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terça-feira, 31 de maio de 2011

Um erro dos estudantes gnósticos

No início da década de 90, ao receberem do V.M.R. o precioso ensinamento sobre a Morte em Marcha e os Detalhes, os estudantes gnósticos (nós todos) o adaptaram à sua lógica repressionista anterior, à qual haviam sido condicionados pela sociedade. Receberam o vinho novo em odres velhos. Passaram, então, a vigiar os detalhes para reprimi-los cada vez mais, pois a sociedade os havia ensinado que os desejos seriam eliminados se fizessem "esforço para não senti-los". Acreditavam que reprimir os detalhes era uma forma de eliminá-los e não de barrá-los e ocultá-los vivos. Disciplinaram-se arduamente nesse sentido, vigiando-se e reprimindo-se de forma cada vez mais rigorosa. O resultado não poderia ser outro senão a catástrofe.
A sociedade nos ensina que os "desejos maus" são eliminados quando fazemos esforços para sufocá-los, tentando não senti-los. Tal pressuposto equivocado permaneceu entre os estudantes gnósticos, que tentaram adaptar os ensinamentos sobre a Morte do Ego a esses mecanismos. Os estudantes se auto-vigiavam e auto-observavam com o único intuito de se auto-reprimirem. A lógica era: reprimir-se o quanto possível e observar-se em busca de detalhes que escapassem à repressão. Nem bem um estudante descobria direito um detalhe, não reprimido anté então por descuido, suplicava por sua morte e imediatamente voltava a reprimi-lo em seguida, para, no dizer da época, "não deixá-lo se manifestar". A Morte havia sido tomada como sinônimo de repressão. Ninguém havia atentado para o importante fato de que a repressão não é mais que uma forma de fingimento, que o fingido simula virtudes, que aqueles que simulam virtudes são fanáticos hipócritas. Não havia a compreensão de que a repressão não impede manifestação alguma, apenas a canaliza por outros caminhos, e de que o verdadeiro meio de enfraquecer as manifestações até que deixem nos molestar é observá-las conscientemente e orar pela morte dos detalhes correspondentes. Não se compreendia que quem deveria eliminar os detalhes era a Mãe Divina e não nós.
Esse equívoco causou muito estrago.
Agíamos todos como se fôssemos virtuosos. Fingíamos castidade, mansidão, equilíbrio. Não passávamos de sepulcros caiados mas não nos dávamos conta disso. Nossa hipocrisia não era intencional, era inconsciente. Acreditávamos que aquele era o verdadeiro caminho para libertar a alma. Na verdade, não diferíamos dos religiosos comuns, desses que pregam virtudes e não as possuem. Em segredo, dávamos vazão aos conteúdos reprimidos, ou então, quando possível, disfarçávamos e justificávamos suas manifestações, inventando desculpas para que se tornassem aceitáveis (as manifestações de ira e perseguições pessoais "em defesa da obra" eram um bom exemplo disso).

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