Blog destinado a temas de interesse de gnósticos e simpatizantes. Se você sofre por não ter sucesso na Morte do Ego e se preocupa porque o tempo está passando, ou se é simplesmente alguém que quer se livrar de problemas emocionais e desejos prejudiciais que te afligem, você veio ao lugar certo. As idéias aqui contidas expressam apenas a opinião pessoal do autor e não substituem de modo algum a orientação de um mestre de consciência desperta.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Abordando imparcialmente o lado tenebroso
quarta-feira, 27 de abril de 2011
A disciplina e a vontade na aplicação do livre arbítrio interior
domingo, 17 de abril de 2011
Arrependimento e culpa
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Buscando o sublime através da meditação
Durante a meditação, deixamos para trás tudo o que é denso: corpo físico, corpo etérico, corpos astral e mental, pensamentos, sentimentos, recordações. Nos dissociamos dos elementos que nos prendem à realidade temporal, ao mundo relativístico. Buscamos aquilo que é sublime, divino, superior, elevado, leve, divino.
O desligamento se inicia com o relaxamento, prossegue com a concentração e se realiza na meditação, mas pode prosseguir e se aprofundar a niveis inimagináveis. Não há limites na viagem da alma em busca da leveza.
O trabalho de meditar é o trabalho de dissociar completamente a consciência da mente, do corpo físico, dos sentimentos e dos elementos externos.
Na verdade, nos desligamos de tudo para experimentar aquilo que nunca antes experimentamos e que não pode ser descrito e nem imaginado. Qualquer tentativa de se imaginar o que se poderia experimentar fracassa e pode até sabotar a meditação caso se converta em guia do que deveríamos fazer. A experiência da meditação é a experiência do desconhecido.
O esforço que se faz na meditação pode ser qualificado como um esforço negativo. Um esforço negativo é um esforço menor que zero. Todo o empenho é no sentido de se atingir o esquecimento e a despreocupação totais. Meditar é uma forma de dormir e semelhante a morrer (embora não seja a mesma coisa que morrer).
Quem pressupõe um caminho ou meio, através do qual deva se esforçar para meditar, está se sabotando antes de iniciar a prática. Pressupostos sobre a meditação a travam de antemão.
Quanto tempo dedicar às práticas?
A frequência ideal para as práticas de meditação é o maior número de vezes possível durante o dia. Entretanto, todas as práticas devem ser feitas sem esforço (sem forçar-se). A pessoa deve se sentir bem, e não mal, ao fazer as práticas. A leve dor de cabeça, característica do esforço mental, não pode ser sentida.
Uma sugestão minha: em vigília, reparta o seu tempo entre a meditação e a dedicação ao ginásio psicológico (morte em marcha), dedicando 50% do tempo a cada uma.
Alterne as práticas ao longo do dia, isso significa: alterne períodos de atividade contemplativa (meditação) com períodos de atividade corporal (morte em marcha, luta do dia a dia).
Se dedicarmos a metade do nosso tempo à meditação (e práticas afins) e a outra metade à morte em marcha (e práticas afins), reproduziremos o mesmo comportamento em astral, à noite.
O conteúdo dos pensamentos
Cada pensamento possui um conteúdo. O conteúdo de um pensamento é a informação que ele traz. Exemplo: se penso em uma casa com uma mulher na janela, este é o conteúdo do meu pensamento.
O conteúdo de cada pensamento corresponde a uma faceta do ego que o emite. Os egos usam o centro intelectual para emitir mútiplos pensamentos.
A esmagadora maioria dos pensamentos são inúteis, meros desperdícios de energia intelectual, e não servem para nada.
Usar nossa pequena margem de livre arbítrio intelectual para parar de pensar é o primeiro passo. Observar e pedir a morte dos pensamentos que fogem ao alcance deste livre arbítrio é o segundo passo.
Então, fazemos duas coisas: pedimos a morte dos pensamentos existentes e, mediante o exercício da vontade, deixamos de recriá-los ou de criar novos pensamentos.
A auto-observação revela o conteúdo de cada pensamento e permite verificar o avanço na morte do defeito correspondente.
Pensamentos são manifestações do Ego no centro intelectual.
