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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Morte do Ego: o controle dos sentidos e da imaginação

(Perdoem pelo texto mal escrito, mas ainda não tive tempo de revisá-lo e elaborá-lo. Pretendo fazer isso assim que for possível)

Muitos estudantes tentam deter os processos de alimentação dos desejos e emoções inferiores mas fracassam por não manejarem corretamente a consciência. Em uma conferência intitulada "A Necessidade de Mudar a Nossa Forma de Pensar", o V.M.S. explicou sobre esse pormenor:

"Acaso vocês refletiram sobre o que é a consciência? Com que poderíamos compará-la? A um raio de luz que se pode dirigir a uma parte ou outra, isso é óbvio. Devemos aprender a colocar a consciência onde deve ser colocada. Onde estiver a consciência, ali estaremos nós."

Portanto, está claro, aqui, que a consciência é algo análogo ao feixe de luz de um holofote ou ao foco luminoso de uma lanterna. Esta é a mesma concepção defendida pelo filósofo Baars.

Focar a consciência é direcionar a atenção. A atenção, por sua vez, depende da percepção consciente, a qual está subordinada aos sentidos. Se quero direcionar minha consciência, tenho que controlar minhas percepções e, por extensão, meus sentidos. Onde estiverem meus sentidos, ali estarão minhas percepções e minha consciência (lembrando que, além dos cinco sentidos externos, temos as percepções e os sentidos internos). Direcionar a consciência é o mesmo que direcionar a atenção.

Quando a consciência é direcionada a algo, ela passa a agir sob a influência daquilo. Os egos submetem a consciência e a focalizam nos objetos dos seus desejos:

"A consciência é algo que devemos aprender a colocar inteligentemente onde deve ser colocado. Se colocarmos nossa consciência em um bar, ela agirá em virtude do bar. Se a colocarmos em uma casa de prostituição, ali estará e, se a colocarmos em um mercado, teremos um bom ou mau negociante. A consciência está, desgraçadamente, aprisionada. Um eu de luxúria poderá levá-la a uma casa de prostituição. Um eu de bebedeira poderá carregá-la para um bar. Um eu cobiçoso levar-nos-á a um mercado. Um eu assassino nos levará à casa de algum inimigo etc."

Em outras palavras, se focarmos a consciência em coisas mundanas, estaremos nos identificando com aquilo. O simples fato de contemplarmos uma cena pornográfica, de terror ou conflito já é mais que suficiente para que defeitos correspondentes comecem a se nutrir.

O manejo da consciência é importante para despertá-la: 

"A vocês parece, acaso, correto não saber manejar a consciência? Tenho entendido que é absurdo levá-la a lugares onde não deve estar, isso é óbvio. Desgraçadamente, nossa consciência está engarrafada, aprisionada entre distintos elementos não humanos que carregamos em nosso interior."

"Assim, precisamos nos tornar donos de nossa própria consciência, colocá-la onde deve ser colocada, situá-la onde deve situar-se, aprender a pô-la em um lugar e aprender a retirá-la. É um dom maravilhoso, porém é um dom que não é usado sabiamente. (...) O único digno, o único real o que vale a pena em nós, é a consciência, porém está adormecida, não a sabemos manejar. Os agregados psíquicos levam-na para onde querem. Realmente não sabemos usá-la e isso é lamentável. Se queremos uma transformação, uma mudança de base, devemos também ir aprendendo o que é isso que se chama consciência."

Quem quer despertar a consciência tem que aprender a não identificar-se com os eventos dos quais alemja libertar-se. Mas não será possível romper com a identificação se permitirmos que nossa consciência se prenda a esses fatos e isso acontece quando perdemos o tempo prestando atenção ao que não devemos. Se prendo minha atenção a cenas pornográficas, obrigatoriamente estarei fortificando a luxúria, ainda que acredite no contrário. A crença de que é possível "olhar sem se identificar" é absurda pois o simples fato de direcionarmos a atenção já assinala a manifestação de um desejo, o qual colhe energia com o ato e nos escraviza ainda mais. Se prendo minha atenção a cenas de terror ou amendrotadoras, obrigatoriamente fortificarei o medo. Se me entretenho percebendo cenas de brigas, estarei me identificando com as mesmas e fortificando a ira. 

