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quarta-feira, 17 de março de 2010

Duas formas distintas de lidarmos com os pensamentos

Uma é a forma de tratarmos os pensamentos quando estamos buscando a Morte. Outra é a forma de tratá-los na meditação, quando queremos nos desvincular deles temporariamente. Uma coisa é escapar do ego para experimentar o que está mais além e outra coisa, muito diferente, é matá-lo. Não devemos confundir ambas as coisas.
Na meditação, não nos detemos pedindo pela eliminação dos defeitos que se manifestam sob a forma de pensamentos, posto que nossa meta é somente escaparmos deles por um tempo. O que buscamos nessa prática é separar a essência (o que temos de alma e de real dentro de nós) dos defeitos, o que se consegue rompendo-se toda identificação. Após nos posicionarmos e relaxarmos profundamente, o próximo passo é concentrar o pensamento e a atenção. Conforme a concentração avança, as identificações e fascinações são rompidas, as frações dispersas de essência se juntam e a atenção se intensifica e focaliza, enquanto o silêncio mental se aprofunda. Entretanto, isso não significa que as porções de essência que estejam enfrascadas em cada defeito sejam desenfrascadas. O que se passa é que porções de essência livre (desenfrascada portanto) porém adormecida, que vagueavam dispersas dentro do Ego (entre os defeitos e não dentro de cada defeito), nos diversos níveis sub/inconscientes, levam um choque, se unem e focalizam, como a luz de um laser. Este não é um processo de Morte dos defeitos. Portanto, na meditação, esquecemos dos defeitos completamente, não pensamos neles.
Se conseguimos um relativo silêncio mental e ainda assim não temos nenhuma revelação ou experiência espiritual, isso significa que nossa concentração não é plena, pois há ainda muitas partes da nossa essência livre (os três por cento) que estão perdidas nos níveis mais profundos, fascinadas em meio aos pensamentos submersos. Temos, então, que descer a esses níveis mais profundos e chamar a atenção dessas partes desatentas. Como se faz isso? Por meio do sono. Sem o sono, não é possível descer a esses níveis. Se não houver sono, ficaremos somente aqui fora, nos níveis mais superficiais.
Na concentração plena, todo o percentual de essência livre direciona sua atenção a um mesmo ponto. Se existirem partes da essência livre com atenção dispersa, fascinadas, a atenção não será plena. Portanto, a atenção plena somente se consegue quando se desce a níveis mais profundos e se "puxa" a atenção ao objeto que nos interessa. Entretanto, ninguém conseguirá descer e direcionar a atenção se não dispor do sono, pois o sono é a ferramenta que nos permite entrar nas regiões do inconsciente, onde estão as porções de essência livre distraída.
Quando toda a atenção estiver plenamente focada, então a concentração é perfeita e chegou a hora de saltar no vazio para cair além.
Na Morte, ao contrário, não almejamos simplesmente nos separar dos pensamentos, mas sim encarar e dissolver os defeitos que se manifestam no centro intelectual. Por isso é que os observamos em ação e suplicamos por sua morte. Aqui, o tratamento dado aos pensamentos é outro e é exatamente o mesmo tratamento que damos às manifestações do ego nos demais centros: observar e pedir pela desintegração.
Isso de tentar não sentir luxúria ao mesmo tempo em que se permite que pensamentos de luxúria distraiam a essência é um absurdo. Não existe tal coisa. Se permitirmos que os pensamentos distraiam nossa atenção, seremos incapazes de nos livrar de seus resultados nefastos. Por atenção entenda-se: essência livre, já que é dela que provém a atenção consciente e silenciosa no aqui e no agora.
O motivo pelo qual fracassamos tanto no combate à luxúria, bem como aos outros egos, é que não limpamos a mente continuamente. Permitimos, vez por outra, que a mente fique suja com imagens morbosas. Um pequeno instante de descuido é mais que suficiente para nos levar à fornicação, à masturbação e a outros problemas parecidos. Caímos porque não limpamos a mente em tempo integral. É claro que também não devemos descuidar de outros centros, mas a mente é fundamental, por ser estratégica. Manter a mente limpa é estratégico.
Quando olhamos para uma mulher e sentimos luxúria antes mesmo de emitir qualquer pensamento visível, tal reação resulta de uma forma de entender a situação, de encarar a mulher, de contemplar suas formas... e isso é algo, antes de tudo, mental! Neste caso, embora as imagens morbosas somente apareçam um pouco depois da reação nos outros centros (pois o centro intelectual é lerdo), elas existem em níveis submersos sob formas viciadas e tendenciosas de entendimento. A luxúria é uma forma (errônea) de entender o sexo, o amor e a mulher (ou o homem).

