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sábado, 9 de outubro de 2010

A miséria do apego à matéria densa

No evangelho de Maria Madalena está escrito:

"Por isso adoeceis e morreis[...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra."

Os desejos são paixões pela matéria, em suas distintas formas. Os desejos são voltados para aquilo que é exterior, material. Desejamos mulheres, dinheiro, luxo. Desejamos também saúde e bem estar. Tudo isso é paixão pela matéria. A matéria produz em nós uma paixão sem limites, somos apaixonados pelo corpo físico e pelo mundo físico. Acreditamos que a felicidade se encontra na sensorialidade.

Quando sofremos uma imensa dor física, nossa atenção é violentamente forçada a se focar sobre o local da dor. Ali, onde está a atenção, está também o pensamento. Pensamos mil coisas sobre o problema físico, sobre a doença, lesão ou enfermidade. Estamos plenamente focados no sofrimento e não somos capazes de nos dissociarmos dele. Há uma atração forçada da mente, dos pensamentos e da atenção sobre o órgão ou parte do corpo afetada. Quanto mais atenção voltamos ao sofrimento, mais o intensificamos. A intensificação ocorre por nossa identificação com a matéria. E nos identificamos com a matéria porque estamos apaixonados por ela. Os seres humanos amam o mundo material de forma desesperada.

Quando morre um ente querido, nos desesperamos porque conhecemos tão somente sua parte ilusória. Nos apegamos à seu aspecto temporal, perecedouro. Tememos a morte pela mesma razão. Se nos desenvolvêssemos conscientemente em outros mundos, nos universos paralelos, as coisas seriam diferentes. Mas estamos apaixonados por este mundo e não pelo outro. Somos feridos pela morte por causa do materialismo arraigado em nossas almas.

Se não estivéssemos distantes d'Aquilo que é imperecedouro, imutável e eterno em nós, teríamos acesso ao que é imperecedouro, imutável e eterno no outro. O amor transcenderia o espaço e o tempo, a morte seria entendida como reencontro, como retorno ao lar.

O apego ao mundo e o medo de viajar ao Além, durante a meditação e as viagens astrais, bem como o temor da desencarnação originam-se do apego a este mundo sensorial.

Desenvolver-se espiritualmente é, entre outras coisas, dissociar-se da matéria densa e do veículo físico.

A apego à matéria nos leva à identificação com o corpo. A identificação com o corpo nos impele a buscar ardentemente os prazeres sensoriais e a sofrer com a dor física. Quanto mais prazeres buscarmos, mais dores teremos que sofrer como compensação, para restabelecimento do equilíbrio.

O Ego é o anseio pela vida, pelos prazeres dos sentidos. Quando o Ego morre, morre o apego ao mundo.

Apaixonar-se pelo que é perecedouro e finito é prender-se ao sofrimento. Mas somente poderia apaixonar-se pelo aspecto eterno da vida quem realizou o Eterno em si mesmo. O Ser é o sempre, algo que os materialistas nunca entenderão.

O Ser, que é Eterno, poderia eternizar o corpo físico e protegê-lo de todo desequilíbrio, se o Ego, que é paixão pela matéria, não interferisse. Por uma estranha contradição, aqueles que adquirem a imortalidade física são justamente aqueles que se desvincularam emocionalmente da vida material de forma absoluta, por meio da morte do Ego.

Quando Pistis Sophia desce até este Eon, ela se apaixona e sofre terrivelmente. A matéria possui um poder hipnótico.

A matéria a qual este artigo se refere é a matéria física e não a matéria espiritual. A matéria física existe para ser vencida, viemos a este mundo para vencê-lo. Vencer este mundo é vencer as paixões, os inimigos interiores.

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