O que se passa é que, para nós, adormecidos, não é possível contemplar sem identificação aquilo que nos afeta. Se algo nos afeta, positiva ou negativamente, obrigatoriamente iremos nos identificar com aquilo ao contemplá-lo. Portanto, o primeiro passo é romper com a identificação, o que se consegue quando aprendemos a controlar os indryas (sentidos) e deixamos de direcionar a percepção para aquilo que nos altera, perturba ou afeta. Com isso, rompemos a identificação e começamos a deixar de alimentar os defeitos correspondentes.

Se nos deparamos com uma briga e sentimos uma certa vontade de contemplá-la, tal vontade já é o princípio da identificação e da alimentação de alguns defeitos envolvidos. Caso cedamos ao impulso, estaremos nos identificando e fornecendo energia a tais defeitos.

Além de controlar os cinco sentidos externos para não percebermos aquilo que nos afeta ou perturba, temos que aprender a controlar também o sentido interno de percepção psicológica que nos leva a contemplar mentalmente imagens relacionadas a cenas perturbadoras. Contemplar algo com a imaginação tem um efeito análogo a contemplá-lo fisicamente. Se fico imaginando cenas perturbadores, contemplando-as na tela de minha mente, estarei me identificando e fortificando os defeitos do mesmo modo que o faria se os estivesse contemplando fisicamente. 

Os motivos pelos quais gostamos de contemplar com a imaginação cenas que nos afetam, perturbam ou alteram podem ser vários. No caso da luxúria, o fazemos porque sentimos um prazer morboso. No caso do medo, o fazemos porque cremos ser útil ou importante. No caso da ira, porque consideramos necessário e até satisfatório. E em todos esses casos as crenças são falsas e enganosas, já que a contemplação mental ou imaginativa dos fatos dos quais almejamos nos libertar nos torna ainda mais escravos. Quem quer se libertar de algo não pode aprisionar ali sua atenção, tem que abandoná-lo, deixá-lo para trás.

Ao contemplarmos algo, seja com as percepções físicas ou com a percepção interna, nos sujeitamos às suas influências. Contemplar com as percepções físicas é ver, ouvir, tocar, cheirar, degustar. Contemplar com a percepção interna é imaginar ou pensar (o pensamento é uma das funções da imaginação). O ideal é mantermos na consciência aquilo que nos eleva, dignifica e nos torna sáttwicos. Devemos nos colocar sob influências que nos melhorem e não sob influências que nos rebaixem e piorem. Ao invés de conflitarmos com os acontecimentos maus e com os pensamentos maus, os quais são teimosos, melhor é efetuarmos uma substituição. Preenchamos a mente e a consciência com aquilo que nos faz bem e não haverá espaço para o mal em nossas vidas.

Se você recebe uma carta de alguém te ofendendo, não leia, nem sequer abra (ou leia somente a primeira linha para se certificar do que se trata). Não perca tempo correndo atrás dos mexericos e fofocas que dizem sobre você. Abandone-os, deixe-os para trás. Evite, ao máximo, relacionar-se com o lado mau das pessoas. 

Se queremos desenvolver a essência, temos que aprender a isolá-la pois, sob a influência da vida tal como sempre a tivemos, ela não se desenvolve e pode até mesmo se perder com o tempo. 

Concentração - aspectos a serem aprendidos ou dominados

Segue abaixo uma lista de qualidades do poder da concentração para orientar o praticante que queira exercitá-lo:
  1. Deixar-se preencher pelas emoções superiores proporcionadas pelo objeto ou lakshya (aviso importante: evitar objetos que rebaixem nossas emoções);
  2. Imaginar o objeto com gentileza e naturalidade, sem fazer esforços para mantê-lo no pensamento e no campo da imaginação;
  3. Imaginar silenciosamente, sem utilizar o recurso da fala mental;
  4. Manter a consciência no instante presente da prática;
  5. Ver o objeto por meio da imaginação, com os olhos fechados;
  6. Imaginar os detalhes da forma física do objeto ou "como está feito" (V.M.R);
  7. Imaginar as matérias e substâncias que compõem do objeto ou "de que está feito" (V.M.R.);
  8. Imaginar as formas de utilização do objeto ou "para que está feito" (V.M.R.);
  9. Imaginar o funcionamento do objeto ou "como funciona" (V.M.R.);
  10. Imaginar o objeto desde várias perspectivas (tentar vê-lo de cima, de baixo, dos lados);
  11. Imaginar com lentidão e sem pressa, demorando-se em cada aspecto do objeto;
  12. Escutar interiormente os sons que o objeto emite;

