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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Aprendendo a concentrar o pensamento

Muitas pessoas se confundem quando querem concentrar o pensamento, não sabem exatamente o que fazer. Outros confundem o ato de concentrar o pensamento com o ato de concentrar a atenção. Tentarei esclarecer esses pontos.

Usamos a voz interior para pensar porque usamos a voz exterior (física ou material) para significar o mundo. Entretanto, existem pensamentos também na ausência da voz (tagarelice) interior. Há pensamentos não tagarelantes e, não obstante, interiormente "sonoros" e interiormente "visuais", que são percebidos pela clariaudiência e clarividência residuais do ser humano. Podemos silenciar o aspecto "tagarelante" dos pensamentos e, ainda assim, continuarmos pensando por meio de representações visuais e auditivas, neste último caso correspondentes a sons distintos da fala humana. A imagem mental de um pássaro cantando, por exemplo, não apresenta tagarelice alguma e, mesmo assim, é um pensamento e contém representações sonoras e visuais.

O pensamento único desenvolvido na concentração não é, necessariamente, tagarelante. Em uma oração concentrada, pode haver uso da fala interior em estágios iniciais do desenvolvimento. Em estágios avançados, essa fala é abandonada.

O pensamento desenvolvido sobre um objeto, sem o recurso da fala interior mecânica, é a mesma imaginação consciente. Se estiver imaginando processos relacionados ao nascer e morrer de uma planta, não necessitaremos da fala, bastando-nos os sons da natureza e as visões dos processos.

Quando se diz que "imaginar é ver", está-se dizendo que, por meio da clarividência, podemos ver claramente e objetivamente as imagens interiores. Tais percepções se dão através dos sentidos internos.

Concentrar o pensamento é mantê-lo, sob a forma de uma corrente prolongada e duradoura, sobre um objeto. Quando nos concentramos, focamos primeiramente a atenção sobre o objeto. Em seguida, passamos a pensar nele e somente nele, não permitindo desvios do pensamento. A função do pensamento passa então a ser direcionada de forma consciente e voluntária.

O pensamento aleatório e disperso é o que se chama de "imaginação mecânica" ou "fantasia". Não nos interessa.

Quando nos concentramos em um objeto, fazemos passar por nossa mente tudo o que está contido nele (sua história, utilidade, constituição, seu futuro etc.). O fluxo contínuo e direcionado do pensamento subtrai a consciência do corpo físico e das exopercepções, desligando-a de tudo o que não seja o objeto e fixando-a em tudo o que seja aquele objeto. Então, conscientemente, pensamos somente naquilo.

Se somente concentrarmos a atenção em um objeto físico sensível e não fizermos mais nada, teremos iniciado o processo de concentração mas não o teremos concluído, pois ainda falta-nos direcionar e desenvolver o pensamento a respeito daquele objeto.

Uma vez que o pensamento esteja bem firme no objeto, podemos até ir mais longe e descartar esse pensamento único. Então cairemos no vazio.

O que é a concentração do pensamento

Concentrar o pensamento é pensar conscientemente em algo, em um tema, sem mesclar o pensamento com outros temas. Este é o pensamento único.

Pensar de forma concentrada é pensar conscientemente. Pensar conscientemente é pensar sabendo-se o que se está pensando e não pensar a esmo. O pensamento único é o pensamento dirigido, voluntariamente conduzido. Não é, necessariamente, o pensamento estático, mas é necessariamente único, dirigido, voluntário e consciente. É o pensamento voluntário que nos tira do corpo físico. Mas não o confundamentos com a simples teorização.

A prática da concentração apresenta dois aspectos distintos, que não foram muito diferenciados pelos V.V.M.M. por falta de perguntas dos discípulos. Um é o aspecto atencional e o outro é o aspecto pensamental ou imaginativo. A imaginação consciente, da qual nos falaram os mestres, corresponde ao segundo aspecto, sendo o próprio pensamento conscientemente dirigido.

O sono não se instala se os pensamentos simplesmente forem bloqueados, o que se instala sob tal condição é o conflito, o qual nos impede de adormecer. Quem quiser aprender a viajar conscientemente para os mundos paralelos, deve aprender a dormir sem permitir que seus pensamentos vaguem a esmo. O controle da função mental (pensamental ou imaginativa), é fundamental e corresponde ao primeiro degrau da escala da iniciação.

