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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Aprendendo a concentrar o pensamento

Muitas pessoas se confundem quando querem concentrar o pensamento, não sabem exatamente o que fazer. Outros confundem o ato de concentrar o pensamento com o ato de concentrar a atenção. Tentarei esclarecer esses pontos.

Usamos a voz interior para pensar porque usamos a voz exterior (física ou material) para significar o mundo. Entretanto, existem pensamentos também na ausência da voz (tagarelice) interior. Há pensamentos não tagarelantes e, não obstante, interiormente "sonoros" e interiormente "visuais", que são percebidos pela clariaudiência e clarividência residuais do ser humano. Podemos silenciar o aspecto "tagarelante" dos pensamentos e, ainda assim, continuarmos pensando por meio de representações visuais e auditivas, neste último caso correspondentes a sons distintos da fala humana. A imagem mental de um pássaro cantando, por exemplo, não apresenta tagarelice alguma e, mesmo assim, é um pensamento e contém representações sonoras e visuais.

O pensamento único desenvolvido na concentração não é, necessariamente, tagarelante. Em uma oração concentrada, pode haver uso da fala interior em estágios iniciais do desenvolvimento. Em estágios avançados, essa fala é abandonada.

O pensamento desenvolvido sobre um objeto, sem o recurso da fala interior mecânica, é a mesma imaginação consciente. Se estiver imaginando processos relacionados ao nascer e morrer de uma planta, não necessitaremos da fala, bastando-nos os sons da natureza e as visões dos processos.

Quando se diz que "imaginar é ver", está-se dizendo que, por meio da clarividência, podemos ver claramente e objetivamente as imagens interiores. Tais percepções se dão através dos sentidos internos.

Concentrar o pensamento é mantê-lo, sob a forma de uma corrente prolongada e duradoura, sobre um objeto. Quando nos concentramos, focamos primeiramente a atenção sobre o objeto. Em seguida, passamos a pensar nele e somente nele, não permitindo desvios do pensamento. A função do pensamento passa então a ser direcionada de forma consciente e voluntária.

O pensamento aleatório e disperso é o que se chama de "imaginação mecânica" ou "fantasia". Não nos interessa.

Quando nos concentramos em um objeto, fazemos passar por nossa mente tudo o que está contido nele (sua história, utilidade, constituição, seu futuro etc.). O fluxo contínuo e direcionado do pensamento subtrai a consciência do corpo físico e das exopercepções, desligando-a de tudo o que não seja o objeto e fixando-a em tudo o que seja aquele objeto. Então, conscientemente, pensamos somente naquilo.

Se somente concentrarmos a atenção em um objeto físico sensível e não fizermos mais nada, teremos iniciado o processo de concentração mas não o teremos concluído, pois ainda falta-nos direcionar e desenvolver o pensamento a respeito daquele objeto.

Uma vez que o pensamento esteja bem firme no objeto, podemos até ir mais longe e descartar esse pensamento único. Então cairemos no vazio.

O que é a concentração do pensamento

Concentrar o pensamento é pensar conscientemente em algo, em um tema, sem mesclar o pensamento com outros temas. Este é o pensamento único.

Pensar de forma concentrada é pensar conscientemente. Pensar conscientemente é pensar sabendo-se o que se está pensando e não pensar a esmo. O pensamento único é o pensamento dirigido, voluntariamente conduzido. Não é, necessariamente, o pensamento estático, mas é necessariamente único, dirigido, voluntário e consciente. É o pensamento voluntário que nos tira do corpo físico. Mas não o confundamentos com a simples teorização.

A prática da concentração apresenta dois aspectos distintos, que não foram muito diferenciados pelos V.V.M.M. por falta de perguntas dos discípulos. Um é o aspecto atencional e o outro é o aspecto pensamental ou imaginativo. A imaginação consciente, da qual nos falaram os mestres, corresponde ao segundo aspecto, sendo o próprio pensamento conscientemente dirigido.

O sono não se instala se os pensamentos simplesmente forem bloqueados, o que se instala sob tal condição é o conflito, o qual nos impede de adormecer. Quem quiser aprender a viajar conscientemente para os mundos paralelos, deve aprender a dormir sem permitir que seus pensamentos vaguem a esmo. O controle da função mental (pensamental ou imaginativa), é fundamental e corresponde ao primeiro degrau da escala da iniciação.

Uma coisa é concentrar o pensamento e outra é concentrar a atenção. São duas coisas distintas, apesar de relacionadas. Obviamente, a concentração do pensamento exige concentração da atenção, mas concentrar a atenção não implica, necessariamente, em concentrar o pensamento, visto que podemos concentrar a atenção nos movimentos, em processo externos etc. sem necessariamente pensar a respeito daquilo. Por outro lado, é impossível concentrar o pensamento sem concentrar sobre ele a atenção, pois uma tal tentativa resultaria em dispersão mental. Para que o pensamento seja conscientemente conduzido, necessita-se atenção plena sobre os seus rumos.

O pensamento conscientemente conduzido em torno de um objeto conduz ao sonho lúcido e do sonho lúcido podemos passar à viagem astral, tudo é questão de entrarmos nas regiões oníricas mantendo a consciência. E da viagem astral podemos passar à meditação.

Concentrar-se sem desejar

Concentrar é observar continuamente.

Observar não é esforçar-se. Observar é receber. A receptividade não é desespero, ansiedade, é entrega.

A observação pura, isenta de ansiedade e desejo de observar, tem um sabor, uma qualidade distinta da observação preocupada. Há que se aprender a observação pura, sem mescla alguma de ansiedade, preocupação, esforço ou desejo de observar. A observação pura, uma vez aprendida, pode ser prolongada.

O prolongamento (dharana = manter) da observação prescinde, igualmente, do esforço, da preocupação, do desespero, da ansiedade e do desejo de prolongamento. Na verdade, a observação pura prolongada e o desejo de conseguí-la são antagônicos.

Desejar concentrar-se é sabotar a prática.

Concentrar-se pelo esquecimento

Ao invés de fazer força para prender a atenção no objeto, empenhe-se em esquecer tudo o que não seja o objeto.

A atenção pura, sem interferência do esforço, é conseguida esquecendo-se tudo o que não seja o objeto. Ao esquecermos tudo o que não seja o objeto, somente ele restará no campo de consciência.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Não acreditar-se capaz de conjugar castidade com imaginações morbosas

As caídas (ejaculações) são sinais de que a luxúria invadiu e dominou a mente por algum aspecto.
Mais do que controlar a ejaculação, busquemos eliminar a luxúria. Eliminando a luxúria, as ejaculações desaparecem.
Quando estamos há muitos dias sem ejacular (e portanto cheios de energia) e permitimos que a mente seja invadida pela luxúria (pensamentos morbosos de infinitos tipos), nos esquecemos de tudo o que não seja o objeto sexual do desejo. A única meta passa a ser a satisfação do desejo.
Um importante segredo para não cairmos é este: limpar constantemente a mente de quaisquer traços de luxúria, mesmo após muito tempo (dias, meses ou anos) de castidade. Se, após um certo tempo, nos sentimos fortes e viris e nos acreditamos muito capazes de deter a ejaculação, pode dar-se o infeliz caso de acreditarmos que seremos capazes de "resistir" aos impulsos ejaculatórios da luxúria mesmo se dermos "asas à imaginação" sexual.
Um importante motivo pelo qual os neófitos e adeptos caem sexualmente é a crença de que poderão dar asas à imaginação luxuriosa (pensar em sexo) sem cair ne ejaculação. Trata-se de um erro ao qual são induzidos pelo Ego.
Se houvermos guardado a energia sexual por um certo tempo (horas, dias, meses ou anos, não importa!) e começarmos a dar asas à imaginação luxuriosa, inevitavelmente cairemos na ejaculação novamente, seja pela masturbação, seja pela fornicação.
Se os pensamentos morbosos desapareceram de sua mente, não seja ingênuo: eles poderão voltar a qualquer momento, ainda que tenham sumido há muito tempo. Continue vigiando sua mente.
Não se preocupe tanto com o número de ejaculações que tenha, preocupe-se em limpar a mente, a fala e as ações da luxúria. A castidade virá por acréscimo. De nada adianta tentar forçar a castidade se não se está limpando a mente, o verbo, a palavra, os gestos etc. Tal tentativa resultará em fracassos e neuroses, nada mais, além de muitas ejaculações deprimentes!
A mente é a guarida do desejo. É ali, na mente, que temos que combater o inimigo e vigiá-lo, mesmo que ele pareça já estar morto.
Não pense nas ejaculações que teve e nem se preocupe com elas. Apesar de nefastas, são meras consequências com as quais não vale a pena se ocupar. Esqueça-as. Concentre seu empenho em vigiar a mente. Lamentar-se pelas ejaculações é cultivar eus de sofrimento que mais tarde terão que ser eliminados. É também perder o tempo com o que não interessa: com os resultados indesejáveis. Mais sensato é ocupar-se com as causas do problema.

sábado, 9 de outubro de 2010

A miséria do apego à matéria densa

No evangelho de Maria Madalena está escrito:

"Por isso adoeceis e morreis[...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra."