Quando nos propomos a eliminar um ego, o primeiro a fazer é não ocupar nossa mente com os objetos de sua libido (desejos, medos, sofrimentos etc.). Se ocuparmos nossa mente com os pensamentos emitidos pelo Ego, o fortificaremos e jamais o eliminaremos. A verdadeira morte é o enfraquecimento progressivo, até o definhamento e morte totais (decapitação). Morte é esquecimento.
A vigilância no sentido de não reprimir e nem deixar de pedir pela morte da faceta expressa no pensamento deve ser rigorosa. Temos que encontrar um ponto interno de equilíbrio, onde não reprimimos os pensamentos, mas também não deixamos que passem sem serem queimados pela Mãe Divina. Não os reprimimos, mas não deixamos de pedir à Mãe Divina que os mate. Aí está o rigor da disciplina mortal e não repressora.
Neste ponto de equilíbro, não emitimos nenhum pensamento voluntariamente, mas pedimos a Morte para todos os pensamentos involuntários que nos assaltam, sem nos preocuparmos em reprimir estes últimos e nem tampouco alimentá-los pela identificação.
Alimentar um pensamento pela identificação e pedir por sua morte é um contra-senso. Alimentar um pensamento pela identificação e tentar reprimi-lo também é um contra-senso. O correto é não reprimir e nem estimular, mantendo-nos fora desta dualidade.
Existem pensamentos voluntários e involuntários. Os voluntários são aqueles que podemos deixar de emitir por um simples esforço de vontade. Os involuntários são aqueles que não nos deixam, mesmo quando tentamos expulsá-los de nosssa mente (ex. música que toca na cabeça por vários dias).
Na correta prática da morte, não emitimos voluntariamente os pensamentos e não deixamos que os pensamentos que nos invadem involuntariamente passem sem serem mortos pela Divina Mãe.
Na correta prática da morte, não procuramos os pensamentos: os esquecemos e nos ocupamos com nossas tarefas cotidianas. No entanto, não deixamos que passem por nossa mente sem serem afetados pelo fogo da Mãe Interna. Por isso nossa meta é a observação e a oração.
Procurar os pensamentos é evocá-los, atraí-los e criá-los, motivo pelo qual não os procuramos. Mas não deixamos de percebê-los quando chegam sem terem sido chamados e, nesse caso, imediatamente pedimos pela morte.
Os pensamentos devem morrer porque não são o Ser e obstaculizam o Ser. Somente o Ser (ou Essência) deve ser admitido em nós.
Quem se deixa fascinar pelos pensamentos, confunde-os com a Essência, alimenta os egos que os emitiram e se torna incapaz de observá-los . A mente deve sempre ser vista como um elemento estranho, como algo distinto do Ser.
Buscamos o Ser Verdadeiro, nosso Espírito Divino, que é o que temos de melhor e mais decente. Então, não cultivemos o Ego, apressemos sua morte e o Ser resplandecerá. O Real Ser é Deus em nós.
O conhecimento do coração
Existe uma sabedoria do intelecto, que pertence à cabeça, e existe uma sabedoria do coração.
A sabedoria da cabeça vincula-se ao pensar, o qual, por sua vez, vincula-se ao sensorial: a lógica do intelecto é dada pelos sentidos comuns.
A sabedoria do coração vincula-se a um sentir específico. Sua lógica é de tipo interno e se fundamenta no supra-sensorial.
A emoção também é veículo de conhecimento. O mundo das emoções que podem ser experimentadas é infinito e corresponde a todo um universo a ser conhecido.
Podemos conhecer um objeto a partir das sensações físicas que o mesmo nos proporciona e a partir das sensações internas que provoca.
Um objeto qualquer do mundo provoca em nós sensações internas e a percepção consciente das mesmas constitui uma forma de conhecimento. Esse é o conhecimento do coração.
O conhecimento do coração é o conhecimento das sensações interiores.
O mundo inteiro, com todos os seus objetos físicos exteriores, toca o homem psiquicamente, de forma análoga à que o toca com suas vibrações físicas. A luz refletida por um pássaro afeta a retina, o som produzido por seu canto, afeta seus ouvidos. Mas há algo além: a imagem, o canto, a presença do pássaro provoca em nós uma reação psíquica: emoções de variados tipos, recordações, imagens mentais etc. O pássaro também nos atinge interiormente.
A principal forma de sermos atingidos interiormente por algo é a emocional.
