Se você não resistiu a um desejo e cometeu um ato que não gostaria de ter cometido (por ex. ejaculou seu precioso sêmen, seja fornicando ou se masturbando) isso ocorreu por você não ter matado o defeito correspondente bem antes que se tornasse um desejo obsessivo. Você alimentou o defeito, sem o perceber, com atos e pensamentos sutis, desprovidos de qualquer traço delituoso aparente.
Se fizer uma retrospectiva, poderá comprovar que muito antes de sentir o desejo propriamente dito, muitos pensamentos e ações inocente, porém de alguma forma relacionadas ao defeito em questão, te acometeram. Se você lhes aplicasse a morte em marcha nas primeiras fases de manifestação, a situação não teria evoluído na direção em que se desenvolveu.
É muito mais fácil eliminar um pensamento/ato inocente do que eliminar um ato fortemente motivado por desejo. Por tal razão a morte em marcha deve ser aplicada a todo momento, em qualquer traço psicológico que de algum modo alimente algum defeito. Agir assim é atingir o Ego em pontos estratégicos, ferindo-o de morte. Não queira medir forças com a legião, combatendo-a "em bruto", como diz o V.M.R. Se Davi houvesse tentado medir forças contra Golias, teria sido esmagado. Atinja a "têmpora" do Ego, seu ponto fraco e vital: os sutis canais de alimentação.
Muito antes de um desejo poderoso nos invadir, inocentes e sutis traços comportamentais, principalmente pensamentos, o alimentaram. Vigie-os, portanto. Eles são os detalhes do qual nos fala o V.M.R.
Quando, por descuido, já estamos identificados (invadidos ou obsessionados), temos que descobrir qual foi o detalhe que abriu as portas para tal estado:
"P - Porém, se a gente se identifica, por exemplo, deu-nos ira e nos identificamos, qualquer coisa...
V.M. - Temos que olhar o detalhe. Por que foi que lhe deu ira? No momento em que você sentiu esse impulso, aí mesmo deve apelar à Mãe Divina. Aí se corta a ação. Não se chega aos extremos." (V.M. Rabolú, p.140)
Se, em um dado momento, nos encontramos completamento perdidos de nós mesmos, identificados e dominados por um ego, é porque, momentos antes, permitimos que algum detalhe sutil se apoderasse de nossa máquina. O detalhe, ao invadir-nos, abriu as portas para outros egos mais poderosos, culminando na identificação plena com um defeito prejudicial.
Por regra, o ideal é antecipar-se, por meio da morte dos detalhes, a tais obsessões, o que consegue mediante uma observação rigorosa que capte o princípio das manifestações:
" P - Porém, existem eus muito fortes, por exemplo, o da ira, que nos podem sacudir.
V.M. - É que, olhe, a ira, vamos a um exemplo. Eu digo uma palavra ferina que incomodou a você. Tem um princípio. Foi por uma frase minha, ou uma ação minha que você se desgostou. Se você está alerta em si mesmo, quando você sente este desgosto, apele duma vez à Mãe Divina aí. Então não há nenhum problema.
P - O problema é não fazê-lo?
V.M. - Não fazê-lo, é claro. Se nesses momentos em que disse essa frase ou fui e fiz algo que não agradou a você, que se vê a ira, aí mesmo apelar à Mãe Divina, instantaneamente, já. Evita-se o problema com os demais, e tudo, e vai morrendo.
P - Para isso necessita-se estar sempre alerta.
V.M. - É que para poder trabalhar com estes detalhes, tem que se estar alerta em si mesmo, a nós não fica tempo de estar olhando o que o outro está fazendo. Se estamos aqui nesta reunião, como pode haver milhares numa reunião destas, nós não nos devemos identificar com as pessoas, senão sempre estar pondo cuidado em si mesmo, para ver que agregado está se manifestando nesses momentos. Não se descuidar de si; do contrário, perde-se o tempo.” (V.M. Rabolú, p. 147)
O princípio de cada manifestação egóica não será captado se não estivermos em alerta rigoroso, porém espontâneo. Nosso erro comum consiste em deixar que tais manifestações passem sem nada fazermos. Ao invés de agirmos logo de início, permitimos que as mesmas colham energia, se fortifiquem e nos dominem. É assim que nos tornamos escravos dos egos. A chave está no princípio das manifestações, no pequeno e insignificante começo. Temos que “bater” nos egos assim que eles comecem a brotar. A passividade resulta em posterior impotência.
Note-se que, em momento algum, o V.M. recomenda que se tente recalcar ou reprimir os detalhes. Ao contrário, a recomendação é que se o observe rigorosamente e se ore à primeira aproximação. Obviamente, observar e orar diferem de observar e reprimir.
Esse trabalho vale para todos os centros e não somente para um dos centros.
Referência:
V.M. Rabolú. A Águia Rebelde. São Paulo: Movimento Gnóstico Cristão Universal do Brasil na Nova Ordem, 1995.
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