Pensar de forma concentrada é pensar conscientemente. Pensar conscientemente é pensar sabendo-se o que se está pensando e não pensar a esmo. O pensamento único é o pensamento dirigido, voluntariamente conduzido. Não é, necessariamente, o pensamento estático, mas é necessariamente único, dirigido, voluntário e consciente. É o pensamento voluntário que nos tira do corpo físico. Mas não o confundamentos com a simples teorização.
A prática da concentração apresenta dois aspectos distintos, que não foram muito diferenciados pelos V.V.M.M. por falta de perguntas dos discípulos. Um é o aspecto atencional e o outro é o aspecto pensamental ou imaginativo. A imaginação consciente, da qual nos falaram os mestres, corresponde ao segundo aspecto, sendo o próprio pensamento conscientemente dirigido.
O sono não se instala se os pensamentos simplesmente forem bloqueados, o que se instala sob tal condição é o conflito, o qual nos impede de adormecer. Quem quiser aprender a viajar conscientemente para os mundos paralelos, deve aprender a dormir sem permitir que seus pensamentos vaguem a esmo. O controle da função mental (pensamental ou imaginativa), é fundamental e corresponde ao primeiro degrau da escala da iniciação.
Uma coisa é concentrar o pensamento e outra é concentrar a atenção. São duas coisas distintas, apesar de relacionadas. Obviamente, a concentração do pensamento exige concentração da atenção, mas concentrar a atenção não implica, necessariamente, em concentrar o pensamento, visto que podemos concentrar a atenção nos movimentos, em processo externos etc. sem necessariamente pensar a respeito daquilo. Por outro lado, é impossível concentrar o pensamento sem concentrar sobre ele a atenção, pois uma tal tentativa resultaria em dispersão mental. Para que o pensamento seja conscientemente conduzido, necessita-se atenção plena sobre os seus rumos.
O pensamento conscientemente conduzido em torno de um objeto conduz ao sonho lúcido e do sonho lúcido podemos passar à viagem astral, tudo é questão de entrarmos nas regiões oníricas mantendo a consciência. E da viagem astral podemos passar à meditação.
Concentrar-se sem desejar
Concentrar é observar continuamente.
Observar não é esforçar-se. Observar é receber. A receptividade não é desespero, ansiedade, é entrega.
A observação pura, isenta de ansiedade e desejo de observar, tem um sabor, uma qualidade distinta da observação preocupada. Há que se aprender a observação pura, sem mescla alguma de ansiedade, preocupação, esforço ou desejo de observar. A observação pura, uma vez aprendida, pode ser prolongada.
O prolongamento (dharana = manter) da observação prescinde, igualmente, do esforço, da preocupação, do desespero, da ansiedade e do desejo de prolongamento. Na verdade, a observação pura prolongada e o desejo de conseguí-la são antagônicos.
Desejar concentrar-se é sabotar a prática.
Concentrar-se pelo esquecimento
Ao invés de fazer força para prender a atenção no objeto, empenhe-se em esquecer tudo o que não seja o objeto.
A atenção pura, sem interferência do esforço, é conseguida esquecendo-se tudo o que não seja o objeto. Ao esquecermos tudo o que não seja o objeto, somente ele restará no campo de consciência.