabolú, p. 147)

O princípio de cada manifestação egóica não será captado se não estivermos em alerta rigoroso, porém espontâneo. Nosso erro comum consiste em deixar que tais manifestações passem sem nada fazermos. Ao invés de agirmos logo de início, permitimos que as mesmas colham energia, se fortifiquem e nos dominem. É assim que nos tornamos escravos dos egos. A chave está no princípio das manifestações, no pequeno e insignificante começo. Temos que “bater” nos egos assim que eles comecem a brotar. A passividade resulta em posterior impotência.

Note-se que, em momento algum, o V.M. recomenda que se tente recalcar ou reprimir os detalhes. Ao contrário, a recomendação é que se o observe rigorosamente e se ore à primeira aproximação. Obviamente, observar e orar diferem de observar e reprimir.

Esse trabalho vale para todos os centros e não somente para um dos centros.

Referência:

V.M. Rabolú. A Águia Rebelde. São Paulo: Movimento Gnóstico Cristão Universal do Brasil na Nova Ordem, 1995.

A Morte em Marcha em outros autores

O V.M. Samael diz em várias passagens dos livros que devemos nos observar e morrer de instante a instante, a cada momento e a cada detalhe. Eis a Morte em Marcha.

Ao ensinar que os súcubus e íncubus e outras larvas e elementários somente podem ser arrojados mediante a oração e a manutenção de um pensamento puro, Paracelso está ensinando a Morte em Marcha.

Blavatsky afirma que o discípulo não deve permitir que nem sequer a sombra dos desejos se aproximem dele, o que não é outra coisa senão a mesma Morte em Marcha.
Em "A Doutrina Secreta", podemos ler:

"Não creias que a luxúria possa ser aniquilada se satisfeita ou saciada, pois isso é uma abominação inspirada por Mâra. É nutrindo o vício que ele cresce e se robustece, tal como a lagarta engorda no coração da flor." (versículo 76)

Em outras palavras, não devemos alimentar os defeitos.

Jesus ensinou os discípulos a vigiarem e orarem sem cessar, para que não entrassem em tentação. Vigiar é observar-se e orar é suplicar. Trata-se, igualmente, da Morte em Marcha.

Em um manuscrito original dos essênios exposto em São Paulo, certa vez eu li:

"Não permita Deus que Satã se apodere da minha mente".

É claro que o manuscrito se referia à Morte em Marcha.

A Morte em Marcha não é uma invencionice caprichosa do V.M. Rabolú. É uma técnica milenar usada para manter a mente limpa (e também os demais centros da máquina) a todo instante. O conceito e a nomenclatura podem ser novos, mas o conteúdo não. A morte do ego sempre veio por este caminho e não por outro.

Na Bíblia, a Morte em Marcha está claramente representada pela luta de Davi contra Golias. Davi representa a essência e Golias representa o Ego. Não podemos enfrentar Golias diretamente, "em bruto", como supõem muitos. Por ser muito mais poderoso, qualquer confronto direto nos levará à derrota. Temos que atingir Golias em seu ponto fraco: os inocentes canais de alimentação. Davi acertou o gigante na têmpora, isto é, no ponto vulnerável, e o gigante caiu de uma vez.

Assim é também com os defeitos. Imagine um defeito ou desejo poderíssimo, um ego que realmente te domina e te arrasta, contra o qual você é impotente e não pode resistir. Pois bem, você não pode resistir-lhe, porque ele é muito mais poderoso. Então acerte-o no ponto fraco. O Golias se fortifica a todo momento, sem que você perceba. Você lhe dá vida e não se dá conta. Atitudes simples, que parecem totalmente inocentes e desprovidas de maldade, levam nutrição ao gigante e o mantém vivo. Dissolva tais atitudes mediante a vigilância e a oração, ao invés de reprimí-las. Faça como Davi: não espere que o gigante te agarre, não deixe que o desejo invada sua mente. Antecipe-se ao desejo, dissolva seus detalhes antes que ele chegue e tome conta de tudo. Seja o primeiro a golpear, ataque primeiro, antes que o Gigante te pegue. Aprenda, como ensinou Blavatsky, a perceber a aproximação da sombra, muito antes da chegada do monstro hediondo que a origina. Não permita que as sombras te engulam, reaja muito antes. Perceba os primeiros traços de aproximação minutos ou até mesmo horas antes do Golias chegar e destruir tudo. Mantenha-se longe do monstro e o acerte nas têmporas quantas vezes forem necessárias.

Os indícios de aproximação são os pequenos detalhes. Reprimí-los é perder o tempo: melhor é orar pela eliminação e aguardar, observando os mesmos perderem força. Se resistir aos desejos fosse um meio verdadeiro de eliminação, todas as pessoas seriam liberadas, já que é somente isso que todo mundo aprende a fazer desde que nasce.

A situação dos ascetas religiosos e espiritualistas é dolorosa. Lutam bravamente contra os desejos sem nenhum resultado e alguns chegam mesmo a piorar com o tempo, até a degeneração total. Isso mostra que suas técnicas de ascese não funcionam. Se mudassem e aplicassem Morte em Marcha, ao invés das inúteis tentativas de resistir aos desejos e de controlá-los, conseguiriam os resultdos que tanto almejam. Mas para tanto seria necessário mudar a estratégia, renúnciar ao controle e à denúncia, sem entregar-se ao desenfreio. Orar e confiar que a Mãe Divina irá atuar.

