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domingo, 13 de março de 2011

Os bloqueios ao Ego e a morte verdadeira

Há uma diferença entre bloquear e enfraquecer. Bloquear algo é barrá-lo, sem necessariamente retirar-lhe ou diminuir-lhe a força. Enfraquecer é retirar a força, despotenciar.

Quando retiramos gradativamente a força de algo, um ser vivo por exemplo, o tornamos cada vez mais inativo. Ao torná-lo inativo, não há necessidade de bloqueá-lo. Não é necessário bloquear aquilo que foi enfraquecido.

Bloquear é represar, como se faz com um rio: coloca-se um dique, mas não se diminui sua força. O dique deve ser cada vez mais reforçado e, à medida que o rio enche, sua força aumenta e a tensão também. Se o homem dispusesse de um meio para retirar a força com que um rio flui, represá-lo tornar-se-ia desnecessário: o rio deixaria de fluir a partir de um determinado ponto. A força que impele o rio é a força da gravidade, pois ele quer descer através do relevo, a água sempre procura as regiões mais baixas. Quando represamos um rio, aumentamos e força com que ele se opõe à barragem ao invés de diminuí-la, pois mais quantidade de água se acumula, pressionando mais. Em uma enchente violenta e anormal, a barragem se rompe, caso não se abram as comportas...

Com o ego, é algo igual. A maioria das pessoas represam desejos que consideram errôneos ou prejudiciais, aumentando sua força progressivamente, até que os mesmos rompam violentamente suas defesas. Esse foi um erro de muitos estudantes gnósticos: confundiram a verdadeira morte do ego com bloqueios de suas manifestações.

Quando enfraquecemos realmente um defeito, não necessitamos bloqueá-lo ou reprimi-lo, pois seus ataques são cada vez mais fracos. Aqueles que estão bloqueando seus desejos são justamente os que os possuem mais vivos e poderosos. Se esses estudantes querem a Morte verdadeira, devem corrigir o erro, aprendendo a enfraquecer o ego progressivamente.

Barrar ou bloquear o Eu é uma forma de auto-engano e de simulação da Morte verdadeira. Quem está barrando não está morrendo, está fingindo para si mesmo e para os demais.

Barrar, bloquear, reprimir, resistir e recalcar os impulsos são uma só coisa. Quem, dentro de nós, reprime os defeitos? Outros defeitos contrários. O bloqueio é um mecanismo do ego para continuar existindo.

Enfraquecer progressivamente os impulsos prejudiciais equivale a começar matá-los para transformá-los em impulsos favoráveis e beneficiantes. Quem, dentro de nós, enfraquece e mata os impulsos egóicos, que são irrefletidos e condicionados? A MÃE DIVINA! Não somos nós que os enfraquecemos e matamos e sim Ela. O indivíduo repressor de si mesmo despreza a Mãe Divina e tenta vencer o Mim Mesmo sozinho, sem recorrer à Força Superior. O resultado é o fracasso e a loucura.

Por que temos tendência de reprimir? Por que acreditamos que isso seja uma forma de enfraquecer e de matar o desejo e porque temos .medo de fortificá-lo caso removamos os bloqueios. Não nos damos conta de que, por tal mecanismo, o fortificamos, do mesmo modo que o fazemos quando nos entregamos ao desenfreio. Temos aprendido a resistir e a reprimir desde a infância, pela religião, pela cultura e pela moral, e agora nos condicionamos a isso.

Há então dois pólos, dois extremos: resistir e satisfazer. Temos que transcender esse par de opostos. Por um lado, identificar-se e satisfazer o Ego o nutre e o fortifica, por outro lado, reprimi-lo o represa até o ponto da explosão.

Remover a repressão não significa cair no desenfreio, na entrega à satisfação. Significa tão somente deixar de opor um desejo a outro desejo. Reprimir ou bloquear é tentar combater um ego com um ego contrário. É por isso que as repressões geram doenças emocionais, como vimos em muitos estudantes de Gnosis. E a culpa não é da Gnosis, mas sim da cultura repressora em que vivemos. Todas as culturas humanas adotam proibições, que não são mais que mecanismos repressores instituídos. A repressão não é algo restrito aos meios religiosos, a encontramos em qualquer grupo de seres humanos.

Quem imagina que remover os bloqueios é entregar-se ao desenfreio da satisfação está equivocado, pois são duas coisas completamente distintas. Não devemos alimentar nenhum dos dois lados, nenhum dos dois pólos. Em um dado momento, temos que eliminar tanto o Eu que resiste e reprime quanto o Eu que quer satisfazer-se. Não devemos tomar partido do Ego, de nenhum lado. Fiquemos fora da polaridade e nos guiemos unicamente pela compreensão.

Em em mecanismo qualquer de repressão, sempre estarão envolvidos dois egos, ou grupos de egos, opostos. Um eu reprime o eu contrário e gera uma tensão interior, que será tanto mais violenta quanto maior for a força empregada na repressão.

O eu que teme os resultados nefastos da fornicação e cobiça as benesses da castidade tenta reprimir o eu que deseja fornicar. Optar por um dos egos não irá resolver. Temos que observar e eliminar ambos. Se satisfazermos o eu repressor, o eu fornicário continuará existindo, ocultamente, e nos atormentando de múltiplas maneiras. Se satisfazermos o eu fornicário, por outro lado, nos tornaremos mais escravos de seus impulsos, ao mesmo tempo em que o eu repressor continuará nos atormentando com sua culpa. Não há felicidade em nenhum dos dois.

