Não é muito fácil observar os detalhes do Ego em ação. Eles surgem de forma inesperada e, por causa de sua sutileza, passam sem serem notados. A natureza sutil dos detalhes os torna difíceis de serem enxergados, a menos que os observemos intencionalmente.
Nos cinco centros da máquina se processam sutis manifestações do Ego ao longo de todo o dia. Normalmente, não as vemos por serem manifestações pequenas (leves), o que nos leva a considerá-las sem importância.
A natureza sutil dos detalhes é o seu meio de disfarce. Entenda-se por "natureza sutil" o caráter leve, tênue e fraco de uma manifestação. Uma manifestação sutil é o oposto de uma manifestação grosseira, pesada, densa e facilmente visível. Como nosso sentido de auto-observação está atrofiado, enxergamos as manifestações do Ego somente quando são violentas e estão causando um grande estrago.
Dito de outra maneira, as manifestações sutis são as manifestações pequenas e as grosseiras são as manifestações grandes.
As manifestações leves acontecem centenas de vezes durante o dia. Temos o hábito de focar a atenção somente nas manifestaçõeos violentas e, ocupados com estas, não vemos as manifestações leves, as negligenciamos.
Uma manifestação leve quase não provoca mal estar algum, quase não é sentida. Não obstante, fornece alimento para as violentas manifestações de egos maiores.
Cada detalhe é um pequeno ego, uma pequena faceta. Vejamos exemplos: uma leve irritação com algo ou alguém, daquelas que quase não se sente, é um detalhe; uma leve excitação sexual, daquelas que quase não nos alteram, é outro detalhe.
Em todos os cinco centros ocorrem manifestações leves dos nossos defeitos.
No centro intelectual é comum que ocorram pensamentos que parecem desvinculados de qualquer defeito e aparentam ser inofensivos, mas que na verdade alimentam vários egos grosseiros e perigosos. Pequenas atuações do Ego neste centro surgem a todo momento durante o dia e não lhes damos importância, por nos parecerem bobagem.
No centro motor ocorrem, a todo momento, certos movimentos e atos que desprezamos por considerá-los inofensivos e não relacionados a defeito algum. Tais atuações na verdade estão fornecendo energia para egos perigosos e grosseiros. Movimentos rápidos, por exemplo, alimentam o defeito da pressa.
No centro emocional, os detalhes podem ser percebidos como pequenas flutuações nas emoções, leves alterações emocionais, tais como irritações, tristezas e empolgações sutis.
No centro instintivo, os veremos como sutis alterações nas funções biológicas do corpo físico (respiração, excreção, sono, alimentação etc.)
No centro sexual, os detalhes correspondem a sutis excitações, ereções e sensações morbosas na região correspondente, que normalmente não são percebidos.
Em qualquer caso, o detalhe será percebido como uma alteração leve no centro correspondente, jamais será uma manifestação violenta, pois o roubo de energia que realiza é pequeno.
Não devemos reprimir um detalhe. Melhor é observá-lo sem identificação e pedirmos por sua morte. O seu enfraquecimento será, então, espontâneo, desde que não voltemos a nos identificar com ele. Caso nos identifiquemos, o mesmo ressurgirá, ressucitará. A tática é: separar-se, observar e pedir.
Temos que aprender a diferenciar uma manifestação grosseira de uma manifestação sutil. Uma manifestação grosseira é violenta, é aquela contra a qual lutamos continuamente: o desejo bruto de fornicar, de agredir alguém, de comprar coisas inúteis, de comer em exagero. Essas manifestações são realmente perigosas. Uma manifestação sutil é leve, provoca pouca alteração e não representa um perigo imediato, embora forneça energia aos elementos psíquicos mais perigosos e detestáveis. O segredo da Morte está em eliminar as manifestações sutis. E o segredo de tal eliminação está na observação dos centros.
Quem não observa os centros, não percebe as alterações leves e é incapaz de eliminá-las.