Existem dois tipos de concentração: a interior e a exterior.
Na prática da concentração interior, temos que fazer uma diferença exata entre controlar os pensamentos e direcionar os pensamentos.
Controlar os pensamentos é pensar exatamente aquilo que se deseja previamente, definindo de antemão aquilo que se quer pensar. Direcionar os pensamentos é permitir que fluam espontaneamente em torno de um objeto ou lakshya escolhido.
Não há sentido em esperar que se possa aprender algo novo sobre um objeto no qual pensamos quando os pensamentos são controlados de forma absoluta pois, neste caso, os conteúdos que chegam à mente são somente os conteúdos previamente conhecidos. A verdadeira concentração está além do mero repassar dos mesmos pensamentos de sempre.
Na concentração, queremos descobrir coisas novas sobre o objeto, o que seria impossível sem o recurso do fluir espontâneo. Quando se fala em "submeter a mente" temos que compreender que se isso se refere a direcionar o seu fluxo.
O essencial, na concentração, é a contemplação contínua, prolongada, "natural e espontânea" (V.M.S). Quando somos capazes de direcionar o fluxo mental, temos a chance de contemplar conscientemente o surgimento de imagens mentais não planejadas previamente e que trazem consigo informações novas relacionadas com o alvo de nossa concentração.
Inicialmente, contemplamos o objeto subjetivamente, através do pensamento (imaginação) e, com o desenvolver das faculdades internas, passamos a contemplá-lo em si mesmo, transcendendo o pensamento.
Contemplar um objeto através do pensamento ou imaginação é contemplar a própria imaginação e, por extensão, o objeto que é seu conteúdo.
Portanto, na concentração interior, não deixamos de observar e de contemplar para somente imaginar e pensar, mas observamos aquilo que imaginamos, o que exige imparcialidade, calma e consciência no presente. O agora, neste caso, é o momento da prática.
O pensamento concentrado é o pensamento que flui espontaneamente em uma direção definida, revelando o novo por meio do desenrolar da imaginação.
A concentração exterior, por outro lado, não exige controle dos pensamentos, mas apenas descarte, porque nosso alvo, neste caso, não é um pensamento mas um objeto exterior. O motorista que está dirigindo um ônibus não necessita e não deve direcionar sua atenção para os pensamentos, sob o risco de provocar um acidente, e sim para a realidade presente com a qual está se ocupando: pedestres, trânsito, pista etc.
Portanto, saibamos diferenciar as coisas com clareza para não cairmos em erros que possam nos estancar espiritualmente.