Os desejos são paixões pela matéria, em suas distintas formas. Os desejos são voltados para aquilo que é exterior, material. Desejamos mulheres, dinheiro, luxo. Desejamos também saúde e bem estar. Tudo isso é paixão pela matéria. A matéria produz em nós uma paixão sem limites, somos apaixonados pelo corpo físico e pelo mundo físico. Acreditamos que a felicidade se encontra na sensorialidade.

Quando sofremos uma imensa dor física, nossa atenção é violentamente forçada a se focar sobre o local da dor. Ali, onde está a atenção, está também o pensamento. Pensamos mil coisas sobre o problema físico, sobre a doença, lesão ou enfermidade. Estamos plenamente focados no sofrimento e não somos capazes de nos dissociarmos dele. Há uma atração forçada da mente, dos pensamentos e da atenção sobre o órgão ou parte do corpo afetada. Quanto mais atenção voltamos ao sofrimento, mais o intensificamos. A intensificação ocorre por nossa identificação com a matéria. E nos identificamos com a matéria porque estamos apaixonados por ela. Os seres humanos amam o mundo material de forma desesperada.

Quando morre um ente querido, nos desesperamos porque conhecemos tão somente sua parte ilusória. Nos apegamos à seu aspecto temporal, perecedouro. Tememos a morte pela mesma razão. Se nos desenvolvêssemos conscientemente em outros mundos, nos universos paralelos, as coisas seriam diferentes. Mas estamos apaixonados por este mundo e não pelo outro. Somos feridos pela morte por causa do materialismo arraigado em nossas almas.

Se não estivéssemos distantes d'Aquilo que é imperecedouro, imutável e eterno em nós, teríamos acesso ao que é imperecedouro, imutável e eterno no outro. O amor transcenderia o espaço e o tempo, a morte seria entendida como reencontro, como retorno ao lar.

O apego ao mundo e o medo de viajar ao Além, durante a meditação e as viagens astrais, bem como o temor da desencarnação originam-se do apego a este mundo sensorial.

Desenvolver-se espiritualmente é, entre outras coisas, dissociar-se da matéria densa e do veículo físico.

A apego à matéria nos leva à identificação com o corpo. A identificação com o corpo nos impele a buscar ardentemente os prazeres sensoriais e a sofrer com a dor física. Quanto mais prazeres buscarmos, mais dores teremos que sofrer como compensação, para restabelecimento do equilíbrio.

O Ego é o anseio pela vida, pelos prazeres dos sentidos. Quando o Ego morre, morre o apego ao mundo.

Apaixonar-se pelo que é perecedouro e finito é prender-se ao sofrimento. Mas somente poderia apaixonar-se pelo aspecto eterno da vida quem realizou o Eterno em si mesmo. O Ser é o sempre, algo que os materialistas nunca entenderão.

O Ser, que é Eterno, poderia eternizar o corpo físico e protegê-lo de todo desequilíbrio, se o Ego, que é paixão pela matéria, não interferisse. Por uma estranha contradição, aqueles que adquirem a imortalidade física são justamente aqueles que se desvincularam emocionalmente da vida material de forma absoluta, por meio da morte do Ego.

Quando Pistis Sophia desce até este Eon, ela se apaixona e sofre terrivelmente. A matéria possui um poder hipnótico.

A matéria a qual este artigo se refere é a matéria física e não a matéria espiritual. A matéria física existe para ser vencida, viemos a este mundo para vencê-lo. Vencer este mundo é vencer as paixões, os inimigos interiores.

domingo, 2 de maio de 2010

Sobre o estudo das emoções

Como nos ensinou o V.M.S., o centro emocional é como um elefante louco, difícil de amansar. Um homem racional, como eu, talvez não o considere assim, mas tal idéia se deve somente a falta de contato consciente com as próprias emoções.
As pessoas muito racionais, polarizadas no intelecto, tendem a acreditar que não possuem muitas emoções/sentimentos ou que sua parte emocional não seja muito ativa. Ledo engano! Na verdade suas emoções se processam inconscientemente, às vezes de forma muito intensa. No nível consciente, elas realmente podem ser muito frias, calculistas e, aparentemente, equilibradas. Mas, fora do campo de alcance da consciência, elas podem ser altamente emotivas e até infantilizadas.
Emoções que se processam sem serem percebidas conscientemente tendem a causar grande estrago, uma vez que não são vistas e seus efeitos somente se fazem sentir quando em fase avançada. São como doenças que se processam na penumbra.
Um erro que pode ser cometido na morte do ego por algumas pessoas é fingir para si mesmo que não se tem emoções, que se é altamente equilibrado, sereno, e muito pouco sentimental. Isso acusa pouco contato consciente com as próprias emoções, isto é, negligência em observar o centro emocional.
Sabemos que temos cinco centros, entre os quais o centro emocional (o "elefante louco"). A observação deste centro não pode nunca ser negligenciada.
O estresse e a correria do dia a dia, os múltiplos compromissos, os traumas da existência, as dificuldades de relacionamento, os reveses amorosos, as dores da alma, as traições etc. atingem e desgastam diretamente este centro.
É importantíssimo conhecer o jogo de ações e reações do centro emocional, o que pode ser conseguido pela observação direta deste centro em ação a todo momento. Em casos extremos, em que os problemas emocionais se acumulam, ao invés de serem resolvidos, e se transformam em enfermidades, atingindo até o nível físico sob a forma de somatizações, se faz necessária a psico-análise ou psicoterapia, para restabelecimento do equilíbrio. A psicoterapia é o estudo dos egos sob a supervisão de um profissional. Nem sempre é bom e nem recomendável revelar nossas mazelas interiores para alguém, mas nos casos graves isso se faz necessário. Todavia, devemos lembrar que o trabalho interno é algo intimo e que as revelações de cunho esotérico não podem ser divulgadas a ninguém, nem mesmo ao terapeuta. Mas um profissional pode nos ajudar a ter um melhor contato com as próprias emoções e a analisar o nosso Eu sob parâmetros e critérios distintos daqueles nos quais estamos viciados.
Um dos grandes obstáculos ao autoconhecimento é o condicionamento do entendimento dentro de certos parâmetros, critérios e paradigmas. Novas perspectivas de análise podem nos dar novas descobertas. O que importa é descobrir o novo dentro de nós mesmos, descobrir aquilo que não sabíamos antes sobre os nossos egos (no caso, sobre nossas emoções).
Quando estamos em uma situação emocional realmente difícil, sofrendo horrivelmente, e não conseguimos penetrar em nossos sentimentos nem a golpes de martelo, a análise dos sonhos pode ajudar muito. Diz o V.M.R. que nos sonhos as Hierarquias e as partes superiores do Ser nos revelam o estado em que nos encontramos. Podemos, através dos sonhos, descobrir sentimentos/emoções que estão se processando sub/inconscientemente. A forma em que uma pessoa aparece em meus sonhos revela o que sinto por ela. Explorar os sonhos ajuda a explorar as emoções. Por isso o sonho lúcido/viagem astral é tão importante.
Entendo que as análises desses conteúdos se justificam somente nos casos piores. Nas demais situações, a simples observação receptiva dá conta do problema, sem necessidade de ficarmos quebrando a cabeça, raciocinando e nem pensando. A observação é direta e rápida, enquanto a análise é algo lento. Para mim, a análise do Eu deve ser empregada somente em casos graves, de difícil penetração e que requerem certa urgência. É algo complementar às praticas de auto-observacao, morte em marcha, concentração, meditação e desdobramento astral. E a análise com o auxilio de um terapeuta apenas se justifica quando a pessoa não é capaz de efetuá-la sozinha.
Penetrar o centro emocional com a observação me parece mais difícil do que penetrar os demais centros. A emoção é algo sutil, que escapa. Identificar pensamentos, movimentos, processos corporais instintivos e impulsos sexuais é algo relativamente fácil, em comparação à tarefa de identificar as emoções.
A todo momento as emoções estão se processando, o centro emocional está reagindo às situações e eventos, mas experimentemos tentar identificar as várias emoções que estão se processndo para vermos se é algo tão fácil como parece... O materialismo racionalista atrofiou nossas percepções sutis e fez com que o mundo das emoções nos parecesse algo vago.
Observar as emoções e como observar o vácuo ou como tentar enxergar o vapor com os olhos físicos. O sentido da auto-observação está atrofiado e o resultado é nossa imensa dificuldade em ver as emoções tal como são.
Quem enxerga as emoções com objetividade não necessita rotulá-las. Simplesmente as vê com os sentidos internos com tanta objetividade quanto enxergaria uma pedra com os olhos físicos e não necessita identificá-las por nomes, visto que apenas uma parte ínfima das emoções existentes foram nomeadas pelos seres humanos.
Reprimir as emoções, fazendo de conta que não se as possui (como fizemos nós, os estudantes gnosticos por muito tempo) é o pior dos negócios. Elas continuarão existindo e dinamitarão a pessoa interiormente. O melhor é não se auto-enganar, observá-las em ação, enxergando-as em detalhes. Como ensinou o V.M.R., nos detalhes está a chave. Temos que observar os detalhes das emoções.
Durante as relações sociais, as emoções afloram espontaneamente e podem ser perfeitamente observadas. À medida que vão sendo observadas em seus detalhes, pouco a pouco e ao longo do tempo, vão sendo compreendidas com profundidade crescente. E à medida que vão sendo compreendidas, podem ser eliminadas pela Mãe Divina, sem necessidade alguma de recalques ou mecanismos repressivos. Dissolver é muito melhor do que reprimir. Somente a Mãe Divina pode dissolver (eliminar, decapitar, matar) uma emoção negativa. Aqueles que não apelam à Mãe Divina e não realizam a auto-observação, terminam não tendo outra alternativa além da nefasta repressão, com todas as suas desastrosas conseqüências. Observem o eletroencefalograma de um sujeito reprimido e comprovem o que estou dizendo.
Gostaria também de atentar para outro erro muito comum: acreditar que o controle das emoções inferiores é sinônimo de morte do ego. Na verdade, o controle das emoções está condenado ao fracasso, é simplesmente algo impossível. Não podemos controlar as emoções, podemos, no máximo, reprimi-las e elas, então, irão explodir de uma ou outra forma, por outros canais. Podemos, também, observar, contemplá-las e pedir pela morte do defeito correspondente (isso sim é recomendável). A Mãe Divina tem todo o poder de matar o defeito e acabar com as emoções correspondentes. Ao invés de perdermos tempo nesciamente tentando controlar as emoções, é muito mais sensato observar o centro emocional e orar.
É claro que neste texto estou me referindo às emoções negativas do Ego. Não estou me referindo de modo algum às emoções superiores do Ser. Estamos falando dos centros inferiores da máquina, do centro emocional inferior.
O centro emocional inferior possui emoções negativas e positivas. Como existem "eus" bons e maus, resulta que ambas as modalidades de emoções necessitam ser observadas, compreendidas em seus detalhes, e dissolvidas para que a essência comece a manejar este centro.
Lembremos que o Ego é nossa própria pessoa, esta pessoa que tanto amamos e que nos é tão cara, e que observar as emoções é observar tudo o que nossa pessoa sente: "Que estou sentindo, diante disto que está me acontecendo agora?"
Busquemos os sentimentos pequenos, sutis. Neles está a chave para a compreensão do todo maior da emoção.
As emoções podem ser comparadas aos sabores dos alimentos. Cada emoção possui seu sabor, indefinível porém exato. Ninguém poderia descrever o sabor da água, no entanto a água possui seu sabor. O mesmo se passa com as emoções: seus sabores não são claramente definíveis, mas são exatos para a consciência. Identificar uma emoção é dar-se conta de seu sabor e não identificar seu nome. Quais são os sabores da ira, do medo, da inveja, da tristeza? Toda emoção possui seu sabor e também impelem para a realização de algo, para a satisfação do desejo correspondente. O medo origina o desejo de fugir, de evadir-se. A ira origina o desejo de destruir, trucidar, vingar-se. A cobiça origina o desejo de obter algo. Cada emoção, com seu sabor característico, sucita um impulso que clama por satisfação. Enquanto o impulso não é satisfeito, sente-se no coração uma sensação de falta, um vazio. Qual é o sabor do vazio que impele para satisfação da luxúria? E qual é o sabor da luxúria em si mesma? Tudo isso é sentido profundamente no centro emocional. A percepção do sabor das emoções é parte imprescindível do processo de conscientização. E a conscientização é parte do processo de dissolução. Temos que dissolver as emoções, assimilando-as ao invés de reprimi-las. Portanto, observemos o sabor das emoções e para que elas nos impelem.
Obrigado pela atenção e que Deus os guie nesta jornada do autoconhecimento.





