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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Morte do Ego: o controle dos sentidos e da imaginação

(Perdoem pelo texto mal escrito, mas ainda não tive tempo de revisá-lo e elaborá-lo. Pretendo fazer isso assim que for possível)

Muitos estudantes tentam deter os processos de alimentação dos desejos e emoções inferiores mas fracassam por não manejarem corretamente a consciência. Em uma conferência intitulada "A Necessidade de Mudar a Nossa Forma de Pensar", o V.M.S. explicou sobre esse pormenor:

"Acaso vocês refletiram sobre o que é a consciência? Com que poderíamos compará-la? A um raio de luz que se pode dirigir a uma parte ou outra, isso é óbvio. Devemos aprender a colocar a consciência onde deve ser colocada. Onde estiver a consciência, ali estaremos nós."

Portanto, está claro, aqui, que a consciência é algo análogo ao feixe de luz de um holofote ou ao foco luminoso de uma lanterna. Esta é a mesma concepção defendida pelo filósofo Baars.

Focar a consciência é direcionar a atenção. A atenção, por sua vez, depende da percepção consciente, a qual está subordinada aos sentidos. Se quero direcionar minha consciência, tenho que controlar minhas percepções e, por extensão, meus sentidos. Onde estiverem meus sentidos, ali estarão minhas percepções e minha consciência (lembrando que, além dos cinco sentidos externos, temos as percepções e os sentidos internos). Direcionar a consciência é o mesmo que direcionar a atenção.

Quando a consciência é direcionada a algo, ela passa a agir sob a influência daquilo. Os egos submetem a consciência e a focalizam nos objetos dos seus desejos:

"A consciência é algo que devemos aprender a colocar inteligentemente onde deve ser colocado. Se colocarmos nossa consciência em um bar, ela agirá em virtude do bar. Se a colocarmos em uma casa de prostituição, ali estará e, se a colocarmos em um mercado, teremos um bom ou mau negociante. A consciência está, desgraçadamente, aprisionada. Um eu de luxúria poderá levá-la a uma casa de prostituição. Um eu de bebedeira poderá carregá-la para um bar. Um eu cobiçoso levar-nos-á a um mercado. Um eu assassino nos levará à casa de algum inimigo etc."

Em outras palavras, se focarmos a consciência em coisas mundanas, estaremos nos identificando com aquilo. O simples fato de contemplarmos uma cena pornográfica, de terror ou conflito já é mais que suficiente para que defeitos correspondentes comecem a se nutrir.

O manejo da consciência é importante para despertá-la: 

"A vocês parece, acaso, correto não saber manejar a consciência? Tenho entendido que é absurdo levá-la a lugares onde não deve estar, isso é óbvio. Desgraçadamente, nossa consciência está engarrafada, aprisionada entre distintos elementos não humanos que carregamos em nosso interior."

"Assim, precisamos nos tornar donos de nossa própria consciência, colocá-la onde deve ser colocada, situá-la onde deve situar-se, aprender a pô-la em um lugar e aprender a retirá-la. É um dom maravilhoso, porém é um dom que não é usado sabiamente. (...) O único digno, o único real o que vale a pena em nós, é a consciência, porém está adormecida, não a sabemos manejar. Os agregados psíquicos levam-na para onde querem. Realmente não sabemos usá-la e isso é lamentável. Se queremos uma transformação, uma mudança de base, devemos também ir aprendendo o que é isso que se chama consciência."

Quem quer despertar a consciência tem que aprender a não identificar-se com os eventos dos quais alemja libertar-se. Mas não será possível romper com a identificação se permitirmos que nossa consciência se prenda a esses fatos e isso acontece quando perdemos o tempo prestando atenção ao que não devemos. Se prendo minha atenção a cenas pornográficas, obrigatoriamente estarei fortificando a luxúria, ainda que acredite no contrário. A crença de que é possível "olhar sem se identificar" é absurda pois o simples fato de direcionarmos a atenção já assinala a manifestação de um desejo, o qual colhe energia com o ato e nos escraviza ainda mais. Se prendo minha atenção a cenas de terror ou amendrotadoras, obrigatoriamente fortificarei o medo. Se me entretenho percebendo cenas de brigas, estarei me identificando com as mesmas e fortificando a ira. 

