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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A história do mestre Meng Shan

(Extraído de: Samael Aun Weor, A Magia das Runas, cap. 23)

Contam as velhas tradições, que se perdem na noite dos séculos, que o Mestre chinês Meng Shan conheceu a ciência da meditação antes dos vinte e cinco anos de idade.
Dizem os místicos amarelos que desde essa idade até os 32 anos ele estudou com 18 anciães.
Resulta certamente interessante, sugestivo e atraente, saber que este grande Iluminado estudou com infinita humildade aos pés do venerável ancião Wan Shan, quem lhe ensinou a utilizar inteligentemente o poderoso mantra WU, que se pronuncia com um duplo U, imitando sabiamente o uivo do furacão na garganta das montanhas.
Este irmão nunca esqueceu o estado de alerta percepção, de alerta novidade, tão indispensável e tão urgente para o despertar da consciência.
O venerável guru Wan Shan disse−lhe que durante as doze horas do dia é preciso estar alerta como um gato que espreita um rato ou como uma galinha que choca um ovo, sem abandonar a tarefa por um segundo sequer.
Nestes estudos, os esforços não contam e sim os superesforços. Enquanto não estejamos iluminados, temos de trabalhar sem descanso, como um rato que rói um ataúde. Se praticamos dessa forma, nos libertaremos da mente e experimentaremos diretamente esse elemento que a tudo transforma radicalmente, ISSO que é a Verdade.
Um dia, Meng Shan, depois de 18 dias e noites contínuas de meditação interior profunda, sentou−se para tomar chá e… ó maravilha!… compreendeu o sentido íntimo do gesto de Buda ao mostrar a flor e o profundo significado de Mahakasyapa com seu exótico e inesquecível sorriso.
Interrogou a três ou quatro anciões sobre a experiência mística, mas eles guardaram silêncio. Outros disseram−lhe para que identificasse a vivência esotérica com o Samádhi do Selo do Oceano. Este
sábio conselho, naturalmente, inspirou−lhe grande confiança em si mesmo.
Meng Shan avançava triunfante em seus estudos, mas nem tudo na vida são rosas, também há espinhos. No mês de Julho, durante o quinto ano de Chindin (1264), infelizmente contraiu desinteria em Chunking, província de Szechaun.
Com a morte nos lábios, decidiu fazer testamento e distribuir seus bens terrenos. Feito isto, incorporou−se lentamente, queimou incenso, e sentou−se num sítio elevado. Ali orou em silêncio aos três Bem−aventurados e aos Deuses Santos, arrependendo−se diante deles de todas más ações que cometera em sua vida.
Considerando certo o fim de sua vida, fez aos inefáveis um último pedido: Desejo que mediante o poder de Prajna e de um estado mental controlado, possa eu me reencarnar em um lugar favorável, onde possa fazer−me monge (swami) em tenra idade. Se por casualidade, me recobrar de sta enfermidade, renunciarei ao mundo e tomarei os hábitos para levar a luz a outros jovens budistas.
Depois de formular estes votos, submergiu em profunda meditação, cantando mentalmente o mantra WU. A enfermidade o atormentava, os intestinos torturavam−no espantosamente, porém ele resolveu não lhes dar atenção.
Meng Shan esqueceu por completo de seu corpo e suas pálpebras fecharam−se firmemente, ficando como se estivesse morto.
Contam as tradições chinesas, que quando Meng Shan entrou em meditação, só o verbo, isto é, o mantra WU (U… U…), ressoava em sua mente, depois não soube mais de si mesmo.
E a enfermidade…? Que houve com ela…? Que aconteceu…? Resulta claro, lúcido, compreender que toda afecção, doença, dor, tem por embasamento determinadas formas mentais. Se conseguimos o esquecimento radical, absoluto, de qualquer padecimento, o cimento intelectual se dissolve e a indisposição orgânica desaparece.
Quando Meng Shan se levantou do sítio no começo da noite, sentiu com infinita alegria que já estava quase curado. Sentou−se de novo e continuou submerso em profunda meditação até a meia−noite, quando sua cura se completou.
No mês de agosto, Meng Shan foi a Chiang Ning e cheio de fé ingressou no sacerdócio. Permaneceu um ano naquele mosteiro e depois iniciou uma viagem durante a qual ele mesmo cozinhava seus alimentos, lavava as suas roupas, etc. Então, compreendeu na íntegra que a tarefa da meditação deve ser tenaz, resistente, forte, firme e constante, sem se cansar nunca.
Mais tarde, caminhando por terras chinesas, chegou ao mosteiro do Dragão Amarelo. Aí, compreendeu a fundo a necessidade de despertar a consciência. A seguir continuou sua viagem em direção a Che Chiang.
Chegando lá, arrojou−se aos pés do Mestre Ku Chan de Chin Tien e jurou não sair do mosteiro enquanto não atingisse a Iluminação. Depois de um mês de meditação intensiva, recobrou o trabalho perdido na viagem, porém seu corpo encheu−se de horríveis bolhas, as quais foram intencionalmente ignoradas por ele, tendo continuado com a disciplina esotérica.
Um dia qualquer, não importa qual, convidaram−no para uma deliciosa comida. No caminho tomou sua Hua Tou e trabalhou com ela. Submerso em meditação, passou diante da porta de seu anfitrião sem se dar conta, foi quando compreendeu que poderia manter o trabalho esotérico mesmo em plena atividade.
No dia 6 de março, quando estava meditando com a ajuda do mantra WU, o monge principal do mosteiro entrou no Lumisial de Meditação com o evidente propósito de queimar incenso. Porém, aconteceu que ao golpear a caixa de perfumações, produziu um ruido específico. Então, Meng Shan reconheceu a si mesmo e pôde ver e ouvir o Chao Chou, notável Mestre Chinês
"Desesperado, cheguei ao ponto morto do caminho. Bati na onda (porém) não era mais que água. Ó,
esse notável velho Chao Chou, cuja cara é tão feia!"
Todos os biógrafos chineses estão de acordo ao afirmarem que, no outono, Meng Shan entrevistou−se com Hsueh Yen em Ling An e com Tui Keng, Hsu Chou, Shih Keng e outros notáveis anciões. Sempre entendi que o Koan ou frase enigmática decisiva para Meng Shan foi, sem sombra de dúvida, aquela com a qual Wan Shan o interrogou:
"Não é a frase 'a luz brilha serenamente sobre a areia da praia' uma observação prosaica desse tom de
Chang?"
A meditação nessa frase foi suficiente para Meng Shan. Quando Wan Shan o interrogou mais tarde com a mesma frase, isto é, repetiu−lhe a mesma pergunta, o místico amarelo respondeu atirando ao chão o colchão da cama, como que dizendo: JÁ ESTOU DESPERTO.