Os problemas existem para que aprendamos a não nos ocupar com eles. Entram em nossa vida para que aprendamos a neles não pensar, a deixar de percebê-los, de dar-lhes importância e de prestar-lhes atenção.
Por meio dos problemas da vida horizontal, podemos fortificar nossa capacidade de não permitir que a mente se desvie dos objetivos maiores e mais elevados. Se os problemas mundanos não existissem, a concentração e outros atributos, como a Morte, não se desenvolveriam. Portanto, os problemas são necessários àquele que quer se elevar espiritualmente.
Deste ponto de vista, retirar problemas e situações da vida não é fugir do ego, mas parte do trabalho de eliminá-lo. Tirar o alimento dos defeitos inclui não ocupar-se com situações que lhes são favoráveis e retirá-las da nossa vida.
Não é possível contemplar um objeto de desejo sem desejá-lo e sem alimentar o ego correspondente, não há tal coisa.
Se você quer matar um desejo, não olhe para o objeto. O objeto do desejo não deve existir para você. Não preste atenção no objeto fisicamente e nem mentalmente, retire-o completamente de sua vida e de sua cabeça. Como poderia alguém desejar algo que desapareceu de sua vida, de suas percepções, de sua mente e de suas lembranças?
Uma pessoa bem desenvolvida é capaz de atravessar circunstâncias perigosas e tentações insuportáveis sem permitir que as mesmas entrem em sua vida ou em sua mente. A chave consiste em isolar-se psicologicamente, enquanto, fisicamente, a pessoa se expõe a tais problemas. O isolamento psicológico (não-identificação) é conseguido excluindo-se os objetos da mente e até das percepções. Por isso é importante aprender controlar os sentidos: não ver e nem ouvir aquilo que nos prejudica.
Um alcoolátra não resistirá à tentação de beber caso se entretenha contemplando garrafas. Um fornicário não resistirá à tentação de fornicar caso se detenha percebendo as formas corporais das mulheres. Quando prestamos atenção no objeto de desejo, estamos permitindo que o mesmo invada nossa mente. Isso de tentar observar algo desejável sem identificar-se é um absurdo, pois o ato de contemplar já implica em identificação, pelo menos no que concerne a seres humanos adormecidos, perversos e degenerados como nós. Quando não nos identificamos com algo, aquilo não existirá para nós.