O que se passa é que, para nós, adormecidos, não é possível contemplar sem identificação aquilo que nos afeta. Se algo nos afeta, positiva ou negativamente, obrigatoriamente iremos nos identificar com aquilo ao contemplá-lo. Portanto, o primeiro passo é romper com a identificação, o que se consegue quando aprendemos a controlar os indryas (sentidos) e deixamos de direcionar a percepção para aquilo que nos altera, perturba ou afeta. Com isso, rompemos a identificação e começamos a deixar de alimentar os defeitos correspondentes.

Se nos deparamos com uma briga e sentimos uma certa vontade de contemplá-la, tal vontade já é o princípio da identificação e da alimentação de alguns defeitos envolvidos. Caso cedamos ao impulso, estaremos nos identificando e fornecendo energia a tais defeitos.

Além de controlar os cinco sentidos externos para não percebermos aquilo que nos afeta ou perturba, temos que aprender a controlar também o sentido interno de percepção psicológica que nos leva a contemplar mentalmente imagens relacionadas a cenas perturbadoras. Contemplar algo com a imaginação tem um efeito análogo a contemplá-lo fisicamente. Se fico imaginando cenas perturbadores, contemplando-as na tela de minha mente, estarei me identificando e fortificando os defeitos do mesmo modo que o faria se os estivesse contemplando fisicamente. 

Os motivos pelos quais gostamos de contemplar com a imaginação cenas que nos afetam, perturbam ou alteram podem ser vários. No caso da luxúria, o fazemos porque sentimos um prazer morboso. No caso do medo, o fazemos porque cremos ser útil ou importante. No caso da ira, porque consideramos necessário e até satisfatório. E em todos esses casos as crenças são falsas e enganosas, já que a contemplação mental ou imaginativa dos fatos dos quais almejamos nos libertar nos torna ainda mais escravos. Quem quer se libertar de algo não pode aprisionar ali sua atenção, tem que abandoná-lo, deixá-lo para trás.

Ao contemplarmos algo, seja com as percepções físicas ou com a percepção interna, nos sujeitamos às suas influências. Contemplar com as percepções físicas é ver, ouvir, tocar, cheirar, degustar. Contemplar com a percepção interna é imaginar ou pensar (o pensamento é uma das funções da imaginação). O ideal é mantermos na consciência aquilo que nos eleva, dignifica e nos torna sáttwicos. Devemos nos colocar sob influências que nos melhorem e não sob influências que nos rebaixem e piorem. Ao invés de conflitarmos com os acontecimentos maus e com os pensamentos maus, os quais são teimosos, melhor é efetuarmos uma substituição. Preenchamos a mente e a consciência com aquilo que nos faz bem e não haverá espaço para o mal em nossas vidas.

Se você recebe uma carta de alguém te ofendendo, não leia, nem sequer abra (ou leia somente a primeira linha para se certificar do que se trata). Não perca tempo correndo atrás dos mexericos e fofocas que dizem sobre você. Abandone-os, deixe-os para trás. Evite, ao máximo, relacionar-se com o lado mau das pessoas. 

Se queremos desenvolver a essência, temos que aprender a isolá-la pois, sob a influência da vida tal como sempre a tivemos, ela não se desenvolve e pode até mesmo se perder com o tempo. 

Concentração - aspectos a serem aprendidos ou dominados

Segue abaixo uma lista de qualidades do poder da concentração para orientar o praticante que queira exercitá-lo:
  1. Deixar-se preencher pelas emoções superiores proporcionadas pelo objeto ou lakshya (aviso importante: evitar objetos que rebaixem nossas emoções);
  2. Imaginar o objeto com gentileza e naturalidade, sem fazer esforços para mantê-lo no pensamento e no campo da imaginação;
  3. Imaginar silenciosamente, sem utilizar o recurso da fala mental;
  4. Manter a consciência no instante presente da prática;
  5. Ver o objeto por meio da imaginação, com os olhos fechados;
  6. Imaginar os detalhes da forma física do objeto ou "como está feito" (V.M.R);
  7. Imaginar as matérias e substâncias que compõem do objeto ou "de que está feito" (V.M.R.);
  8. Imaginar as formas de utilização do objeto ou "para que está feito" (V.M.R.);
  9. Imaginar o funcionamento do objeto ou "como funciona" (V.M.R.);
  10. Imaginar o objeto desde várias perspectivas (tentar vê-lo de cima, de baixo, dos lados);
  11. Imaginar com lentidão e sem pressa, demorando-se em cada aspecto do objeto;
  12. Escutar interiormente os sons que o objeto emite;

Os aspectos acima devem ser exercitados aos poucos, de forma organizada e didática, e o maior número de vezes possível.