Como superar o vício condicionado da repressão? Observando e pedindo pela morte dos elementos psíquicos repressores, bem como dos seus contrários.

Como fazemos para eliminar ambos os pólos? Por meio da conhecida didática de observar e pedir, sem identificação.

Diante de um desejo qualquer, o indicado não é bloqueá-lo e sim nos dissociarmos. Dissociar-se do defeito é separar-se do mesmo, observá-lo de fora, como um elemento estranho. É romper com a identificação. Aí está o segredo.

Ao rompermos com a identificação, não reprimimos e nem tampouco alimentamos o inimigo interior. Como rompemos com a identificação? Primeiramente, nos recordamos de nós mesmos, saindo da fascinação. A fascinação é a forma pela qual os egos nos roubam a consciência. Romper com a fascinação é encontrar o caminho do meio. O caminho do meio, entre ambos os pólos prejudiciais, encontra-se na ruptura com a fascinação. Não fascinar-se é entrar por esta porta.

Entramos pela porta correta quando rompemos com a identificação e passamos a olhar os defeitos de fora, como algo alheio a nós, completamente distintos do Ser. É aí que se encontra a chave para não reprimirmos e nem tampouco fortificarmos.

Então, que se entenda corretamente:

1. Quando nos recordamos de nós mesmos (de nosso verdadeiro Ser, manifestado sob a forma de nossa essência), rompemos com a fascinação;

2. Quando rompemos com a fascinação, rompemos com a identificação;

3. Quando rompemos com a identificação, passamos a ver o defeito de fora, como algo alheio (do mesmo modo como o faríamos com o defeito de uma outra pessoa);

4. Quando vemos nosso defeito como algo alheio, podemos então observá-lo cada vez com mais clareza, compreendendo-o cada vez mais;

5. Ao observarmos os defeitos em ação, percebemos suas facetas, seus detalhes, suas múltiplas formas de agir e de se alimentar;

6. Ao percebermos as facetas, pedimos imediatamente por sua morte à Mãe Divina.

A Mãe Divina é que conclui a tarefa de eliminar um ego.

Um ego jamais eliminará outro. O eu da mansidão não eliminará o eu da ira, o eu da castidade não eliminará o eu da fornicão, os eus gnósticos não eliminarão o homem mundano e inferior que existe dentro de nós. Somente a Mãe Divina pode matar o Ego.

Temos que entender o que é "identificar-se". A palavra "identificar" significa encontrar. Identificar-se com algo é confundir-se com aquilo, é encontrar-se ali. Identificar-se com um ego é considerá-lo como parte de nosso Ser, o que é um erro, uma visão falsa e equivocada, pois o Ego e o Ser são opostos e incompatíveis.

O segredo para não cairmos na repressão e nem tampouco no desenfreio é não nos identificarmos com nenhum dos dois lados.

Se você quiser um alívio na sua alma, deve entrar por esta porta do meio. Não perca tempo fazendo esforços inúteis para reprimir, faça esforços corretos para não se identificar. Separe-se dos seus desejos, pensamentos, movimentos, emoções e instintos e passe a observá-los conscientemente. Contemplação é a verdadeira natureza do Ser. Não tente conter seus impulsos, apenas os observe conscientemente e peça pela Morte. Quanto mais se disciplinar nesse sentido, mais feliz ficará. Busque uma disciplina de ferro nesse sentido.

Em suma, disciplinar-se para resistir aos desejos é diminuir a compreensão dos mesmos. É muito melhor aprender a manter corretamente a atenção pura, livre de qualquer tensão ou preocupação.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Formas de nutrir a luxúria

Você estará nutrindo a luxúria quando:
  • ver películas pornográficas
  • contar piadas pornográficas
  • usar palavras de duplo sentido
  • ficar pensando em lindas mulheres nuas
  • dar asas às fantasias sexuais
  • imaginar-se realizando tudo o que deseja com as mulheres que mais deseja
  • buscar situações que promovam excitação sexual cada vez maior
  • imaginar como seria experimentar práticas sexuais que nunca experimentou
  • imaginar situações em que suas fantasias sexuais fossem satisfeitas
  • manter conversas mórbidas
  • ficar olhando para as bundas e peitos das mulheres
  • tentar ver a calcinha das mulheres por baixo das saias
  • tentar enxergar a silueta corporal delas através de vestidos transparentes
  • lançar cantadas
  • elogiá-las sem necessidade alguma
  • agradá-las sem necessidade alguma
  • contemplá-las
  • ficar lembrando da mulher desejada
  • buscar situações que te deixem sexualmente excitado
Esses são alguns detalhes e correspondem a apenas alguns exemplos de como damos energia ao complexo da luxúria. Há muitíssimos outros mais no cotidiano, que podemos capturar com a auto-observação.

Normalmente, são manifestações inconscientes, isto é, acontecem em baixo do nosso nariz mas não as vemos. Com a auto-observação passamos a vê-las e as descobrimos progressivamente.

Temos que aplicar a morte em marcha em tais manifestações, sem reprimi-las.

Identificá-las e reprimi-as não adiantará nada. Ao invés de reprimi-las, peça pela morte à Mãe Divina e observe os efeitos acontecerem. Você as verá enfraquecendo.

Postem outras formas aqui.