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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobre o desapego a este mundo

Temos que alcançar a aceitação das perdas, nos tornarmos dispostos a perder tudo. No final, tudo o que conhecemos deste mundo nos será tirado, não há saída, não há alternativa, além de aprendermos a conviver com essa fatalidade.
A aceitação da perda implica em morrer completamente em si mesmo. Mas não poderemos morrer para este mundo se não chegarmos a compreender que o mesmo é uma ilusão, que não é de modo algum como se nos apresenta.
Isso que chamamos de "meu mundo", meus amigos, minha família, meu emprego, minha amada, meus entes queridos, meus prazeres, minhas diversões enfim, minha vida (horizontal), não passa de um engano, uma ilusão, melhor dito: uma mentira. Mas não compreendemos isso e o tomamos por uma verdade, e é justamente aí que reside o nosso sofrimento. Sofremos porque damos importância ao que não existe, ao que é falso. E lhe damos tal importância porque cremos ser real.
Aquilo que entendemos como sendo nossa vida horizontal é um conjunto de imagens e significados e não coisas em si mesmas. Nossa consciência está aprisionada no mundo relativo das formas e não alcança penetrar na realidade maior. Não somos capazes de perfurar o véu da ilusão para penetrar no mundo verdadeiro. Como consequência, não conhecemos o mundo verdadeiro e, aos primeiros contatos com o mesmo, o tememos. Tememos o desconhecido e nos sentimos à vontade no mundo conhecido, o qual entreanto é falso. Em outras palavras: nos sentimos à vontade no mundo de mentira.
Eliminar os sentimentos de apego à vida e à matéria é importante, mas não é tudo. Há que se desenvolver conscientemente em outras dimensões, adquirir uma vida consciente paralela em outros mundos e ali estabelecer alicerces. Nós, adormecidos humanóides ignorantes do lodo da Terra, estabelecemos nossa base no mundo físico. Amamos a vida física, adoramos o corpo, os prazeres e as sensações. O mundo sensorial é aquele em que nos sentimos familiarizados.
Entretanto, cedo ou tarde seremos arrancados deste mundo sensorial. Então, necessitamos estabelecer bases mais sensatas, no interno.
Os inexperientes e desconhecedores imaginam que o mundo exterior, o sensorial, seja o mundo real e objetivo. Ignoram que não percebem os objetos em si (por ex. seus parentes e amigos), mas sim imagens fabricadas pelos seus cérebros, imagens que correspondem tão somente a uma parcela ínfima do que as coisas são em si mesmas. Em si mesmo, qualquer objeto existente é inacessível, pois seu aspecto absoluto é infinito.
Deste modo, compreender a nulidade deste sistema de coisas é parte fundamental para se adquirir a verdadeira felicidade. Somente o conseguiremos se morrermos muito em nós mesmos e nos desenvolvermos conscientemente na parte espiritual.

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