Os aspectos acima devem ser exercitados aos poucos, de forma organizada e didática, e o maior número de vezes possível. 

segunda-feira, 10 de março de 2014

Sobre não ocupar-se com aquilo que causa perturbação

Em sua conferência “A Necessidade de Mudar a Nossa Forma de Pensar”, o V.M. Samael compara a consciência a um foco de luz que pode ser direcionado para onde quisermos (essa é a mesmíssima do filósofo Baars ao elaborar seu conceito de “bright spotlight of atention”). Diz, ainda, o Venerável Mestre que devemos aprender a manejar a consciência adequadamente, focalizando-a onde deve ser focalizada e retirando-a de onde não deve ser posta, pois os agregados psíquicos a condicionam e a arrastam para onde querem. Os egos direcionam e prendem a consciência em eventos perturbadores que provocam emoções negativas, inferiores e destrutivas.

Do acima exposto se depreende que não é recomendável prestar atenção em algo quando queremos nos tornar emocionalmente independentes daquilo. É impossível prestar atenção em algo que nos provoca temor, ódio ou desejo e ao mesmo tempo enfraquecer as influências nefastas daquilo sobre o nosso psiquismo. Não poderei me libertar do ódio se me ocupar com aquilo que me causa ódio. Quanto mais eu ver, pensar ou falar naquilo que me causa ódio, mais alimentarei o ódio através da identificação. 

Tentar eliminar a gula enquanto se fica prestando atenção nos mais variados tipos de alimentos saborosos é um contra-senso. São os egos de gula que arrastam a consciência para os alimentos desejados e a prende nos mesmos.  Isso vale para todos os defeitos. O medo, por exemplo, não pode ser eliminado se nos ocuparmos com aquilo que causa o temor. Se pensarmos, lembrarmos, falarmos ou mantermos a atenção posta sobre aquilo que nos atemoriza, o medo irá se fortificar.

Em relação aos eventos da vida, temos que aprender a nos isolar psicologicamente, mesmo estando fisicamente cercados por fatos perturbadores. Os acontecimentos da vida  devem passar por nós, sem nos arrastarem, e tomar seus cursos. 

Controlar os indryas é manejar corretamente a consciência, não direcionando a atenção àquilo que irá causar prejuízos psicológicos. É desta maneira que vamos deixando de alimentar os defeitos e nos tornando cada vez mais independentes, sem necessidade de reprimi-los.

Descobrir detalhes do Ego é descobrir formas insuspeitadas, inconscientes, de alimentá-lo por meio do direcionamento da mente e da atenção/percepção. Cada detalhe é uma ocupação da mente e da atenção com algo perturbador. Nos ocupamos com aquilo que causa dano e nem sequer nos damos conta disso. Cada defeito que temos corresponde a uma ocupação da mente e da percepção.  

Se queremos nos desenvolver espiritualmente, temos que nos ocupar com aquilo que dignifica e eleva, não com aquilo que rebaixa e degrada. Aquilo que provoca emoções inferiores, negativas, nos rebaixa e degrada. Aquilo que provoca emoções elevadas, superiores, nos eleva e dignifica. Temos, portanto, que aprender a selecionar os objetos com os quais iremos nos ocupar. Acima de tudo, não devemos cair no absurdo de tentarmos nos elevar sem nos desvencilharmos daquilo que nos rebaixa.

Muitas pessoas acreditam que podem “resistir” às tentações enquanto se ocupam com as mesmas. Entendo que isso é algo ilógico e sem sentido. O máximo que se consegue com isso é uma cisão interna. Quando nos ocupamos com algo tentador, estamos fortificando o desejo correspondente por meio da identificação (fascinação). A libertação da alma advém quando a afastamos, a apartamos, dos objetos tentadores, ainda que os mesmos continuem a nos rodear e a nos perseguir.

O que estou tentando explicar é algo análogo à sintonização de estações de rádio. Sintonize-se o rádio com tal ou qual frequência, e teremos os programas da estação correspondente. Temos que aprender a sintonizar a alma com o espiritual, com a felicidade e com o Ser, deixando para trás as sintonias com o maligno (a dor, o medo, o sofrimento, as tentações etc.).  Quem se afina com o que é ruim, afunda cada vez mais na degeneração e na tristeza. Vencer o sofrimento significa deixar de sintonizar-se com ele.

