A mente é teimosa e pensa constantemente no que não presta.
Quando temos um problema grave, seja uma paixão intensa não correspondida, um perigo grave que nos ameaça ou algo assim, nossa mente se torna obcecada por aquilo. A mente pensa de forma intensa no problema e o torna monstruoso. As tentativas de pensarmos em outras coisas falham, a mente se torna teimosa e pensa violentamente no problema.
Uma das razões para tal fixação teimosa da mente é a crença de que tais pensamentos são, de algum modo, úteis ou necessários. A mente crê que, ao pensar no problema, irá melhorar a situação. Falta à pessoa, em tais momentos, viveka (discernimento entre o real e o falso).
O fato de pensarmos constantemente em um perigo quando estamos sob ameaça ou no objeto de nossa paixão quando estamos apaixonados deve-se a uma falta de percepção de que tal identificação piora a situação. A realidade é justamente o contrário do que a mente acredita: quanto mais pensarmos no problema, pior ficará nossa condição. Mas a mente não crê assim. A mente supõe que pensar seja a solução e que, por meio do pensar, irá se livrar do sofrimento. Reside aí a primeira causa da identificação: acreditar que tais pensamentos sejam importantes, úteis e necessários, ao invés de inúteis, prejudiciais e perigosos. A possibilidade de melhorar a situação ao abandoná-la mentalmente não é compreendida pela mente, que carece de viveka.
Mediante a meditação, podemos inverter esse processo: nos concentramos, não no problema em si, mas na concepção equivocada da mente, na absurda valorização do pensamento obsessivo, refletimos e compreendemos, por fim, que ficar sem pensar ajuda ao invés de prejudicar.
Uma pessoa gravemente doente pensará constantemente em sua doença, impedindo ou dificultando sua cura; outra sob ameaça de um processo judicial pensará constantemente em seus acusadores, imaginará mil coisas relacionadas com aquilo, se verá na prisão, nos tribunais etc. ficará louco e não conseguirá elaborar com qualidade sua defesa; alguém que esteja loucamente apaixonado, sofrendo de amor, pensará de mil formas diferentes em seu problema, traçará planos para conseguir seu intento, perderá o juízo etc. Tudo porque a mente acredita que pensar no problema seja a solução.
Em tais estados graves de identificação, torna-se difícil concentrar a mente em algo distinto do problema, mas é justamente isso que se necessita alcançar. A capacidade de pensar em algo elevado e não desviar o pensamento daquilo por nada é o que buscamos e pode nos ajudar muito a enfrentar perigos e situações adversas.
Quem desenvolve o poder de concentrar sua mente em Deus ou algo sublime, a despeito de tudo o que o ameace, torna-se invulnerável. Perigos, ameaças, tentações e doenças podem assolá-lo, mas ele estará imune. Nem mesmo a morte o atemoriza, pois ele aprendeu a não pensar nela. Tal pessoa não permite que nada penetre em sua mente e faça morada ali, a não ser Deus.
Deste modo, os problemas existem para que aprendamos a não pensar neles, não nos ocuparmos. Entram em nosso caminho para que exercitemos a capacidade de não permitir que penetrem em nossa mente. Em certos casos, nem sequer devemos tomar consciência de que o problema existe.
Há alguns poucos casos em que vale a pena tomar consciência dos problemas, mas na maioria das vezes isso é prejudicial. Somente a reflexão sincera proporcionará tal discernimento.
Bem, estamos tratando de uma disciplina mental, mas podemos ir além. Podemos, mediante o poder da Mãe Divina, chegar a matar aquele que pensa dentro de nós. Então estaremos mortos para aquele problema.