Se nosso sentido de auto-observação fosse desenvolvido, veríamos uma gama imensa de emoções oriundas dos objetos que nos rodeiam. Estaríamos captando o aspecto astral do mundo e adquirindo o conhecimento do coração.
Quando as percepções emocionais se tornam conscientes e objetivas, desenvolvemos a faculdade da intuição, que é o mesmo conhecimento do coração, aprimorado e treinado. O intuitivo lê o mundo com o centro emocional.
Quem tem o ego desenvolvido não pode ter conhecimento intuitivo porque suas emoções são desordenadas, caóticas e subjetivas.
Se quisermos entrar nos mundos espirituais, temos que desenvolver a emoção. As emoções inferiores caotizam e desordenam a percepção interior.
Todo ser humano possui um pouco de intuição que pode ser exercitada e desenvolvida, desde que se saiba o caminho.
Não há limite para o desenvolvimento do conhecimento do coração. A capacidade de discernir objetivamente as emoções que sentimos pode ser aprimorada até níveis inimagináveis, revelando o que ao intelecto se mantém oculto.
À medida que o Ego morre, as emoções não deixam de existir: se tornam mais e mais objetivas, correspondendo-se com a realidade.
Não temos que nos tornar seres frios e sem emoção, temos que eliminar as emoções inferiores e desenvolver as emoções superiores.
Aqueles que supõem não existir relação alguma entre a emoção e a realidade estão enganados. A realidade não pode ser capturada objetivamente na frieza porque a emoção é, ela própria, uma parte da realidade. A emoção humana é parte do aspecto emocional do universo.
A realidade não é constituída somente por vibrações sonoras, luminosas e de outros tipos.
Existem também as vibrações psíquicas (emocionais e mentais, entre outras não compreensíveis ao intelecto materialista), as quais fazem parte da realidade e são requeridas para uma compreensão mais profunda do todo no qual estamos inseridos.
A frieza do intelecto, que exclui a emoção, não pode penetrar no aspecto mais profundo do universo. Pode ser útil para a compreensão da secção sensorial do mundo, mas se torna desorientante quando aplicada à tentativa de se ir além, como vemos nos casos dos cientistas que tentam penetrar o mundo subatômico sem renunciar ao paradigma sensorialista.
A Essência e o Ser
A Essência do ser humano é sua própria alma.
Em estado original, a alma é pura e perfeita. Quando se identifica com a matéria, cria desejos e se corrompe.
A Essência é o que há de espiritual encarnado no homem. O Espírito Divino não está encarnado, senão parcialmente. Apenas uma fração ínfima do Espírito está encarnada nas pessoas comuns: a essa pequena parte do Espírito, encarnada no ser humano, chamamos de Essência.
O Espírito Divino é o Real Ser, o qual não pode encarnar totalmente devido ao obstáculo do Ego. Quando o Ego morre, o Ser toma posse do seu veículo.
Além da Essência, o Espírito possui outras partes autônomas, que atuam de forma independente em outros universos.
Cultivar a Essência é abrir caminho para o Espírito. O choque da recordação de si é a primeira forma de cultivar e alimentar a alma.
Embora encarnada, nem sempre a Essência está no corpo físico, muitas vezes ela viaja, adormecida, para outros mundos, enquanto muitos egos usam o seu veículo para cometer diabruras.
Recordação de si e observação são as primeiras formas de exercitá-la e desenvolvê-la.
A alma que não se recorda de si, se fascina e se confunde com os egos, gozando e sofrendo suas dores e euforias.
A alma que se recorda de si abre caminho ao Ser.
O Espírito está além da Essência, mas vela por ela e a auxilia desde os universos divinos mais distantes, acompanhando seu desenvolvimento. A alma é um membro do Espírito, uma fagulha ou emanação. Assim como o Espírito emana da Grande Realidade Única (o Deus Uno), a Essência ou alma emana do Espírito ou Real Ser.
O Real Ser possui várias emanações, sendo uma delas a nossa Essência, pura e primordial. Outras emanações são: a Mãe Divina, o Cristo Interior, o Íntimo e outras mais. O todo, a soma de todas as emanações constituem o Real Ser.
Quando cometemos algo errado, prejudicando alguém, estamos agredindo e ferindo a nós mesmos, ao nosso Ser. Quem pratica o mal está se auto-agredindo, auto-apunhalando e se auto-assassinando.