Uma coisa é concentrar o pensamento e outra é concentrar a atenção. São duas coisas distintas, apesar de relacionadas. Obviamente, a concentração do pensamento exige concentração da atenção, mas concentrar a atenção não implica, necessariamente, em concentrar o pensamento, visto que podemos concentrar a atenção nos movimentos, em processo externos etc. sem necessariamente pensar a respeito daquilo. Por outro lado, é impossível concentrar o pensamento sem concentrar sobre ele a atenção, pois uma tal tentativa resultaria em dispersão mental. Para que o pensamento seja conscientemente conduzido, necessita-se atenção plena sobre os seus rumos.

O pensamento conscientemente conduzido em torno de um objeto conduz ao sonho lúcido e do sonho lúcido podemos passar à viagem astral, tudo é questão de entrarmos nas regiões oníricas mantendo a consciência. E da viagem astral podemos passar à meditação.

Concentrar-se sem desejar

Concentrar é observar continuamente.

Observar não é esforçar-se. Observar é receber. A receptividade não é desespero, ansiedade, é entrega.

A observação pura, isenta de ansiedade e desejo de observar, tem um sabor, uma qualidade distinta da observação preocupada. Há que se aprender a observação pura, sem mescla alguma de ansiedade, preocupação, esforço ou desejo de observar. A observação pura, uma vez aprendida, pode ser prolongada.

O prolongamento (dharana = manter) da observação prescinde, igualmente, do esforço, da preocupação, do desespero, da ansiedade e do desejo de prolongamento. Na verdade, a observação pura prolongada e o desejo de conseguí-la são antagônicos.

Desejar concentrar-se é sabotar a prática.

Concentrar-se pelo esquecimento

Ao invés de fazer força para prender a atenção no objeto, empenhe-se em esquecer tudo o que não seja o objeto.

A atenção pura, sem interferência do esforço, é conseguida esquecendo-se tudo o que não seja o objeto. Ao esquecermos tudo o que não seja o objeto, somente ele restará no campo de consciência.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Não acreditar-se capaz de conjugar castidade com imaginações morbosas

As caídas (ejaculações) são sinais de que a luxúria invadiu e dominou a mente por algum aspecto.
Mais do que controlar a ejaculação, busquemos eliminar a luxúria. Eliminando a luxúria, as ejaculações desaparecem.
Quando estamos há muitos dias sem ejacular (e portanto cheios de energia) e permitimos que a mente seja invadida pela luxúria (pensamentos morbosos de infinitos tipos), nos esquecemos de tudo o que não seja o objeto sexual do desejo. A única meta passa a ser a satisfação do desejo.
Um importante segredo para não cairmos é este: limpar constantemente a mente de quaisquer traços de luxúria, mesmo após muito tempo (dias, meses ou anos) de castidade. Se, após um certo tempo, nos sentimos fortes e viris e nos acreditamos muito capazes de deter a ejaculação, pode dar-se o infeliz caso de acreditarmos que seremos capazes de "resistir" aos impulsos ejaculatórios da luxúria mesmo se dermos "asas à imaginação" sexual.
Um importante motivo pelo qual os neófitos e adeptos caem sexualmente é a crença de que poderão dar asas à imaginação luxuriosa (pensar em sexo) sem cair ne ejaculação. Trata-se de um erro ao qual são induzidos pelo Ego.
Se houvermos guardado a energia sexual por um certo tempo (horas, dias, meses ou anos, não importa!) e começarmos a dar asas à imaginação luxuriosa, inevitavelmente cairemos na ejaculação novamente, seja pela masturbação, seja pela fornicação.
Se os pensamentos morbosos desapareceram de sua mente, não seja ingênuo: eles poderão voltar a qualquer momento, ainda que tenham sumido há muito tempo. Continue vigiando sua mente.
Não se preocupe tanto com o número de ejaculações que tenha, preocupe-se em limpar a mente, a fala e as ações da luxúria. A castidade virá por acréscimo. De nada adianta tentar forçar a castidade se não se está limpando a mente, o verbo, a palavra, os gestos etc. Tal tentativa resultará em fracassos e neuroses, nada mais, além de muitas ejaculações deprimentes!
A mente é a guarida do desejo. É ali, na mente, que temos que combater o inimigo e vigiá-lo, mesmo que ele pareça já estar morto.
Não pense nas ejaculações que teve e nem se preocupe com elas. Apesar de nefastas, são meras consequências com as quais não vale a pena se ocupar. Esqueça-as. Concentre seu empenho em vigiar a mente. Lamentar-se pelas ejaculações é cultivar eus de sofrimento que mais tarde terão que ser eliminados. É também perder o tempo com o que não interessa: com os resultados indesejáveis. Mais sensato é ocupar-se com as causas do problema.