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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Equilibrando os cinco centros da máquina

Ficar sem dormir ou dormir pouco provoca o desgaste de todos cinco centros da máquina. Quando dormimos, o ego se afasta do corpo físico e temporariamente deixa de desgastar os centros. Devemos dormir até que o sono se esgote totalmente. Não se guie pelo número de horas que os médicos recomendam, deixe que o centro instintivo te informe quando a necessidade de sono acabou.

Ficar pensando mil e uma bobagens todo o tempo, tagarelando interiormente, raciocinando sobre tudo, conceituando, discutindo, teorizando, transformando tudo em problema, analisando tudo etc. ao invés de manter a observação silenciosa de si mesmo, provoca o desgaste do centro intelectual.

São muitas as situações do dia a dia que desgastam o centro emocional. Podemos desgastá-lo sem o perceber, com reações emocionais constantes ao longo do dia, sejam de ira, medo, tristeza, alegria, frenesi, euforia, apaixonamento etc. Se você sofre com palpitações, arritmias cardíacas, ansiedade, depressão, síndrome do pânico, esquizofrenia etc. é bem possível que o desgaste do centro emocional seja a causa, ou uma das causas. Mediante a morte do ego, conseguimos dar um descanso para este centro. Descansamos este centro quando não o usamos, isto é, quando evitamos as emoções inferiores, principalmente as emoções intensas. Emoções inferiores são todas as emoções comuns, ligadas aos defeitos ou aos egos, sejam eles socialmente aceitos ou não. Cultivar as emoções superiores não desgasta este centro porque o centro emocional superior quase não é usado por nós.

Todas as emoções mundanas, boas ou más, são inferiores. Emoções relacionadas à vida horizontal, sem relação com o desenvolvimento espiritual, pertencem a esse tipo. Todas as emoções inferiores, quando exageradas, desgastam e prejudicam o cérebro emocional (o coração). Aqueles que apreciam emoções intensas e violentas, ainda que sejam emoções aparentemente boas, estão desgastando o cérebro emocional. Temos que dar um descanso ao coração, cultivando as emoções superiores e reduzindo as emoções inferiores a zero ou, pelo menos, ao mínimo.

Você estará desgastando o seu centro emocional quando:
  • ficar entusiasmado;
  • rir e dar gargalhadas em excesso;
  • assistir a filmes de ação;
  • brigar;
  • curtir tristezas;
  • assistir a filmes de terror;
  • ouvir músicas baixas e inferiores
  • enfim, sempre que ficar perdendo o tempo cultivando emoções que não sejam a devoção espiritual.

Você estará cultivando e desenvolvendo as emoções superiores quando:
  • orar;
  • contemplar a arte edificante;
  • ouvir música clássica;
  • meditar;
  • extasiar-se contemplando as obras da criação.
Ficar fantasiando sexo ideal, com mulheres lindas que fazem tudo o que desejamos, masturbar-se, fornicar e identificar-se com as fêmeas, pensar somente no sexo etc. desgasta o centro sexual. Resultado: disfunção erétil.

Para prevenir o desgaste, temos que usar os centros levemente, sem sobrecarrregá-los. Usar um pouco um centro, depois usar outro, depois outro...variando as atividades: praticar a magia sexual um pouco, depois ler mais um pouco, depois passear, depois ouvir uma música superior etc. Variando os tipos de atividades ao longo do dia, sem ficar muito tempo somente em um tipo de atividade. Se o seu trabalho desgasta a emoção, deixe de usar o centro emocional (inferior) durante os períodos de folga; se desgasta os movimentos e músculos, deixe de usar o centro motor; se desgasta o intelecto, deixe de usá-lo.

Se a magia sexual pode corrigir a impotência oriunda do desgaste do centro sexual (vide V.M. Samael - "Sim Há Inferno..."), então pode corrigir também o desgaste dos outros centros. Portanto, magia sexual e morte do ego são o caminho para equilibrar os centros da máquina. É o ego quem os desequilibra, com seus excessos e vícios de todo tipo.