O Ego está sintonizado com o mal, com os desejos materiais e carnais, os quais somente provocam sofrimento, com as dores, com os perigos e temores, com tudo o que nos seja destrutivo. O Ego enfraquece gradualmente conforme vamos nos sintonizando com o espiritual e abandonando as preocupações deste mundo material, tão adorado pelos hedonistas que idolatram o prazer carnal.  

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A história do mestre Meng Shan

(Extraído de: Samael Aun Weor, A Magia das Runas, cap. 23)

Contam as velhas tradições, que se perdem na noite dos séculos, que o Mestre chinês Meng Shan conheceu a ciência da meditação antes dos vinte e cinco anos de idade.
Dizem os místicos amarelos que desde essa idade até os 32 anos ele estudou com 18 anciães.
Resulta certamente interessante, sugestivo e atraente, saber que este grande Iluminado estudou com infinita humildade aos pés do venerável ancião Wan Shan, quem lhe ensinou a utilizar inteligentemente o poderoso mantra WU, que se pronuncia com um duplo U, imitando sabiamente o uivo do furacão na garganta das montanhas.
Este irmão nunca esqueceu o estado de alerta percepção, de alerta novidade, tão indispensável e tão urgente para o despertar da consciência.
O venerável guru Wan Shan disse−lhe que durante as doze horas do dia é preciso estar alerta como um gato que espreita um rato ou como uma galinha que choca um ovo, sem abandonar a tarefa por um segundo sequer.
Nestes estudos, os esforços não contam e sim os superesforços. Enquanto não estejamos iluminados, temos de trabalhar sem descanso, como um rato que rói um ataúde. Se praticamos dessa forma, nos libertaremos da mente e experimentaremos diretamente esse elemento que a tudo transforma radicalmente, ISSO que é a Verdade.
Um dia, Meng Shan, depois de 18 dias e noites contínuas de meditação interior profunda, sentou−se para tomar chá e… ó maravilha!… compreendeu o sentido íntimo do gesto de Buda ao mostrar a flor e o profundo significado de Mahakasyapa com seu exótico e inesquecível sorriso.
Interrogou a três ou quatro anciões sobre a experiência mística, mas eles guardaram silêncio. Outros disseram−lhe para que identificasse a vivência esotérica com o Samádhi do Selo do Oceano. Este
sábio conselho, naturalmente, inspirou−lhe grande confiança em si mesmo.
Meng Shan avançava triunfante em seus estudos, mas nem tudo na vida são rosas, também há espinhos. No mês de Julho, durante o quinto ano de Chindin (1264), infelizmente contraiu desinteria em Chunking, província de Szechaun.
Com a morte nos lábios, decidiu fazer testamento e distribuir seus bens terrenos. Feito isto, incorporou−se lentamente, queimou incenso, e sentou−se num sítio elevado. Ali orou em silêncio aos três Bem−aventurados e aos Deuses Santos, arrependendo−se diante deles de todas más ações que cometera em sua vida.
Considerando certo o fim de sua vida, fez aos inefáveis um último pedido: Desejo que mediante o poder de Prajna e de um estado mental controlado, possa eu me reencarnar em um lugar favorável, onde possa fazer−me monge (swami) em tenra idade. Se por casualidade, me recobrar de sta enfermidade, renunciarei ao mundo e tomarei os hábitos para levar a luz a outros jovens budistas.
Depois de formular estes votos, submergiu em profunda meditação, cantando mentalmente o mantra WU. A enfermidade o atormentava, os intestinos torturavam−no espantosamente, porém ele resolveu não lhes dar atenção.
