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quarta-feira, 7 de março de 2012

O Ego é uma masmorra

O Ego é análogo a uma caverna prisional ou masmorra.

A Morte do Ego é parecida com o ato de sair de uma masmorra ou caverna prisional escura, húmida e fria. Dentro da caverna nos sentimos mal e quando saímos dela nos sentimos bem, porque há luz, pássaros, ar fresco, liberdade etc. Não podemos desfrutar a beleza de fora enquanto estivermos dentro da caverna. Quem está morto em si mesmo, está fora da luxúria, da ira, da cobiça etc. Quem está morrendo, está dando passos para fora da caverna.

Imaginar que se possa dissolver o Ego mantendo-se identificado com ele é tão absurdo quanto supor que alguém possa estar fisicamente livre sem sair da prisão. Quem está morrendo, passa a ver os atrativos da luxúria, da ira, do ódio etc. como algo estranho, que não lhe pertence, pois não se identifica com aquilo. As tentações atraem, mas aquele que está morrendo vê as tentações como algo que lhe é estranho e não como algo que lhe pertence. Ainda que se sinta atraído, verá as atrações como algo invasivo, algo que se intromete em sua vida e, à medida que avança na compreensão, cada vez mais se dissocia daquilo para não voltar. Neste sentido, a Morte é um abandono.

Imagino que um anjo ou uma hierarquia celestial talvez nos vejam com total estranhamento, horror e piedade, como criaturas nas quais eles não gostariam de se converter de modo algum. Eles estão fora da caverna.

Muitas pessoas querem eliminar o Ego sem abandonar o prazer da identificação. Estão agindo como se quisessem viver fora da caverna mas se recusassem a sair dela, estão agindo contraditoriamente.

A identificação causa um certo prazer: prazer de vingar-se quando sentimos ódio, prazer mórbido quando sentimos luxúria, prazer de ter dinheiro quando sentimos cobiça. O prazer resulta da identificação. Quem está identificado, não pode sair da caverna. Estar identificado, é estar dentro da caverna. A identificação aprisiona. Não é possível eliminar o Ego e ao mesmo tempo continuar desfrutando dos prazeres da luxúria, da cobiça, do ódio, da preguiça, da gula...

O Ego é algo sensorial, proporciona prazeres sensoriais. Manter-se desfrutando das sensações do Ego é fortificar as correntes que nos prendem à caverna.

Estamos presos à caverna do Ego quando nos identificamos com os processos psicológicos.

Se você não entrou em certas cavernas, sugiro que não entre, pois será difícil sair. Se você já entrou, sugiro que saia, pois isso e perfeitamente possível quando se conhece a forma.

Entrar em processo de identificação com pensamentos, sentimentos ou algo físico é entrar na masmorra.

Sofremos porque nos identificamos com os fatos desagradáveis.

Aquele que vai morrendo em si mesmo, vai deixando de se envolver com fatos tentadores ou perturbadores, passando a tratá-los como algo distinto de si mesmo, algo alheio, distante e que não lhe diz  respeito. Se apartará das tentações e problemas e os perceberá como algo distante. Ao ver as pessoas envolvidas em confusões, brigas, fornicações, orgias e festins, não se identificará e nem se misturará. Não sentirá mais curiosidade em conhecer ou experimentar as sensações provocadas por tais fatos. Dirá para si mesmo: "Não quero sentir o mesmo que eles estão sentindo e nem quero mais me recordar das sensações que se tem em tais situações".  Compreenderá, cada vez mais, que as pessoas estão em estado de alucinação e loucura, fascinadas pela mentira do mundo ilusório de maya. A identificação estará sendo rompida.