Estresse

Os agentes estressores desequilibram os centros e prejudicam a máquina humana (o corpo físico). Experimente fazer uma lista de todos os agentes estressores externos e internos de sua vida e ficará surpreso ao constatar como você se agride e se destrói sem perceber.
Os centros da máquina estão desequilibrados por causa do estresse e a causa do estresse são os egos. Tenha uma vida simples, sem grandes cobiças mundanas e sentirá um grande alívio. Não acumule e não se comprometa, seja livre.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Começando com comprovações imediatas

A fé nas partes internas se desenvolve a partir do momento em que começamos a pedir e observar os resultados em seguida. Quanto mais estreita for nossa relação com as partes internas, mais rapidamente a fé se desenvolverá.
Convém começar pelas comprovações pequenas, acumulando certezas, de modo a irmos nos convencendo da existência e do poder das partes superiores do Ser. Não se pode começar com as grandes comprovações (ex. investigações nos arquivos akáshicos) porque a fé de que dispomos é pequena e fraca, então comecemos comprovando as coisas mais simples. A partir das comprovações simples se desenvolverão progressivamente certezas cada vez maiores, até que toda a concepção de realidade da pessoa sofra uma modificação. Há comprovações que podem ser obtidas imediatamente por qualquer pessoa comum. Um exemplo de comprovação simples e imediata é o poder da Mãe Divina de enfraquecer o detalhe de um defeito ou de aliviar um sofrimento, seja físico ou emocional.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Como a mente sabota a Morte e a meditação

A mente é como uma tela de televisão ou de cinema. Por esta tela da mente, passam sucessivas imagens ou cenas. O desenrolar das cenas segue rumos nem sempre coerentes. De uma cena, passa-se à outra, e à outra, e à outra...e assim sucessivamente, em uma procissão sem fim.
As cenas que passam na tela da mente são os pensamentos, lembranças e imaginações mecânicas ou fantasias. São infinitas imagens, fixas ou móveis, através das quais alimentamos os egos. Trata-se de manifestações dos egos no centro intelectual.
Como somos animais racionais, temos que colocar especial atenção no centro intelectual. Não é possível dissolver o ego se negligenciarmos a Morte neste centro. De nada adianta tentar manter-se casto quando se permite que na tela da mente permaneçam imagens de mulheres, sexo e delícias eróticas. O trabalho da Morte começa pela mente e termina na mente, apesar de também ter necessariamente que passar pelos outros centros.
Quando as imagens mentais desfilam sob o controle do ego, temos o que se chama imaginação mecânica. Trata-se de um tipo de imaginação involuntária, que ocorre sem participação consciente. São cenas que os Egos projetam e sobre as quais desfrutam e deleitam. O deleite do Ego sobre tais cenas se dá por meio da identificação. Identificar-se com as imagens mentais é um grande erro, pois fortifica os desejos.
Há também a tagarelice interior, composta por sons internos, vozes, e não por imagens. As vozes da tagarelice podem ser a nossa própria voz ou de outras pessoas, em situações hipotéticas passadas ou futuras ou em situações reais mescladas a situações possíveis. Tagarelice interior e fantasia se associam no processo de fortificação dos defeitos.
Por trás das imagens e falas mentais estão os Egos. O conteúdo da cenas indica qual é o desejo que está se fortificando.
A guarida dos desejos está na mente. O desejo é sentido intensamente no centro emocional, mas o fundo sobre o qual se embasa está no centro intelectual. Quando se mata o pensamento, se torna muito mais fácil matar o desejo em seguida. Quanto mais se pensa em um desejo ou problema, pior se torna a situação interior. Quantidade de imagens mentais explode na cabeça, somos invadidos e não sabemos como sair da situação. A chave é: calar a mente, não pensar.
Para que a mente não atrapalhe, temos que ter um foco de atenção. Se estivermos andando, trabalhando etc. o foco será a nossa pessoa (auto-observação e morte em marcha). Contudo, se estivermos meditando ou formos nos deitar, o foco poderá ser um Koan, um mantram ou um trabalho de imaginação consciente.
A imaginação consciente é diferente da imaginação mecânica. Nela escolhemos voluntariamente um objeto, algo para imaginar. Então fixamos a atenção nesta imagem, até enxergá-la nitidamente com os "olhos espirituais" (clarividência - todo mundo tem um pouco de clarividência que pode ser ativada momentaneamente com esta prática). Ao enxergá-la, então podemos começar a penetrar o objeto da imagem e acompanhar algumas revelações que vão ocorrendo através da imagem, escolhendo conscientemente por onde iremos penetrá-la. As revelações vão aparecendo e vamos aprofundando o processo. Se estivermos concentrados na imagem da chama de uma vela, podemos penetrar nessa chama representada em nossa imaginação, para ver o que se revela. Se for uma planta, podemos entrar na imagem da planta, como faziam Jacob Boheme e Goethe, descobrindo o que havia dentro desta imagem. O resultado será um desdobramento astral ou até uma viagem mais além. O trabalho de penetrar a imagem não tem necessariamente um fim, podendo haver penetrações sucessivas e cada vez mais profundas, até um nível em que há não haja espaço algum para nenhuma atividade mental. Ao ultrapassá-lo, já estamos na meditação, mergulhados na realidade. Quando se atinge tais alturas, o corpo está em sono profundo e o cérebro em ondas Theta e Delta. Há outros níveis além, e os hindus e tibetanos os designam por distintos nomes. Mas não vamos nos afastar tanto para "cima do telhado", já que somos todos principiantes e nem sequer sabemos nos concentrar direito.
Quando focamos a atenção em uma imagem, a mente lança múltiplas imagens distintas (pensamentos) para nos atrair a atenção. Se nos deixamos distrair, nos desviamos de nosso objetivo. Se nos ocupamos com tais imagens, tentando silenciá-las à força, criamos um conflito e igualmente nos desviamos. O indicado é manter-se focado no objeto e, no caso da insistência ser muita, silenciarmos o pensamento perturbador descobrindo o seu conteúdo. O que é que contém este pensamento insistente? De que se trata? Que imagens contém, o que almeja etc. Assim, com uma breve compreensão, ele deixa de nos perturbar e podemos descartá-lo. Importa, especificamente em tais casos, compreender a inutilidade do pensamento persistente, perguntando-nos com máxima sinceridade: para que serve este pensamento, neste momento? Qual a sua importância? A mente considera seus pensamentos importantes e temos que fazê-la compreender que o pensamento que insiste em perturbar não serve para nada.
Importa entender, aqui, que a mente é o nosso grande inimigo, o qual sabota implacavelmente o trabalho da morte e as práticas da meditação, sem trégua. Podemos considerar a mente como sinônimo do Ego, já que, em nosso estado, quase não dispomos de mente pura e límpida. Sempre que quisermos escapar momentaneamente do Ego, na meditação, ou quisermos matar alguns defeitos, a mente estará interferindo para impedir.
Se quisermos triunfar, a prática da meditação deve ser realizada várias vezes por dia e a Morte em Marcha em tempo integral. Se não for assim, fracassamos.

domingo, 4 de abril de 2010

A mente e o ego

Há uma diferença radical entre a mente e os sentimentos. A mente é a matéria-prima dos pensamentos, imaginações, raciocínios, lembranças e das nossas memórias. O sentimento é uma forma mais duradoura assumida pelas emoções. Emoções e sentimentos estão interligados, são quase uma só coisa. A mente radica na cabeça e as emoções no coração. Aqui se inicia uma confusão.

Acontece que os desejos são sentidos fortemente no centro emocional, sob a forma de emoções inferiores. Por serem sentidos no coração, aqueles que querem se livrar do desejo tentam sufocar os próprios sentimentos ao invés de matá-los. Contudo, a raiz do problema não está ali, mas sim na cabeça: são as imagens mentais. No fundo do sentimento se encontra a mente e é precisamente ali que temos que trabalhar.

De nada adianta tentar "não sentir nada" porque a origem do sentir está no pensar. Se não penso, não sinto. Se estou sentindo, é porque estou pensando. Se estou sentindo e não percebo pensamento algum correspondente, é porque o mesmo está se processando inconscientemente, nas sombras, sem que eu possa vê-lo. Temos que atacar o Ego em nossa cabeça, antes de tudo. Tentar "segurar" ou controlar o centro sexual, o emocional ou outros centros, enquanto se enche a cabeça de imagens que nutrem o defeito, é cometer auto-agressão e cair no fracasso. Pensar é a primeira, mas não a única, forma de nutrir defeitos.

Em "Tratado de Medicina Oculta y Magia Practica", o V.M.Samael ensina que todos os sofrimentos humanos radicam na mente e que nenhuma dor por preocupações terrenais, isto é, por apego à matéria, pode chegar ao Íntimo. Isto significa que sofremos porque pensamos no sofrimento, nos lembramos dele e que aquele que for capaz de não pensar, não será atingido, nem mesmo pelo sofrimento físico intenso das doenças. O V.M. ensina ainda que os pensamentos são a principal forma de alimentar e fortificar os desejos.

"La cueva del deseo está en la mente. El cuerpo de deseo es tan sólo un instrumento emotivo de la mente." (Tercera Parte: Plantas y sus Poderes Magicos - cap. intitulado "La Mente")

Portanto, tal como ensinam Blavatsky e Samael, a morte dos desejos requer antes de mais nada que acabemos com os pensamentos. Tentar combater emoções, sentimentos, vícios, impulsos etc. sem combater os pensamentos correspondentes é arrebentar-se interiormente. É isso o que fazem muitos religiosos e os pobres sofrem horrivelmente. Sugiro aos irmãos católicos e protestantes que buscam verdadeiramente a santidade que disciplinem os pensamentos antes de tudo. Matar os maus pensamentos é estratégico e todas as tentativas que não forem por aí fracassam.

Um homem poderá tentar deter seus impulsos sexuais, mas se não silenciar as imagens e tagarelices mentais relacionadas, se despedaçará interiormente e cairá ainda mais profundamente no vício.

A chave para a morte dos desejos é a morte dos pensamentos. E a chave para a morte dos pensamentos são a vigilância e a oração. Nós vigiamos (observamos) e oramos (pedimos). Então Deus os mata. É Deus que mata os inimigos interiores do homem, não é o homem que os segura. A parte humana somente pede e a parte divina atua.