É importante, então, não esquecer que, tanto na meditação quanto na morte, rompe-se toda identificação com os pensamentos e não se permite que os mesmos fascinem a essência à vontade. Nos dois casos, se combate a fascinação e a distração.
Espero ter ajudado e boa sorte no caminho, meu irmão.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O hábito de olhar para o corpo feminino

O ato de olhar para certas partes do corpo das mulheres reforça tremendamente a luxúria no dia a dia.
Observando-nos, percebemos que antes de cometer o ato de olhar, sentimos o desejo incontrolável de fazê-lo. Este desejo não deve ser reprimido (sufocado) e nem tampouco satisfeito.
O desejo é sentido como emoção. Sufocando-a, iremos simplesmente represá-la até o ponto de explodir. O mais indicado é desbloqueá-la e observá-la "de fora" (sem identificação) em plena ação, captando suas facetas e detalhes, enquanto pedimos pela dissolução de cada um deles.
O bloqueio a ser removido é o bloqueio emocional.
Devemos observar o desejo agindo dentro de nós, porém sem permitir que ele se realize, pois isso irá fortificá-lo e nos escravizará ainda mais.
Então, se queremos dissolver a luxúria, não podemos permitir que este desejo de contemplar as formas femininas passe ao segundo nível, isto é, que se realize com o ato de observá-las.
Sem fazer nenhum esforço para sufocá-lo, pedimos por sua morte. Então ele enfraquecerá e não passará ao segundo nível, que é o nível da satisfação por meio da ação. Permanecerá no primeiro, que é o nível em que apenas sentimos o desejo mas não o realizamos na prática.
Esse vício de olhar para o corpo das mulheres é um grande problema e traz muito sofrimento.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O vicio da masturbação - algumas considerações

Apesar de ouvirmos por todas as partes que a masturbação é algo muito bom e saudável, nos atrevemos aqui a enfatizar a idéia contrária: a de que esta prática é um vício e nos prejudica física e espiritualmente. Sendo assim, é bom descobrir os meios de libertar alguém deste vício, tão elogiado pelos sexólogos. 

O ato da masturbação fortalece a luxúria de um modo geral e não somente os "eus" específicos de masturbação, embora estes últimos também sejam reforçados. O masturbador é alguém que se condicionou a excitar-se com imagens mentais eróticas. O conteúdo de suas fantasias varia imensamente e abrange a forma geral e ampla de sua luxúria. Por meio do ato masturbatório, o masturbador satisfaz seus desejos sexuais mais intensos, lhes dá vazão. Importa, portanto, àquele que quer libertar-se, observar o conteúdo de tais fantasias para conhecê-las.

A prática da Morte em Marcha deve operar-se muito antes da obsessão. As pequenas reações que impelem ao ato devem ser eliminadas o quanto antes. Tais reações provém dos íncubus/súcubus que obsessionam a mente do masturbador e vampirizam suas energias. Toda recordação, por menor que seja, deve ser retirada, pois a castidade se consegue por meio do esquecimento total. É por meio do pensar que se atrai elementos psíquicos funestos.

Uma vez que a pessoa esteja há vários dias sem cair novamente nesta prática, sentirá a força no órgão sexual impelindo-o à ejaculação. Deve, então, intensificar mais ainda a morte ou retornará ao ponto de partida. Para pular a oitava, isto é, dar um passo verdadeiro, é preciso ultrapassar as fases em que somos atraídos de volta. Entretanto, se a pessoa cair, não deve ficar preocupada e nem lamentar-se, pois todo crescimento espiritual é tortuoso. Dá-se vários passos para frente e em seguida alguns para trás. Os passos para trás são resultado natural dos ensaios e não são perdas totais: fica a experiência, a qual facilitará o avanço posterior.

O momento em que a pessoa cai nesta prática são os momentos em que a vigilância é esquecida: pode ser à noite, antes de dormir, de manhã, logo ao acordar, durante o banho etc.

Sabemos que não devemos reprimir os desejos, mas tampouco devemos satisfazê-los. É útil remover bloqueios emocionais e admitir tudo com a máxima sinceridade, para que a observação seja perfeita. Entretanto, quanto mais alguém satisfazer um defeito, tanto mais escravo do mesmo será. Deter-se "curtindo" (saboreando) um desejo ou suas imagens mentais, sob o pretexto de observar-se, é cair em um erro grave, que resulta em estancamento e até em retrocesso espiritual. O masturbador comete este erro, já que se compraz em contemplar imagens eróticas, seja na tela de sua mente, seja na tela de uma televisão ou nas folhas de uma revista. Aquele que quer libertar-se deste vício, deve retirar todos os canais que o alimentam.

Muitas vezes, o desejo do masturbador não é exatamente masturbar-se e sim satisfazer fantasias eróticas que gostaria de realizar concretamente mas não o consegue. O masturbador fantasia relações e práticas com mulheres que deseja ardentemente e lhe são inacessíveis. A masturbação é a realização virtual das metas sexuais inatingíveis e, portanto, dos desejos sexuais mais reprimidos e insatisfeitos. Sem afrontá-los, não é possível libertar-se.

Por trás do ato de masturbar-se, estão as fantasias eróticas específicas, as quais desempenham um papel preponderante no vício e sobre as mesmas é que importa operar. Os viciados que queiram libertar-se, necessitam enfraquecer e abandonar suas fantasias sexuais. Quem cultiva fantasias sexuais, jamais se libertará do vício masturbatório. Quando as fantasias sexuais deixam deixam de ser alimentadas e perdem força, o vício também se enfraquece. O caminho para se libertar desse vício tão nefasto é, portanto, deixar de alimentar as fantasias eróticas, fazendo com que elas enfraqueçam até desaparecerem.