Se um homem necessita resistir a um desejo, isso indica que o desejo é muito poderoso. Ora, se é poderoso, é porque não está enfraquecido, não está ferido. É absurdo supor que alguém que esteja realmente dissolvendo um defeito necessite resistir-lhe. Se a Mãe Divina está dissolvendo o desejo, porque haveria necessidade de resistir? Que necessidade há de estabelecer diques ou barreiras contra um inimigo que está sendo morto? É algo absurdo e ilógico.

Generalizações indevidas dos velhacos do intelecto

Acreditam os velhacos do intelecto que toda concepção religiosa se fundamenta em crenças, carecendo de experimentação e de comprovação. Esta idéia perpassa todos os seus discursos, é um pressuposto constante.
Quando muito, tentam explicar a experiência espiritual em termos químicos, biológicos e psiquiátricos, reduzindo-a, como se isso resolvesse o problema o problema lógico que evocam. O verdadeiro teor dessas experiências não lhes interessa e eles preferem iludir-se com suas explicações superficiais, visto que as mesmas se encaixam perfeitamente em seus entendimentos deficientes.
É comum que generalizem a partir das concepções católico-protestantes, considerando que todas as experiências místicas sejam semelhantes. E evitam a todo custo se debruçar sobre este ponto.
A idéia de "alucinação" é uma ferramenta que lhes é muito útil nesses casos, visto que serve para acobertar problemas lógicos que, de outra forma, teriam que ser encarados.
Em suma, para reforçar a crença de que toda experiência espiritual é falsa e carece de fundamentos comprobatórios, os velhacos evocam a idéia de que as mesmas são meras fantasias criadas pela mente, nas quais o experienciante passa a acreditar. É claro que não assume isso, mas tal pressuposto é visível para qualquer um que analise com cuidado seus discursos. Para defender a tese de que toda experiência mística é um conjunto de crenças, eles se valem da idéia de "alucinação".

O discernimento intuitivo de que se está em astral

Nos primeiros momentos em que discernimos que estamos em astral, podemos ainda ser assaltados por dúvidas a respeito deste mesmo fato. A materialidade do mundo astral pode nos fazer duvidar de sua astralidade, ou seja, podemos duvidar do fato de que estamos em astral porque vemos à nossa frente um mundo material como o mundo físico. Trata-se de um ceticismo prejudicial.
A certeza de estarmos em um mundo paralelo, extra-físico, não nos advém somente por associações intelectuais, embora o raciocínio nesse mundo possa ser perfeitamente articulado, mas também por uma via intuitiva.
O discernimento intuitivo me parece ser muito facilitado após a constatação de que o mundo astral é um mundo não-físico, porém real e material.

Cobiçar virtudes

Cobiçar virtudes é uma ínútil perda de tempo, além de provocar neuroses.
Quanto mais alguém cobiça uma virtude, mais se afasta da mesma por um mecanismo de represamento da libido (desejo) contrária. A verdadeira virtude está além da dualidade.
O ego que cobiça uma virtude está por trás da recalque de egos contrários. Cobiçar virtudes é um defeito.
Os egos possuem antípodas (egos contrários) que cobiçam seu extermínio por motivos egoístas: controle total da máquina. O ego pode inclusive realizar (mecanicamente) a auto-observação e até pedir pela morte.
Os estudantes gnósticos que se viciam em cobiçar desesperadamente a castidade se tornam adúlteros, masturbadores e fornicários. Tal cobiça deturpa a prática da morte, enganando aquele que intenciona praticá-la. Então o ato de recalcar (reprimir) os desejos substitui a prática verdadeira, desviando e atrazando a pessoa em seu trabalho interior, fazendo-a perder muito tempo e até a existência inteira.

Atribuir a morte à Mãe Divina

É um erro acreditar que sozinhos podemos realizar a morte do ego. Na morte, nosso papel se limita a observar detalhadamente, estudar, compreender. Além disso, somente nos cabe pedir. Quem realiza a morte de fato é a Mãe Divina.
Em lugar de resistir ao desejo, deixemos sua dissolução com a Mãe Divina. A morte é atribuição dEla e não nossa. Apelemos ao seu poder, considernado-a como algo completamente distinto do nosso Eu e que atua de forma independente de nós mesmos, ainda que seja uma parte derivada do nosso próprio Ser.
Entendamos que a realização da morte é uma meta da Mãe Divina, que cabe a ela dissolver o ego. Deixemos a morte com Ela, a nós cabe a observação e compreensão.
O V.M. Samael diz que quando descobrimos um defeito devemos apelar à Mãe Divina sem demora, ou seja, imediatamente. Se você estiver obsessionado por um eu, separe-se dele, observe-o e peça por sua dissolução. Então você o verá enfraquecendo aos poucos. Não creia que somente através da compreensão poderá se livrar dos defeitos, das obsessões e tormentos interiores.
Concebamos a Mãe Divina como uma força atuante, totalmente distinta do ego, da mente e da personalidade, e também como algo que não é a essência, mas a chispa por trás dela. Nos relacionemos com Ela e aprendamos a amá-La.