Este ensinamento dos V.V.M.M. Samael e Blavatsky, converge com uma orientação do V.M.R. de que não devemos levar a mente ao sexo oposto durante prática do arcano. Na verdade, podemos expandir essa orientação para todos os âmbitos da manifestação do ego.

Sempre que estamos possessos, é porque, de algum modo, estamos levando a mente ao problema, ao objeto da ira, da preocupação ou do desejo. O primeiro a fazer, quando estamos obsessionados por um Ego, é focar a atenção na cabeça, na mente, e não levar a mente ao objeto desencadeador do desejo ou do impulso.

Se você está obsessionado, é porque está pensando naquilo de algum modo. Coloque sua atenção na cabeça um pouco, aquiete seus pensamentos a respeito e você verá que a situação irá melhorar dali há pouco.

Suponhamos que você esteja tomado de luxúria por uma mulher. Obviamente, você está pensando nela de diversas maneiras e não conseguirá observar nenhum centro se continuar com tais pensamentos. Use a pequena margem de livre arbitrio que possui e pare seus pensamentos, interrompa-os. Então você verá como irá melhorar! Em seguida, poderá observar-se e estudar essa luxuria nos demais centros.

A mente é estratégica para a Morte. Começamos a mudar pelo centro intelectual. Tentar começar pelo centro emocional, pelo centro sexual ou pelo centro motor é absurdo.

Quando eliminamos um defeito, resta ainda na mente sua recordação. A recordação do sabor daquele desejo permanece no fundo da mente e mais leve pensamento pode acordá-la.


A quem orar?

Não importa qual seja a sua religião, você deve orar à sua Grande Origem, à Fonte de onde você emanou.
Os V.V.M.M. sempre nos disseram que temos que orar às diversas partes superiores do Ser (Mãe Divina, Íntimo, Pai Interno, entre outras partes). Se este conceito te incomoda, pela educação religiosa que você teve, simplesmente ore Àquele (ou Àquilo) que te originou e não perca seu tempo complicando a questão com especulações teóricas, já que quebrar a cabeça com uma questão tão gigantesca é inútil.
As formas religiosas da Terra são somente aproximações, modelos limitados mas importantes. Servem para nos balizar na busca por um poder maior que nos ultrapassa e do qual somos provenientes.
Não importa muito se você se apóia na Bíblia, no Alcorão, nos cânones budistas ou hinduístas. O que importa é que você dirija seu coração à sua Grande Origem, à Força que te originou, de onde sua alma provém. Se você é protestante e ora ao Criador, você não está em desacordo comigo.
Não devemos condenar àqueles que possuem uma idéia de Deus diferente da nossa. Eles não estão errados, já que Deus, sendo a origem de todas as formas existentes, não tem forma e pode assumir a forma que queira, para o povo que quiser. É por isso que há várias religiões no mundo. Como tudo veio de Deus, é claro que tudo está contido nEle, todas as formas estão ali, em estado latente, potencial, e podem ser adoradas. Sempre que se busque o alto, o sublime, a melhora, a perfeição (sem fazer da perfeição uma neurose...) se estará buscando o Deus verdadeiro.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Duas formas distintas de lidarmos com os pensamentos

Uma é a forma de tratarmos os pensamentos quando estamos buscando a Morte. Outra é a forma de tratá-los na meditação, quando queremos nos desvincular deles temporariamente. Uma coisa é escapar do ego para experimentar o que está mais além e outra coisa, muito diferente, é matá-lo. Não devemos confundir ambas as coisas.
Na meditação, não nos detemos pedindo pela eliminação dos defeitos que se manifestam sob a forma de pensamentos, posto que nossa meta é somente escaparmos deles por um tempo. O que buscamos nessa prática é separar a essência (o que temos de alma e de real dentro de nós) dos defeitos, o que se consegue rompendo-se toda identificação. Após nos posicionarmos e relaxarmos profundamente, o próximo passo é concentrar o pensamento e a atenção. Conforme a concentração avança, as identificações e fascinações são rompidas, as frações dispersas de essência se juntam e a atenção se intensifica e focaliza, enquanto o silêncio mental se aprofunda. Entretanto, isso não significa que as porções de essência que estejam enfrascadas em cada defeito sejam desenfrascadas. O que se passa é que porções de essência livre (desenfrascada portanto) porém adormecida, que vagueavam dispersas dentro do Ego (entre os defeitos e não dentro de cada defeito), nos diversos níveis sub/inconscientes, levam um choque, se unem e focalizam, como a luz de um laser. Este não é um processo de Morte dos defeitos. Portanto, na meditação, esquecemos dos defeitos completamente, não pensamos neles.
Se conseguimos um relativo silêncio mental e ainda assim não temos nenhuma revelação ou experiência espiritual, isso significa que nossa concentração não é plena, pois há ainda muitas partes da nossa essência livre (os três por cento) que estão perdidas nos níveis mais profundos, fascinadas em meio aos pensamentos submersos. Temos, então, que descer a esses níveis mais profundos e chamar a atenção dessas partes desatentas. Como se faz isso? Por meio do sono. Sem o sono, não é possível descer a esses níveis. Se não houver sono, ficaremos somente aqui fora, nos níveis mais superficiais.
Na concentração plena, todo o percentual de essência livre direciona sua atenção a um mesmo ponto. Se existirem partes da essência livre com atenção dispersa, fascinadas, a atenção não será plena. Portanto, a atenção plena somente se consegue quando se desce a níveis mais profundos e se "puxa" a atenção ao objeto que nos interessa. Entretanto, ninguém conseguirá descer e direcionar a atenção se não dispor do sono, pois o sono é a ferramenta que nos permite entrar nas regiões do inconsciente, onde estão as porções de essência livre distraída.
Quando toda a atenção estiver plenamente focada, então a concentração é perfeita e chegou a hora de saltar no vazio para cair além.
Na Morte, ao contrário, não almejamos simplesmente nos separar dos pensamentos, mas sim encarar e dissolver os defeitos que se manifestam no centro intelectual. Por isso é que os observamos em ação e suplicamos por sua morte. Aqui, o tratamento dado aos pensamentos é outro e é exatamente o mesmo tratamento que damos às manifestações do ego nos demais centros: observar e pedir pela desintegração.
Isso de tentar não sentir luxúria ao mesmo tempo em que se permite que pensamentos de luxúria distraiam a essência é um absurdo. Não existe tal coisa. Se permitirmos que os pensamentos distraiam nossa atenção, seremos incapazes de nos livrar de seus resultados nefastos. Por atenção entenda-se: essência livre, já que é dela que provém a atenção consciente e silenciosa no aqui e no agora.
O motivo pelo qual fracassamos tanto no combate à luxúria, bem como aos outros egos, é que não limpamos a mente continuamente. Permitimos, vez por outra, que a mente fique suja com imagens morbosas. Um pequeno instante de descuido é mais que suficiente para nos levar à fornicação, à masturbação e a outros problemas parecidos. Caímos porque não limpamos a mente em tempo integral. É claro que também não devemos descuidar de outros centros, mas a mente é fundamental, por ser estratégica. Manter a mente limpa é estratégico.
Quando olhamos para uma mulher e sentimos luxúria antes mesmo de emitir qualquer pensamento visível, tal reação resulta de uma forma de entender a situação, de encarar a mulher, de contemplar suas formas... e isso é algo, antes de tudo, mental! Neste caso, embora as imagens morbosas somente apareçam um pouco depois da reação nos outros centros (pois o centro intelectual é lerdo), elas existem em níveis submersos sob formas viciadas e tendenciosas de entendimento. A luxúria é uma forma (errônea) de entender o sexo, o amor e a mulher (ou o homem).

É importante, então, não esquecer que, tanto na meditação quanto na morte, rompe-se toda identificação com os pensamentos e não se permite que os mesmos fascinem a essência à vontade. Nos dois casos, se combate a fascinação e a distração.
Espero ter ajudado e boa sorte no caminho, meu irmão.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O hábito de olhar para o corpo feminino

O ato de olhar para certas partes do corpo das mulheres reforça tremendamente a luxúria no dia a dia.
Observando-nos, percebemos que antes de cometer o ato de olhar, sentimos o desejo incontrolável de fazê-lo. Este desejo não deve ser reprimido (sufocado) e nem tampouco satisfeito.
O desejo é sentido como emoção. Sufocando-a, iremos simplesmente represá-la até o ponto de explodir. O mais indicado é desbloqueá-la e observá-la "de fora" (sem identificação) em plena ação, captando suas facetas e detalhes, enquanto pedimos pela dissolução de cada um deles.
O bloqueio a ser removido é o bloqueio emocional.
Devemos observar o desejo agindo dentro de nós, porém sem permitir que ele se realize, pois isso irá fortificá-lo e nos escravizará ainda mais.
Então, se queremos dissolver a luxúria, não podemos permitir que este desejo de contemplar as formas femininas passe ao segundo nível, isto é, que se realize com o ato de observá-las.
Sem fazer nenhum esforço para sufocá-lo, pedimos por sua morte. Então ele enfraquecerá e não passará ao segundo nível, que é o nível da satisfação por meio da ação. Permanecerá no primeiro, que é o nível em que apenas sentimos o desejo mas não o realizamos na prática.
Esse vício de olhar para o corpo das mulheres é um grande problema e traz muito sofrimento.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O vicio da masturbação - algumas considerações

Apesar de ouvirmos por todas as partes que a masturbação é algo muito bom e saudável, nos atrevemos aqui a enfatizar a idéia contrária: a de que esta prática é um vício e nos prejudica física e espiritualmente. Sendo assim, é bom descobrir os meios de libertar alguém deste vício, tão elogiado pelos sexólogos. 