Nosso veículo físico deve ser entregue ao seu verdadeiro e legítimo dono: o Real Ser. Temos que buscar, amar e nos vincular ao que verdadeiramente somos e não ceder nosso veículo a elementos estranhos, invasores que unicamente roubam suas energias e o destroem. Os egos, sejam nossos ou de outras pessoas, são mercadores do templo que precisam ser expulsos com o chicote.
Recordar-se do Ser
Concentração e esforço
Agora, vamos diferenciar a concentração da atenção e a concentração do pensamento. Há uma diferença entre ambos.
Concentrar a atenção é algo sensorial, está relacionado à percepção (embora possa também ser algo supra-sensorial). Se percebo algo de forma prolongada e contínua, estou com a atenção concentrada sobre aquilo. Concentrar o pensamento é algo mental: trata-se de fazer com que o fluxo da mente, normalmente aleatório e subjetivo, assuma uma forma unidirecional, ou seja, volte-se para um único tema ou objeto. Se penso tudo o que sou capaz de pensar sobre uma vela e o faço de forma plena, espontânea e natural, estou mentalmente concentrado nessa vela.
A concentração do pensamento depende da concentração da atenção pois, durante a concentração mental, os pensamentos sobre o lakshya são o objeto da atenção. Concentrar a atenção é algo que vem primeiro, concentrar o pensamento é algo que vem depois e demora um pouco mais para ser aprendido. Em ambos os casos, deve haver descontração progressiva e não contração.
Se estou prestando atenção, com os olhos abertos, nos detalhes anatômicos de uma planta, estou com a atenção concentrada, recebendo sensorialmente suas características. Se começo a refletir sobre a planta, estou com a mente concentrada na planta (pensamento único). A reflexão sobre a planta exige o recurso da imaginação, que é uma forma assumida pela mente. Quando fecho os olhos, imagino e reflito sobre a planta, sem me desviar para outros temas, estou percebendo os conteúdos imaginativos supra-sensorialmente e não de forma meramente sensorial. Se, mesmo com os olhos abertos, obtenho insights e revelações sobre a planta na qual estou prestando atenção, estarei concentrado mentalmente nela.
Portanto, podemos passar da mera concentração da atenção em um objeto exterior para a concentração do pensamento sobre o mesmo objeto, isto é, podemos passar do mero ato de perceber o objeto com os olhos físicos para o ato de pensar de forma profunda e objetiva naquele mesmo objeto. Podemos também realizar as duas coisas simultaneamente: ver o objeto e refletir nele enquanto continuamos a vê-lo. Podemos, ainda, somente refletir no objeto com os olhos fechados, sem percebê-lo com os olhos físicos.
Quando contemplamos o objeto com os olhos físicos, o estamos recebendo sensorialmente. Quando refletimos no objeto com os olhos fechados, estamos capturando supra-sensorialmente imagens que criamos a respeito e imagens que não criamos a respeito, mas que foram criadas pela própria natureza. Estas últimas correspondem à contra-parte supra-sensível do objeto. À medida que abandonamos as imagens que criamos, vamos acessando as imagens que a natureza criou e nos aproximando da essência supra-sensível do objeto que nos interessa. Logo, todo objeto possui uma parte sensível e uma contra-parte supra-sensível. A parte sensível é acessível sensorialmente (aos olhos físicos). A parte supra-sensível é acessível supra-sensorialmente (aos sentidos internos). A alma possui sentidos. A visão espiritual é um dos sentidos da alma e seu princípio é a imaginação humana. A faculdade imaginativa é a visão espiritual atrofiada e que pode ser desenvolvida.
O excessivo materialismo atrofiou a visão espiritual da humanidade e por isso vivemos aprisionados na sensorialidade, no mundo físico.
A concentração e a meditação desenvolvem a imaginação até o ponto de transformá-la em uma visão espiritual perfeita, pela ativação e exercício constante dos chakras. Também desenvolve a emoção superior até o ponto de transformá-la em intuição. Mas, para serem executadas corretamente, requerem que sejam praticadas na ausência de conflitos, tensões, contrações, preocupações e esforços.
Nota:
(1) a palavra "esforço" e usada aqui como sinônimo de tensão/contração e não de um empenho dedicado a algo.
(2) que são atenções no que não interessa.