Meng Shan esqueceu por completo de seu corpo e suas pálpebras fecharam−se firmemente, ficando como se estivesse morto.
Contam as tradições chinesas, que quando Meng Shan entrou em meditação, só o verbo, isto é, o mantra WU (U… U…), ressoava em sua mente, depois não soube mais de si mesmo.
E a enfermidade…? Que houve com ela…? Que aconteceu…? Resulta claro, lúcido, compreender que toda afecção, doença, dor, tem por embasamento determinadas formas mentais. Se conseguimos o esquecimento radical, absoluto, de qualquer padecimento, o cimento intelectual se dissolve e a indisposição orgânica desaparece.
Quando Meng Shan se levantou do sítio no começo da noite, sentiu com infinita alegria que já estava quase curado. Sentou−se de novo e continuou submerso em profunda meditação até a meia−noite, quando sua cura se completou.
No mês de agosto, Meng Shan foi a Chiang Ning e cheio de fé ingressou no sacerdócio. Permaneceu um ano naquele mosteiro e depois iniciou uma viagem durante a qual ele mesmo cozinhava seus alimentos, lavava as suas roupas, etc. Então, compreendeu na íntegra que a tarefa da meditação deve ser tenaz, resistente, forte, firme e constante, sem se cansar nunca.
Mais tarde, caminhando por terras chinesas, chegou ao mosteiro do Dragão Amarelo. Aí, compreendeu a fundo a necessidade de despertar a consciência. A seguir continuou sua viagem em direção a Che Chiang.
Chegando lá, arrojou−se aos pés do Mestre Ku Chan de Chin Tien e jurou não sair do mosteiro enquanto não atingisse a Iluminação. Depois de um mês de meditação intensiva, recobrou o trabalho perdido na viagem, porém seu corpo encheu−se de horríveis bolhas, as quais foram intencionalmente ignoradas por ele, tendo continuado com a disciplina esotérica.
Um dia qualquer, não importa qual, convidaram−no para uma deliciosa comida. No caminho tomou sua Hua Tou e trabalhou com ela. Submerso em meditação, passou diante da porta de seu anfitrião sem se dar conta, foi quando compreendeu que poderia manter o trabalho esotérico mesmo em plena atividade.
No dia 6 de março, quando estava meditando com a ajuda do mantra WU, o monge principal do mosteiro entrou no Lumisial de Meditação com o evidente propósito de queimar incenso. Porém, aconteceu que ao golpear a caixa de perfumações, produziu um ruido específico. Então, Meng Shan reconheceu a si mesmo e pôde ver e ouvir o Chao Chou, notável Mestre Chinês
"Desesperado, cheguei ao ponto morto do caminho. Bati na onda (porém) não era mais que água. Ó,
esse notável velho Chao Chou, cuja cara é tão feia!"
Todos os biógrafos chineses estão de acordo ao afirmarem que, no outono, Meng Shan entrevistou−se com Hsueh Yen em Ling An e com Tui Keng, Hsu Chou, Shih Keng e outros notáveis anciões. Sempre entendi que o Koan ou frase enigmática decisiva para Meng Shan foi, sem sombra de dúvida, aquela com a qual Wan Shan o interrogou:
"Não é a frase 'a luz brilha serenamente sobre a areia da praia' uma observação prosaica desse tom de
Chang?"
A meditação nessa frase foi suficiente para Meng Shan. Quando Wan Shan o interrogou mais tarde com a mesma frase, isto é, repetiu−lhe a mesma pergunta, o místico amarelo respondeu atirando ao chão o colchão da cama, como que dizendo: JÁ ESTOU DESPERTO.

