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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Concentração: aquele que fala e aquele que observa


Dentro de você há aquele que pensa, que fala sem parar, e aquele que observa. Aquele, dentro de você, que observa é sua essência. Aquele que tagarela é sua mente. 

Quando nos dissociamos daquele que fala, experimentamos o silêncio. O silêncio interior provém do afastamento do ego tagarelante.

A mente é múltipla, a mente é um conjunto de muitas mentes. Não há portanto, um único pensador, mas milhares de pensadores dentro de nós, todos tagarelantes. 

Concentrar-se é esquecer: deixar para trás tudo o que não seja o lakshya, abandonar. 

Na concentração, não perdemos o tempo correndo atrás dos pensamentos e nem procurando-os para aquietá-los, simplesmente os deixamos de lado e permanecemos em nossa essência, contemplando o objeto que nos interessa. A essência presta atenção, recebe e não pensa.

O pensamento único não resulta da imposição de um pensamento sobre todos os outros, com o intuito de forçá-los a se aquietarem. O pensamento único é resultado do abandono dos múltiplos e variáveis pensamentos e da ocupação com apenas um único pensamento escolhido. Abandonamos os milhares de pensamentos quando deixamos de nos ocupar com eles, de nos entretermos prestando-lhes atenção.

Concentre-se com leveza, sem fazer esforços para concentrar-se. Apenas toque levemente os vários aspectos do tema. Não faça esforços para aprofundar a concentração, deixe que o aprofundamento ocorra por si mesmo.

Se a concentração atrapalhar o sono, isso indica que o praticante está ansioso por concentrar-se. A ansiedade por concentrar-se trava a prática.

Uma associação subconsciente entre concentração e contração provocará tensionamento. Veja a concentração como algo que tem a mesma natureza descontraída do relaxamento.

Concentrar a atenção e concentrar o pensamento não são a mesma coisa, mas são indissociáveis e intimamente relacionados. Não é possível concentrar o pensamento se a atenção não estiver focada. 

O observador silencioso (nossa alma ou essência) contempla aquilo que lhe interessa. O observador silencioso recebe e compreende. Em silêncio, o observardor contemplará o desenvolvimento do pensamento único, percebendo inclusive os sons internos que possam acompanhá-lo.