(Extraído de: Samael Aun Weor, A Magia das Runas, cap. 17)
Informação intelectual não é vivência. Erudição não é experiência. O ensaio, a prova e a demonstração exclusivamente tridimensional não são Unitotais.
Tem de haver alguma faculdade superior à mente e independente do intelecto que seja capaz de nos dar um conhecimento e uma experimentação direta sobre qualquer fenômeno. Opiniões, conceitos, teorias, hipóteses, não significam verificação, experiência, consciência plena sobre tal ou qual fenômeno.
Somente libertando−nos da mente podemos viver de verdade ISSO que há de real. AQUILO que se encontra em estado potencial atrás de qualquer fenômeno. Mente há em toda parte. Os sete cosmos, o mundo, as luas, os sóis, nada mais são do que substância mental cristalizada ou condensada.
A mente também é matéria, ainda que bem mais rarificada. Substância mental existe nos reinos mineral, vegetal, animal e humano. A única diferença que existe entre o animal intelectual e a besta irracional é isso que se chama intelecto. O bípede humano deu à mente forma intelectual. O mundo nada mais é do que uma forma mental ilusória que se dissolverá inevitavelmente no fim deste grande dia cósmico.
Minha pessoa, teu corpo, meus amigos, as coisas, minha família… são no fundo isso que os hindus chamam de maya ou ilusão. Vãs formas mentais que cedo ou tarde deverão ser reduzidas a poeira cósmica.
Meus afetos, os seres queridos que me cercam, etc., são formas simples da mente cósmica, não tendo uma existência real.
O dualismo intelectual, tal como o prazer e a dor, os elogios e as ofensas, o triunfo e a derrota, a riqueza e a miséria, constitui o doloroso mecanismo da mente. Não pode haver verdadeira felicidade dentro de nós enquanto sejamos escravos da mente.
Urge que montemos no burro (a mente), para entrarmos na Jerusalém Celestial em um Domingo de Ramos. Infelizmente, hoje em dia, o asno monta em nós, miseráveis mortais do lodo da terra.
Ninguém pode conhecer a verdade enquanto seja escravo da mente. O Real não é questão de suposições, mas de experiência direta.
Jesus, o grande Kabir, disse: Conhecei a verdade e ela vos fará livres. Porém eu vos digo: A verdade não é questão de afirmações, negações, crenças ou dúvidas. A verdade tem de ser experimentada diretamente na ausência do Eu, além da mente. Quem se liberta do intelecto, pode experimentar, viver, sentir, um elemento que transforma radicalmente.
Quando nos libertamos da mente, ela se converte em um veículo dúctil, elástico, útil, mediante o qual nos expressamos neste mundo de maneira consciente. A lógica superior convida−nos a pensar que se libertar, se safar de toda mecanicidade, se emancipar da mente, equivale a despertar a consciência e a terminar com o automatismo.
Aquilo que está além da mente é Brahma, o eterno espaço incriado, ISSO que não tem nome, o Real.
Porém, vamos ao grão: Quem ou o que deve se safar, se libertar, da mortificante mente?
Respondemos esta interrogação com as seguintes palavras: O que deve e que pode se libertar é o que temos de Alma em nós, a consciência, o princípio budista interior.
41/128A mente só serve para nos amargar a existência. Felicidade autêntica, legítima, real, só é possível quando nos emancipamos do intelecto. Porém, devemos reconhecer que há um inconveniente, um obstáculo maiúsculo, um óbice para essa aspirada libertação da Essência. Quero me referir ao tremendo batalhar das antíteses.
A Essência, a consciência, ainda que de natureza búdica, infelizmente vive engarrafada no aparatoso dualismo dos opostos: sim e não, bom e mau, alto e baixo, meu e teu, gosto e desgosto, prazer e dor, etc.
A todas as luzes resulta brilhante compreender que quando cessa a tempestade no oceano da mente e termina a luta entre os opostos, a Essência escapa e submerge no Real.
O dificultoso, trabalhoso, árduo e penoso, é conseguir o silêncio mental absoluto em todos e em cada um dos 49 departamentos subconscientes da mente. Alcançar ou obter quietude e silêncio no nível meramente intelectual ou em uns quantos departamentos subconscientes, não é o suficiente porque a Essência continua ainda enfrascada no dualismo submerso, infraconsciente e inconsciente.
Mente em branco é algo demasiado superficial, oco e intelectual. Necessitamos de reflexão serena, se de verdade queremos conseguir a quietude e o silêncio absoluto da mente.
A palavra MO significa silencioso ou sereno. CHAO significa refletir ou observar. Logo, MO CHAO pode ser traduzido como reflexão serena ou observação serena. Porém, no gnosticismo puro, os termos serenidade e reflexão têm um sentido muito mais profundo e devem ser compreendidos em suas conotações especiais.
O sentido de sereno transcende ao que normalmente se entende por calma ou tranqüilidade. Implica em um estado superlativo que está além dos raciocínios, dos desejos, das contradições e das palavras.
Designa a uma situação que se encontra fora do bulício mundano.
O sentido de reflexão está bem além disso que sempre se entendeu por contemplação de um problema ou de uma idéia. Aqui, não implica em pensamento contemplativo ou em atividade mental e sim numa espécie de consciência objetiva, clara e refletora, sempre iluminada pela sua própria experiência.
Portanto, sereno aqui é a serenidade do NÃO−PENSAMENTO e reflexão significa consciência intensa e clara.
Reflexão serena é a consciência clara na calma e na tranqüilidade do NÃO−PENSAMENTO.
Quando reina a serenidade perfeita, consegue−se a verdadeira e profunda Iluminação.