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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Detalhes: o que são e como identificar

Tenho insistido na necessidade de observar ao invés de reprimir. Afirmei repetidamente que o recalque é inútil e que a Morte se dá por observação, contemplação e oração. Agora vou acrescentar algo mais.
Quando nos observamos, podemos perceber em nós mesmos leves alterações. São leves irritações, leves preocupações, leves temores, leves desejos, leves impulsos, leves reações emocionais às circunstâncias do dia a dia, falas e comentários levemente luxuriosos, levemente invejosos, lembranças levemente prejudiciais, imaginações levemente morbosas etc. Em suma: comportamentos levemente delituosos, cuja gravidade não nos incomoda. Esses comportamentos tênues são os detalhes aos quais se refere o V.M. Rabolú.
Os detalhes não costumam despertar interesse nos aspirantes à Morte porque não representam nenhum perigo imediato e seu caráter delituoso é tênue. Por serem tão leves, muitas vezes acredita-se que os mesmos não são egos. Justamente aí reside o erro.
Qualquer comportamento que ao estudante pareça "levemente egóico" é um detalhe e fornece energia aos egos visíveis e perigosos. O V.M. Samael chamou os detalhes de "facetas".
Se dissolvermos os detalhes, os egos terríveis perderão a força.
O empenho em observar o Ego e orar pela Morte deve ser focado sobre as manifestações diminutas dos defeitos. Todos temos pecados grandes e pequenos. Pomos cuidado nos pecados grandes e perigosos e não damos importância aos pequenos. Ocorre, entretanto, que os pequenos são a sustentação dos grandes.
O Ego possui manifestações grosseiras e sutis. As manifestações grosseiras são facilmente visíveis e reconhecíveis, são os problemas psicológicos de sempre que nos incomodam. As manifestações sutis são os detalhes, traços comportamentais difíceis de enxergar por serem muito pequenas e de difícil reconhecimento. Requerem olho clínico para serem vistos.
Os detalhes normalmente não são vistos simplesmente porque não lhes damos importância. E não lhes damos importância porque acreditamos que não são defeitos, que não apresentam prejuízo algum e que são simples comportamentos aceitáveis que não fazem mal algum a ninguém. Desconhecemos a relação entre tais detalhes e os defeitos grandes e perigosos, motivo pelo qual os negligenciamos.
Quando reitero a necessidade de contemplarmos, de forma desbloqueada, a nós mesmos e orarmos pela morte dos defeitos descobertos, não estou afirmando que devamos fazê-lo sobre os defeitos maiores e mais visíveis. Na verdade, nossa prioridade devem ser os defeitos menores, quase invisíveis ou normalmente invisíveis, que passam a todo momento sem serem percebidos.
Todo o processo de dissolução do Ego se dá a partir da dissolução dos detalhes, que são suas manifestações sutis. Quanto mais sutil, mais difícil de ser enxergada é uma manifestação. Quem quer morrer, não pode reprimir ou resistir às manifestações sutis, muito pelo contrário: deve observá-las com máximo rigor criterioso e imediatamente orar pela dissolução. Se simplesmente detectar um detalhe e em seguida se ocupar em resistir, não irá eliminá-lo. A eliminação requer que se dê espaço para a atuação da Mãe Divina e aquele que recalca está Lhe tirando espaço.
Aquele que recalca um detalhe está tentando eliminá-lo sozinho e cometendo um erro. Quem diz ou pensa "EU eliminarei este defeito" está cometendo um erro, pois o Eu não elimina o Eu. Melhor é dizer "Minha Mãe eliminará este defeito para mim, enquanto o observo e peço por sua morte", e então deixá-La atuar.
Assim, entendamos que a observação desbloqueada procura o sutil, o pequeno, o imperceptível. Quanto mais a exercitamos, mais a desenvolvemos.
Os detalhes aparecem naqueles momentos em que tudo está bem, em que estamos despreocupados e acreditando que não há nenhum problema. Se observamos melhor, veremos muitas manifestações sutis do Ego em plena ação.
Você não será capaz de descobrir seus detalhes se não se relacionar com as pessoas. Os detalhes afloram na vida social. A vida social é necessária para que eles aflorem e sejam vistos. São milhões, mas se processam fora do campo de nossa consciência, a menos que o direcionemos para captá-los.

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