Atenção é uma faculdade da essência. Pensamento é uma função da mente. Atenção e pensamento são distintos.
Quem quer separar-se da mente, deve separar-se dos pensamentos. Quem quer separar-se dos pensamentos, deve primeiro ligar-se a um único pensamento, para depois descartá-lo. Ligar-se a um único pensamento é aprender a pensar em uma só coisa e esquecer tudo o mais.
O pensamento prolongado em algo é a concentração mental ou concentração do pensamento. A atenção prolongada sobre algo é a concentração da atenção.
A concentração da atenção é simplesmente a contemplação ou observação. Se você observa o comportamento de um pássaro, está com a atenção focada ou concentrada.
Quem não sabe concentrar a atenção não pode concentrar o pensamento, pois no pensamento concentrado a atenção contínua está presente. É a atenção que denuncia os desvios do tema. Se o praticante não está atento ao que está pensando, não se dá conta dos desvios e viaja nos sonhos e fantasias subjetivos da mente.
Entretanto, estar atento não é estar preocupado, é simplesmente estar receptivo e consciente.
Pode suceder que, ao prestar atenção, o praticante queira perceber algo mais do que está de fato percebendo e faça imensos esforços (1) para "ver o que ainda não consegue alcançar". O esforço articial para enxergar além das capacidades se transforma na meta e toma o lugar do lakshya, travando o desenvolvimento. Portanto, temos que trabalhar em nossa própria esfera atual de alcance, sem tentar dar pulos forçados.
Ao prestarmos atenção em uma rocha, por exemplo, é sensato enxergar e descobrir ao máximo os seus detalhes, mas não é recomendável tentarmos nos forçar a ver além do que estamos conseguindo no momento. Aquilo que somos capazes de perceber pode ser completamente invisível para quem nunca prestou muita atenção à rocha. Não conseguiremos penetrar nos aspectos supra-sensoriais e invisíveis da rocha por meio do conflito.
O mesmo princípio da espontaneidade da observação vale para a concentração do pensamento.
Fazer esforços para concentrar o pensamento ocasiona dores de cabeça. Na correta concentração, o pensamento é mantido no tema de forma natural e espontânea, sem contrações e nem tensões mentais ou físicas.
É comum que uma pessoa bem intencionada, mas ainda não bem preparada, faça esforços adicionais para "concentrar-se mais". Tal erro se deve ao desconhecimento do que é a verdadeira concentração. A pessoa ainda não compreende bem o que é "concentrar-se" e julga que uma concentração intensa resulta de um esforço intenso. Ao começar a concentrar-se, o pobre estudante faz esforços desesperados para aumentar sua concentração e cria conflitos com a mente, ao invés de abandoná-la aos poucos.
Sempre que alguém estiver pensando conscientemente em algo, estará com o pensamento ali concentrado, ainda que seja por alguns instantes. Se conseguir pensar em algo por 5 segundos, isso significa que ele esteve concentrado corretamente por 5 segundos e que deve aumentar o tempo um pouco mais. Ao invés de fazer esforços para "intensificar a atenção e o pensamento", deve somente empenhar-se em prolongar aquele estado, pensando mais sobre o lakshya. A concentração intensa e profunda é a concentração prolongada, que dura bastante tempo, e não a concentração feita com imensos esforços e tensões mentais. Quem quer intensificar e aprofundar a concentração, deve simplesmente prolongá-la. O aprofundamento e a intensidade resultarão então naturalmente.
A intensa concentração dos mestres é simplesmente uma entrega consciente, jamais um esforço desesperado.
Ao pensar no lakshya, não procure "algo mais" a ser feito e nem esforços adicionais, pois o necessário já está sendo feito: você está pensando no lakshya. Por quanto tempo conseguirá pensar?
Procure simplesmente pensar no tema (de forma prolongada) e não ir além desse empenho. Não queira ter visões, revelações e outras coisas esplendorosas. Esqueça-as. Elas virão um dia, no seu devido momento. Deixe que venham. Não tente se forçar a isso. Tente apenas prolongar o pensamento pelo máximo de tempo que puder, sem desviá-lo. Ao concentrar-se em uma planta, por exemplo, não se preocupe em ver sua fada, contente-se com o que é capaz de alcançar no momento e vá aprofundando e aperfeiçoando sua prática dia após dia. Um dia a fada aparecerá.
Na prática espiritual, as tentativas de conseguir algo mais do que estamos conseguindo podem assinalar uma espécie de artificialismo que nos impede de receber e apreciar corretamente a realidade que alcançamos até o momento presente. Uma espécie de cobiça espiritual (um defeito) nos motiva a ansiar pelo futuro ao invés de trabalharmos e contemplarmos o presente. Trata-se do extremo oposto da preguiça: o desejo de avançar rápido demais, por meio de passos maiores que nossas pernas. Se, por um lado, o preguiçoso fica estancado pela inércia, o ansioso ficará estancado por atrapalhar-se em suas próprias complicações. Eis a contradição: quem quer andar rápido demais termina andando tão devagar quanto aquele que não se empenha por preguiça. Aquele que escapar aos dois extremos, praticando bastante e sem desespero, progredirá na maior velocidade que lhe for possível.
Portanto, sejamos simples e ativos, mas esqueçamos o tempo e não nos preocupemos pelo que não conseguimos obter agora. Concentrar a mente é simplesmente pensar em algo por tempo prolongado e mais nada. Concentrar a atenção é observar algo por bastante tempo. Não inventemos artificialismos e nem complicações. Se praticarmos bastante e de forma correta, os horizontes irão se expandir e aprofundar de forma espantosa e rápida.
Os momentos em que estamos trabalhando, caminhando, conversando ou nos divertindo não são momentos para procurarmos o pensamento único. Quem procurar o pensamento único em tais situações irá se acidentar, poderá tropeçar, cair, ser atropelado, ferir-se, bater a cabeça ou cortar-se. Os momentos adequados para buscarmos o pensamento único são aqueles em que estamos quietos, descansando bem posicionados, deitados ou sentados, e não quando estamos nas atividades diárias. Durante a atividade diária, o mais indicado é a concentração da atenção no que estamos fazendo. O concentração no que estamos fazendo é a observação de nós mesmos em atividade, é o agir conscientemente. A auto-observação é uma forma de concentração da atenção.
Os momentos em que estamos trabalhando, caminhando, conversando ou nos divertindo não são momentos para procurarmos o pensamento único. Quem procurar o pensamento único em tais situações irá se acidentar, poderá tropeçar, cair, ser atropelado, ferir-se, bater a cabeça ou cortar-se. Os momentos adequados para buscarmos o pensamento único são aqueles em que estamos quietos, descansando bem posicionados, deitados ou sentados, e não quando estamos nas atividades diárias. Durante a atividade diária, o mais indicado é a concentração da atenção no que estamos fazendo. O concentração no que estamos fazendo é a observação de nós mesmos em atividade, é o agir conscientemente. A auto-observação é uma forma de concentração da atenção.
(1) Uso aqui a palavra "esforço" no sentido de contração e tensão. Não estou me referindo ao simples empenho em se fazer algo várias vezes ao dia ou com certa regra.
PS. Esse mesmo princípio, de ater-se ao que se está percebendo de fato e não ao que poderia ser percebido, vale para as práticas de observação dos detalhes do Ego e de observação da realidade circundante para se discernir em qual universo se está (se no mundo físico ou no mundo astral).