O ato da masturbação fortalece a luxúria de um modo geral e não somente os "eus" específicos de masturbação, embora estes últimos também sejam reforçados. O masturbador é alguém que se condicionou a excitar-se com imagens mentais eróticas. O conteúdo de suas fantasias varia imensamente e abrange a forma geral e ampla de sua luxúria. Por meio do ato masturbatório, o masturbador satisfaz seus desejos sexuais mais intensos, lhes dá vazão. Importa, portanto, àquele que quer libertar-se, observar o conteúdo de tais fantasias para conhecê-las.

A prática da Morte em Marcha deve operar-se muito antes da obsessão. As pequenas reações que impelem ao ato devem ser eliminadas o quanto antes. Tais reações provém dos íncubus/súcubus que obsessionam a mente do masturbador e vampirizam suas energias. Toda recordação, por menor que seja, deve ser retirada, pois a castidade se consegue por meio do esquecimento total. É por meio do pensar que se atrai elementos psíquicos funestos.

Uma vez que a pessoa esteja há vários dias sem cair novamente nesta prática, sentirá a força no órgão sexual impelindo-o à ejaculação. Deve, então, intensificar mais ainda a morte ou retornará ao ponto de partida. Para pular a oitava, isto é, dar um passo verdadeiro, é preciso ultrapassar as fases em que somos atraídos de volta. Entretanto, se a pessoa cair, não deve ficar preocupada e nem lamentar-se, pois todo crescimento espiritual é tortuoso. Dá-se vários passos para frente e em seguida alguns para trás. Os passos para trás são resultado natural dos ensaios e não são perdas totais: fica a experiência, a qual facilitará o avanço posterior.

O momento em que a pessoa cai nesta prática são os momentos em que a vigilância é esquecida: pode ser à noite, antes de dormir, de manhã, logo ao acordar, durante o banho etc.

Sabemos que não devemos reprimir os desejos, mas tampouco devemos satisfazê-los. É útil remover bloqueios emocionais e admitir tudo com a máxima sinceridade, para que a observação seja perfeita. Entretanto, quanto mais alguém satisfazer um defeito, tanto mais escravo do mesmo será. Deter-se "curtindo" (saboreando) um desejo ou suas imagens mentais, sob o pretexto de observar-se, é cair em um erro grave, que resulta em estancamento e até em retrocesso espiritual. O masturbador comete este erro, já que se compraz em contemplar imagens eróticas, seja na tela de sua mente, seja na tela de uma televisão ou nas folhas de uma revista. Aquele que quer libertar-se deste vício, deve retirar todos os canais que o alimentam.

Muitas vezes, o desejo do masturbador não é exatamente masturbar-se e sim satisfazer fantasias eróticas que gostaria de realizar concretamente mas não o consegue. O masturbador fantasia relações e práticas com mulheres que deseja ardentemente e lhe são inacessíveis. A masturbação é a realização virtual das metas sexuais inatingíveis e, portanto, dos desejos sexuais mais reprimidos e insatisfeitos. Sem afrontá-los, não é possível libertar-se.

Por trás do ato de masturbar-se, estão as fantasias eróticas específicas, as quais desempenham um papel preponderante no vício e sobre as mesmas é que importa operar. Os viciados que queiram libertar-se, necessitam enfraquecer e abandonar suas fantasias sexuais. Quem cultiva fantasias sexuais, jamais se libertará do vício masturbatório. Quando as fantasias sexuais deixam deixam de ser alimentadas e perdem força, o vício também se enfraquece. O caminho para se libertar desse vício tão nefasto é, portanto, deixar de alimentar as fantasias eróticas, fazendo com que elas enfraqueçam até desaparecerem. 

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Pensar: grave erro que cometemos!

O V.M.R. orienta-nos a não "levar a mente ao sexo oposto" durante a prática do arcano (maithuna), caso contrário, será impossível evitarmos uma ejaculação. O que se entende por "levar a mente ao sexo oposto"? Pensar na mulher (ou no homem) e em tudo o que estiver direta ou indiretamente relacionado a ela, absolutamente tudo. E o que é pensar? Pensar é imaginar (mecanicamente), ver na tela da mente, lembrar, raciocinar, analisar, fantasiar e também duvidar. Tudo isso enquadra-se na expressão "levar a mente ao sexo oposto". Em outras palavras, no arcano, sentimos e praticamos, mas mantemos a mente parada, sem projetar.
Entendo que esta orientação pode ser estendida para todos os âmbitos do desenvolvimento espiritual.
Um dos vários erros que podemos cometer consiste em pensarmos nas práticas, na morte em marcha, nos problemas da vida e em tudo o mais. Pensamos em demasia e acreditamos que pensando poderemos resolver as situações. Pensamos buscando soluções, mas elas muitas vezes surgem de onde não estamos esperando e sem que houvesse necessidade alguma de pensarmos.
Quando temos um problemas, ficamos martelando-o mentalmente, em busca da soluções. Quando alguém que amamos falece, ficamos pensando, como se o pensamento resolvesse ou melhorasse a situação.
Observando os animais, me dei conta de que eles não sofrem tanto quanto nós por que não possuem a mesma capacidade de pensar. Isso lhes protege do sofrimento em grande medida.
Mesmo o sofrimento físico fica atenuado quando não se pensa nele e, após ter passado, não deixará sequelas ou, se as deixar, serão poucas. Não pensar é um dos segredos para libertar a alma do sofrimento, por isso é que costumo dizer que a morte do Eu é o esquecimento.
Entretanto, somos viciados no pensar. Acreditamos que o pensar é imprescindível. Nossa capacidade de pensar, indubitavelmente, nos conferiu o poder de manipular a matéria, desenvolver a ciência e a tecnologia, mas o preço que pagamos foi alto: nos tornamos criaturas sofredoras. Sofremos com o passado que se foi, com o futuro que tememos. Tudo porque somos muito mentais.
No que se refere às práticas que queremos tanto desenvolver (Morte do Ego, concentração, meditação, viagens astrais, magia sexual), podemos afirmar que o pensamento é absolutamente desnecessário e prejudicial. Ficar pensando no trabalho interior é não realizá-lo.
Não necessitamos pensar para nos observarmos, nem para levantar da cama e sair em astral. Tampouco necessitamos pensar para orar. A meditação é a busca do não-pensamento, pois Deus, a Grande Verdade, está muito além do corpo, dos afetos e... da mente!
Entendo que o desenvolvimento interior resulta, entre outras coisas interessantes, na capacidade de enfrentarmos as situações mais aterradoras da vida sem levarmos a mente ao negativo, ao desastre, sem pensarmos no pior. É uma capacidade que somente alguns poucos homens possuem e que se consegue somente com a morte do Ego. Por isso a Morte é tão importante.
Limpemos a mente continuamente, a todo momento. A auto-observação não pode ser realizada se a mente estiver suja. Se ficarmos pensando, como poderemos enxergar? Descobrir novas facetas do ego no cotidiano requer lucidez, observação atenta, as quais não são possíveis se estivermos pensando. O trabalho sobre a mente é, portanto, fundamental.
Na origem de todos os problemas psíquicos e emocionais está a mente. Na mente está a origem do ego. Se alguém quiser descobrir detalhes do Eu, terá que domar a mente para poder focar a atenção sobre si mesmo. Surge aqui então um problema: como silenciar a mente?
Todos temos uma capacidade relativa de silenciá-la pela vontade, de suspender o pensar, ainda que seja por alguns poucos instantes. A capacidade se desenvolve com o exercício. É esta capacidade que exercitaremos e, à medida que formos morrendo, a iremos aumentando. Aqui não se trata de silenciar todos os níveis subconscientes, como se busca na meditação, pois não estamos tentando dissociar a essência livre dos pensamentos e sim observar os defeitos que afloram durante as relações sociais ou mesmo quando estamos sós. A meta, aqui, não é meditar e sim morrer. Na meditação, esquecemos completamente do eu, nos dissociamos dele para mergulhar no real. Na morte, da qual trata esta explicação que estou dando, observamos o eu para conhecê-lo. Então são dois casos distintos: em um caso nos esquecemos do eu e no outro nos ocupamos com ele, em um caso viramos as costas ao eu e no outro nos voltamos para ele. Mas em ambos os casos a mente irá tentar atrapalhar e impedir.
Observemos a nós mesmos de fora, como observaríamos uma outra pessoa, buscando compreender o que fazemos cada vez com mais clareza.