A Meditação

(Extraído de: Samael Aun Weor, A Magia das Runas, cap. 17)

Informação intelectual não é vivência. Erudição não é experiência. O ensaio, a prova e a demonstração exclusivamente tridimensional não são Unitotais.
Tem de haver alguma faculdade superior à mente e independente do intelecto que seja capaz de nos dar um conhecimento e uma experimentação direta sobre qualquer fenômeno. Opiniões, conceitos, teorias, hipóteses, não significam verificação, experiência, consciência plena sobre tal ou qual fenômeno.
Somente libertando−nos da mente podemos viver de verdade ISSO que há de real. AQUILO que se encontra em estado potencial atrás de qualquer fenômeno. Mente há em toda parte. Os sete cosmos, o mundo, as luas, os sóis, nada mais são do que substância mental cristalizada ou condensada.
A mente também é matéria, ainda que bem mais rarificada. Substância mental existe nos reinos mineral, vegetal, animal e humano. A única diferença que existe entre o animal intelectual e a besta irracional é isso que se chama intelecto. O bípede humano deu à mente forma intelectual. O mundo nada mais é do que uma forma mental ilusória que se dissolverá inevitavelmente no fim deste grande dia cósmico.
Minha pessoa, teu corpo, meus amigos, as coisas, minha família… são no fundo isso que os hindus chamam de maya ou ilusão. Vãs formas mentais que cedo ou tarde deverão ser reduzidas a poeira cósmica.
Meus afetos, os seres queridos que me cercam, etc., são formas simples da mente cósmica, não tendo uma existência real.
O dualismo intelectual, tal como o prazer e a dor, os elogios e as ofensas, o triunfo e a derrota, a riqueza e a miséria, constitui o doloroso mecanismo da mente. Não pode haver verdadeira felicidade dentro de nós enquanto sejamos escravos da mente.
Urge que montemos no burro (a mente), para entrarmos na Jerusalém Celestial em um Domingo de Ramos. Infelizmente, hoje em dia, o asno monta em nós, miseráveis mortais do lodo da terra.
Ninguém pode conhecer a verdade enquanto seja escravo da mente. O Real não é questão de suposições, mas de experiência direta.
Jesus, o grande Kabir, disse: Conhecei a verdade e ela vos fará livres. Porém eu vos digo: A verdade não é questão de afirmações, negações, crenças ou dúvidas. A verdade tem de ser experimentada diretamente na ausência do Eu, além da mente. Quem se liberta do intelecto, pode experimentar, viver, sentir, um elemento que transforma radicalmente.
Quando nos libertamos da mente, ela se converte em um veículo dúctil, elástico, útil, mediante o qual nos expressamos neste mundo de maneira consciente. A lógica superior convida−nos a pensar que se libertar, se safar de toda mecanicidade, se emancipar da mente, equivale a despertar a consciência e a terminar com o automatismo.
Aquilo que está além da mente é Brahma, o eterno espaço incriado, ISSO que não tem nome, o Real.
Porém, vamos ao grão: Quem ou o que deve se safar, se libertar, da mortificante mente?
Respondemos esta interrogação com as seguintes palavras: O que deve e que pode se libertar é o que temos de Alma em nós, a consciência, o princípio budista interior.
41/128A mente só serve para nos amargar a existência. Felicidade autêntica, legítima, real, só é possível quando nos emancipamos do intelecto. Porém, devemos reconhecer que há um inconveniente, um obstáculo maiúsculo, um óbice para essa aspirada libertação da Essência. Quero me referir ao tremendo batalhar das antíteses.
A Essência, a consciência, ainda que de natureza búdica, infelizmente vive engarrafada no aparatoso dualismo dos opostos: sim e não, bom e mau, alto e baixo, meu e teu, gosto e desgosto, prazer e dor, etc.
A todas as luzes resulta brilhante compreender que quando cessa a tempestade no oceano da mente e termina a luta entre os opostos, a Essência escapa e submerge no Real.
O dificultoso, trabalhoso, árduo e penoso, é conseguir o silêncio mental absoluto em todos e em cada um dos 49 departamentos subconscientes da mente. Alcançar ou obter quietude e silêncio no nível meramente intelectual ou em uns quantos departamentos subconscientes, não é o suficiente porque a Essência continua ainda enfrascada no dualismo submerso, infraconsciente e inconsciente.
Mente em branco é algo demasiado superficial, oco e intelectual. Necessitamos de reflexão serena, se de verdade queremos conseguir a quietude e o silêncio absoluto da mente.
A palavra MO significa silencioso ou sereno. CHAO significa refletir ou observar. Logo, MO CHAO pode ser traduzido como reflexão serena ou observação serena. Porém, no gnosticismo puro, os termos serenidade e reflexão têm um sentido muito mais profundo e devem ser compreendidos em suas conotações especiais.
O sentido de sereno transcende ao que normalmente se entende por calma ou tranqüilidade. Implica em um estado superlativo que está além dos raciocínios, dos desejos, das contradições e das palavras.
Designa a uma situação que se encontra fora do bulício mundano.
O sentido de reflexão está bem além disso que sempre se entendeu por contemplação de um problema ou de uma idéia. Aqui, não implica em pensamento contemplativo ou em atividade mental e sim numa espécie de consciência objetiva, clara e refletora, sempre iluminada pela sua própria experiência.
Portanto, sereno aqui é a serenidade do NÃO−PENSAMENTO e reflexão significa consciência intensa e clara.
Reflexão serena é a consciência clara na calma e na tranqüilidade do NÃO−PENSAMENTO.
Quando reina a serenidade perfeita, consegue−se a verdadeira e profunda Iluminação.