Fiquem com Deus

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O erro de adotar posturas negativistas

Um erro cometido por muitos de nós, estudantes gnósticos, a meu ver, foi tomar o ensinamento de modo negativista. A Gnosis não é, de modo algum, algo negativo e não cultiva a negatividade. Entretanto, muitos estudantes a tomaram sob esta perspectiva, abordando-a de modo pessimista. Ao invés de se ocuparem com a castidade, se ocuparam com a luxúria, ao invés de se ocuparem com o despertar, ocuparam-se com a inconsciência. Criamos o vício de prestar atenção no mal, de nos ocuparmos com ele e, desta forma, o energizamos.
O ensinamento dos Veneráveis Mestres é um ensinamento de regeneração e não um ensinamento derrotista. Eles nos ensinaram que existe uma Mãe Divina que liberta nossa alma dos pecados, que há um Pai que nos guia e contra o qual a escuridão não tem poder, que existem hierarquias que nos defendem quando estamos trabalhando. Também ensinaram que o desenvolvimento espiritual é perfeitamente possível ao homem, mesmo que se tenha um carma grave, desde que se mude de conduta, o que é perfeitamente possível quando se quer e se conhece os meios.
Entendo que a Gnosis é algo positivo, superior e otimista, sem ser alienante. Uma das razões pelas quais não avançamos é porque focamos a atenção no que não queríamos, ao invés de focá-la no que queríamos. Sempre demos muita importância ao que não deveria e, assim, energizamos o indesejável. Ficar pensando nos defeitos, ainda que com a boa intenção de estudá-los, é atraí-los e dar-lhes força. Damos forças ao mal quando nos ocupamos desnecessariamente com ele.
A Gnosis ensina que existe um Deus Único (Unidade Absoluta), de onde se origina toda a criação, todos os mundos, todas as hierarquias e todos os Eons. Esta Grande Origem tem o nosso Real Ser como uma de suas múltiplas manifestações. O caminho para o retorno é amoroso: temos que amar a Deus sobre todas as coisas. O que é amar o Divino? É querer unir-se, estar junto, em comunhão, fazendo a Sua vontade. É querer fazer a vontade do Pai e não a nossa. Amar a Deus é chorar por Sua presença, é não aceitar Sua distância. É sentir com todo o coração e com toda a alma um ardente desejo de Ser. É o caminho da emoção superior. Amá-lo sobre todas as coisas é amá-lo mais do que amamos a este mundo de vãs ilusões que passam, é amá-lo em sua Eternidade, porque Ele é o Eterno, o Imutável, o Ser. Quem ama a Deus mais que a tudo, deseja ir embora deste mundo e viver com Ele para sempre. Estou usando termos masculinos (Deus, Ele), mas Deus está além dos gêneros, é Andrógino: Alfa e Ômega, duas polaridades em uma. Sua manifestação feminina é a Mãe Divina, que vemos em todos os cultos ancestrais da Terra.
Amar a Deus é também confiar, pedir e descansar na confiança. Se confiamos em nosso Pai Interno e em nossa Mãe Divina, não poderemos de modo algum ter uma visão pessimista da vida, não há espaço para o desespero, não importa o que esteja acontecendo. Se amarmos sinceramente nosso Ser, Ele nos salvará, resgatará nossa alma do pecado, a atração fatal da matéria, se comunicará conosco por diversos sinais e não seremos obrigados a acreditar nas pregações de líderes religiosos, pois estaremos bebendo da água da vida na fonte. Ele nos dará a comprovação e a experiência direta, e não teremos que acreditar em homens. Teremos uma fé verdadeira, apoiada na experiência espiritual direta, e não uma simples crença ou crendice.
O conhecimento espiritual e a fé verdadeira estão ao alcance de qualquer pessoa que os busque sincera e corretamente. Uma simples oração é respondida de diversas formas, mas, por sermos sempre tão negativos, pessimistas e céticos, simplesmente não vemos as respostas, já que focamos nossa atenção no mal e não no bem. É claro que aqui na Terra o mal existe e não podemos negligenciá-lo, mas tampouco devemos dar-lhe forças ocupando-nos com ele desnecessariamente.
Por muito tempo, cometi o erro de ser pessimista e ressaltar a negatividade, sob a justificativa de "tentar melhorar". Na verdade, tal postura tem o efeito de atrair e reforçar justamente o que não queremos.
Quanto mais exercitarmos a fé em Deus, mais ela se desenvolverá e é somente por meio da fé que podemos avançar espiritualmente.
Para sermos socorridos por nossa Mãe Divina e por nosso Pai que estão nos céus, é imprescindível amá-los e nEles confiar.
Os efeitos prejudiciais do derrotismo é bem apontado pelo V.M. Samael neste texto:
"O animal intelectual, falsamente chamado homem, tem a idéia fixa de que a aniquilação total do Ego, o domínio absoluto do sexo e a Auto-Realização Íntima do Ser são coisas fantásticas e impossíveis, e não se dá conta de que esse modo de pensar tão subjetivo é fruto de elementos psicológicos derrotistas que dirigem a mente e o corpo daqueles que não despertaram a consciência.
As pessoas desta época caduca e degenerada carregam em seu interior um agregado psíquico que é um grande estorvo no caminho da aniquilação do Ego: o Eu do derrotismo.
Os pensamentos derrotistas incapacitam as pessoas de elevar sua vida mecânica a estados superiores. A maioria das pessoas consideram-se vencidas já antes de iniciar a luta ou o trabalho esotérico gnóstico.
Temos que nos auto-observar e auto-analisar para descobrir dentro de nós mesmos, aqui e agora, essas facetas que constituem isso que se chama derrotismo.
Sintetizando, diremos que existem três atitudes derrotistas comuns:
1) Sentir-se incapacitado por falta de educação intelectual.
2) Não sentir-se capaz de iniciar a Transformação Radical.
3) Andar com a canção psicológica: nunca tenho oportunidades de mudar ou triunfar.

PRIMEIRA ATITUDE

Quanto a sentir-se incapacitado por uma falta de educação, temos de nos lembrar que todos os grandes sábios como Hermes Trimegisto, Paracelso, Platão, Sócrates, Jesus Cristo, Homero, etc, nunca foram à universidade. Na realidade e de verdade, cada pessoa tem seu próprio Mestre, sendo este seu próprio Ser, “isso” que está além da mente e do falso racionalismo. Não se confunda educação com sabedoria e conhecimentos.

O conhecimento específico dos mistérios da vida, do cosmos e da natureza é uma força extraordinária que nos permite conseguir a revolução integral.

SEGUNDA ATITUDE

Os robôs programados pelo anti-Cristo - a ciência materialista - sentem-se em desvantagem porque não se sentem capazes. Isto deve ser analisado. O animal intelectual, por influência de uma falsa educação acadêmica que adultera os valores do Ser, fez com que em sua mente sensorial existam dois terríveis eus que devem ser eliminados: a idéia fixa: “vou perder”, e a preguiça para praticar as técnicas gnósticas a fim de adquirir os conhecimentos necessários para emancipar-nos de toda a mecanicidade e sair, de uma vez por todas, dessa tendência derrotista.

TERCEIRA ATITUDE

O pensar do homem-máquina é: nunca me dão oportunidades...
As cenas da existência podem ser modificadas. É a pessoa mesmo que cria suas próprias circunstâncias. Tudo é resultado da Lei de ação e consequência, mas com a possibilidade de que uma lei superior transcenda uma lei inferior.
É urgente, é improrrogável, a eliminação do eu do derrotismo. Não é a quantidade de teorias o que conta e sim a quantidade de super-esforços que se façam no trabalho da Revolução da Consciência. O homem autêntico fabrica no momento que quiser as ocasiões propícias para o seu adiantamento espiritual ou psicológico."

(A Revolução da Dialética, cap. 7, "O derrotismo")

As experiências da vida condicionam o inconsciente. Se tenho pavor de batatas, imagino que sejam perigosas. Se imagino que sejam perigosas, sonho com batatas ameaçadoras e monstruosas. Se tenho tais sonhos, é porque me condicionei inconscientemente a vê-las de tal modo. E me condicionei porque tive experiências desagradáveis com batatas. Para descondicionar-me, tenho que repassar conscientemente todo o processo para resignificá-lo.
Se me considero um fracasso na meditação e na morte do Ego, minhas práticas não terão resultado algum devido a tal condicionamento inconsciente. Experiências passadas necessitam ser acessadas e corrigidas.
Nosso inconsciente foi programado para acreditar que o desenvolvimento espiritual é impossível, que não existem tais possibilidades no homem, que a realidade se limita ao sensorial etc.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Tarefas práticas

Para quem ainda não entendeu a morte do ego, algumas propostas práticas que podem ajudar:

1. Primeira proposta:

Observe-se durante um dia inteiro ou durante algumas horas, à procura dos pensamentos, atos, frases, movimentos etc. que de algum modo alimentarem um defeito (por exemplo, a ira). Anote-os e depois releia. Esses canais de alimentação que você descobriu são os detalhes ou facetas do defeito observado. Rasque ou queime as anotações depois, pois isso não é da conta de ninguém.

2. Segunda proposta:

Observe, durante outro dia, as pequenas reações de todo tipo que você tem perante as situações, pessoas etc. Anote essas reações e releia depois. Aí estão vários detalhes descobertos.

Entendeu? É simples assim: apenas olhar para si mesmo e ver.

O que se faz com esses detalhes, uma vez descobertos? Pede-se por sua morte à Mãe Divina. Você deve pedir instantaneamente, no mesmo instante em que os vê, e não esperar para depois. Peça pela morte deles em plena manifestação, sem reprimí-los mas também sem satisfazê-los.

3. Outra proposta: corte toda alimentação de um defeito por um tempo, com esse procedimento da Morte em Marcha, e observe os resultados. Você comprovará que ele se enfraquece, perde o poder sobre você.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ego e distorções cognitivas

Todo defeito corresponde a uma visão distorcida da realidade. Por isso se diz que os egs são "os elementos subjetivos das percepções" (V.M.S.).
Um defeito é uma cognição condicionada, distorcida, que resiste às simples tentativas voluntárias de corrigí-la. Um homem pode compreender intelectualmente que um vício o prejudica, mas ainda assim, este vício permanecerá atormentando-o, pois a porção de sua psique correspondente ao vício (a parte que sente o desejo) entende as coisas de modo diferente.
O ego correspondente a um vício considera este mesmo vício algo maravilhoso. Daí a necessidade de compreendermos o defeito, se quisermos eliminá-lo. Quando se trabalha com a morte em marcha, esta compreensão vai se configurando naturalmente, como resultado da observação constante.
Se prestarmos atenção, perceberemos que os defeitos distorcem nossa percepção da realidade. Por exemplo: um luxurioso não vê o sexo e nem as mulheres tal como são, de forma objetiva, mas sim de forma subjetiva e distorcida, os vê de acordo com a ótica do eu da luxúria. É uma visão condicionada da qual o luxurioso não escapará a menos que dissolva a causa do problema: o ego. O mesmo se passa com a ira, a inveja e os demais defeitos que tenhamos.
O Ego não permite ao ser humano enxergar a realidade, distorce tudo e faz com que vivamos em um mundo de ilusões e mentiras. Por isso é tão importante destruí-lo.

Um pouco sobre o medo

O medo é um sentimento/emoção poderoso que invade a alma e vincula-se, assim como os outros defeitos, a um condicionamento da cognição. A pessoa atemorizada está com o entendimento distorcido e não consegue recobrar a lucidez. No fundo, subconscientemente, acredita que o medo poderá alterar favoravelmente a situação, o que é falso.
A pessoa atemorizada não compreende, em profundidade, que o medo, em si mesmo, não a beneficia em nada e não melhora o problema que o origina. Mesmo que tente fazê-lo, não conseguirá, visto que seu entendimento está condicionado, ou seja, sua consciência está embotelhada. O medo não salva e nem transforma o problema para melhor. Ele é, portanto, inútil. Ainda assim, o atemorizado acredita inconscientemente na necessidade do medo. Essa crença é algo autônomo, não obedece à simples vontade e não adianta simplesmente determinar-se a não temer.
Explorando o medo, descobriremos vários canais que o alimentam: muitas atitudes, movimentos, falas, pensamentos etc.
A eliminação do medo requer a morte do defeito psicológico que o origina e a transmutação da energia sexual, visto que o descarregamento energético do corpo leva a pessoa a se sentir exposta, vulnerável.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Tranquilidade na concentração

O relaxamento é uma das partes mais importantes da meditação e não deve ser negligenciado. Aperfeiçoar a meditação não é somente aperfeiçoar a concentração, é também aperfeiçoar o relaxamento.

Por meio do relaxamento, damos início ao processo de "desligamento" do corpo físico e do mundo exterior. Ao aprofundá-lo, começamos a rumar em direção ao vazio.

A concentração/meditação não é algo que acontece pela oposição e nem pelo empenho de ser contrário ao seu oposto (a desconcentração e a atividade mental dispersa dos vários pensamentos). Não se trata de ir contra nada. A concentração é simplesmente uma continuidade do relaxamento, sua continuação além do nível muscular. Há, entre o relaxamento e a concentração, um continuum.

São palavras que exprimem mais ou menos a correta concentração: esvaziar, acabar, relaxar, desfazer, sumir, cair no vazio, tranqüilizar-se, morrer (por que não?) e sumir, sumir, sumir... Ainda assim a consciência é preservada, ela não se vai, a percepção continua. São palavras que exprimem o que se sente no processo: relaxar, desfazer-se, desprender-se, desaparecer, desligar-se de tudo, até o fim...

Concentrar-se não é criar conflitos com os pensamentos. A concentração não é uma oposição aos milhares de pensamentos que nos distraem, é uma continuidade do relaxamento, a qual nos faz cair ao pensamento único, nos leva para dentro dele. E a meditação não é nenhum trabalho de esforço mas, pelo contrário, um trabalho de não esforço, de entrega e de desprendimento total.

Concentrar-se é desprender-se da mente, dos milhares de pensamentos e distrações e não envolver-se com os mesmos em uma luta. É um abandono.

Quando os mestres se referem ao esforço, estão se referindo ao empenho e à dedicação, à disciplina de fazer algo sempre, com constância e continuidade, mas não, de modo algum, à tensão. Eles não se referem a nenhum tipo de tensão, portanto o esforço não deve ser entendido como sinônimo de tensão.

Concentrar-se não é forçar a atenção, é dirigi-la. Dirigir a atenção não é forçá-la, é escolher um alvo e voltá-la para o mesmo.

Quanto mais concentrados estivermos, mais soltos e vazios estaremos.

Concentração não é tensão mental de nenhum tipo, é uma questão de escolha. Escolher não é sinônimo de tensionar-se.

Conforme a concentração se aprofunda, o relaxamento atinge níveis sub/inconscientes. A concentração é acompanhada pelo descanso cada vez maior dos centros emocional e intelectual.

Um monge que atinge profunda e intensa concentração seguiu um caminho contrário ao do esforço e da tensão mental.

Não é correto falar de relaxamento mental porque temos muitas mentes. Mas podemos definir a concentração profunda como relaxamento, descanso e inatividade dos centros emocional e intelectual.

Não se consegue reduzir a atividade dos centros mediante o esforço, mas sim mediante o não-esforço. O trabalho de concentrar-se é o trabalho de acabar com os esforços para concentrar-se.

Direcionar a atenção é mantê-la de forma "plena, natural e espontânea em algo que nos interessa, sem artifício de espécie alguma"(1). O esforço e a tensão são artifícios que bloqueiam a concentração, por não permitirem que a atenção seja plena, natural e espontânea.

A palavra "esforço" tem duplo sentido. Em seu sentido usual no ocidente, evoca a idéia de tensão e ansiedade. Entretanto, há também outro significado: dedicação, empenho. Quando os V.V.M.M. se referem ao esforço e ao super-esforço, estão se referindo à dedicação, à constancia, à tenacidade e à disciplina e não à teimosia, à tensão, ao desespero por resultados, à ansiedade.

É necessário buscar a concentração de forma tranquila, intensificando a sensação de tranquilidade. Precisamos ter a tranquilidade como um caminho a ser seguido, como um guia: se a tranquilidade se perturba, estamos nos desviando do curso.

A concentração é a atenção plena, natural e espontânea (V.M.S.). O fio condutor desta atenção plena no objeto não é o esforço e sim a tranquilidade; quanto mais concentrados, mais calmos estaremos.

O esforço é perturbação. A mais leve perturbação ou ansiedade tem que ser evitada. Ansiedade por concentrar-se, por ter êxito na prática, é perturbação.

Nossa cultura ocidental, infelizmente, associa idéias de esforço, preocupação e tensão às palavras "alerta", "atenção" e "concentração". Isso conduz ao erro de acreditar que concentrar-se é fazer esforço e lutar contra os múltiplos pensamentos em favor de um só pensamento. A concentração que conduz à meditação, entretanto, é o aprofundamento do relaxamento.

Quando alguém vê um monge em concentração e meditação profundas, imagina que ela está fazendo intensos esforços. Na verdade é contrário: todo seu empenho é em não realizar esforço algum. Ele eliminou todos os esforços, todas as tensões, todas as preocupações, caiu no esquecimento.

O relaxamento é a soltura total no nível muscular. A concentração é a continuidade desta soltura no plano psíquico. É por isso que o V.M. Samael, referindo-se à concentração no mantram Fa - Ra - On, diz:

"Evitad toda la tensión mental y adormeèzcase" (2)

Portanto, concentrar-se é aprofundar a soltura, entregando-se ao pensamento único. É deixar-se levar, sumir-se, acabar-se naquele pensamento, viajar nele. Em tal processo não se perde a lucidez, muito pelo contrário: a lucidez aumenta.

Notas:

(1) V.M.Samael Aun Weor. O Mistério do Áureo Florescer
(2) V.M.Samael Aun Weor. Meditación y Gnosticismo Práctico. Conf. "Naturaleza practica del mensaje de acuario"