Blog destinado a temas de interesse de gnósticos e simpatizantes. Se você sofre por não ter sucesso na Morte do Ego e se preocupa porque o tempo está passando, ou se é simplesmente alguém que quer se livrar de problemas emocionais e desejos prejudiciais que te afligem, você veio ao lugar certo. As idéias aqui contidas expressam apenas a opinião pessoal do autor e não substituem de modo algum a orientação de um mestre de consciência desperta.
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terça-feira, 31 de maio de 2011
Um erro dos estudantes gnósticos
domingo, 29 de maio de 2011
A relatividade da distância
A distância é uma ilusão da mente e não existe no mundo real. Dois objetos que nos parecem separados por um espaço, em um nível profundo de realidade, estão unidos.
Se a distância entre dois objetos existisse objetivamente, não poderia ser encurtada com o aumento da velocidade e seria sempre a mesma. A distância entre dois pontos poderá ser maior ou menor, consoante a escala espaço-temporal em que se vive ou à velocidade com que se desloca de um a outro.
Uma pessoa poderá transformar dois pontos distantes em pontos muito próximos, caso se desloque a grandes velocidades. Caso dê um salto e passe a viver na escala do seu Espírito, os pontos distantes lhes serão vizinhos.
Consideramos que São Paulo e Tóquio estão distantes porque estamos quase divorciados do nosso Ser.
O Ser tem o poder de transitar por diversas escalas de espaço e de tempo, de acordo com sua vontade. No mundo do Espírito, o passado pode ainda estar acontecendo e o futuro já ter chegado, ambos irmanados em um agora contínuo.
Nossa pobre consciência sofre, aprisionada em uma pequeníssima fração da Grande Realidade. Vivemos e nos movemos em uma parcela relativa do Todo. As distâncias que consideramos longas somente possuem sentido dentro da relatividade em que estamos aprisionados. Se nos libertássemos, poderíamos vivenciar o distante no aqui e o futuro no agora.
O mundo das relatividades não é o mundo verdadeiro, é o mundo das ilusões, dos pontos de vista.
Se o espaço e o tempo fossem absolutos, não poderiam ser alterados pela velocidade. Mas a verdade é que podem ser alterados pela velocidade. Quando estamos atrasados, pedimos ao motorista para que aumente a velocidade. Um lugar será ou não distante de outro em dependência da velocidade de deslocamento de que dispusermos.
Aprofundando a concentração
Diferenças e semelhanças entre concentração e distração
A distração e a concentração apresentam pontos em comum e também diferenças diametrais.
Vocês já viram uma pessoa distraída com algo, algum entretenimento? Observem-na: nada mais existe além do objeto do seu interesse. Ela se esquece de todo o resto do mundo. A concentração é semelhante à distração, no que se refere ao envolvimento, mas oposta a ela no que se refere à consciência. o distraído não está consciente do que faz, está esquecido de si mesmo, ao passo que a pessoa concentrada está percebendo plenamente o que faz.
Quando estamos distraídos, estamos com atenção plena, natural e espontânea naquilo que nos interessa, mas, ainda assim, não é correto dizer que estamos concentrados, pela simples razão de que não estamos conscientes do que estamos fazendo.
A diferença entre a concentração e a distração é a consciência, as semelhanças são o envolvimento, a absorção, a entrega e a espontaneidade.
O distraído está fascinado, esqueceu-se de si mesmo. O concentrado está plenamente lúcido, percebe aquilo que lhe interessa com profundidade crescente. Entretanto, ambos estão entregues e absortos.
Equivocam-se aqueles que imaginam a concentração como um ato de esforço, pois a concentração é um ato espontâneo e natural. Fazer esforço para se concentrar é sabotar a concentração.
Observem-se quando estiverem distraídos e verão que se encontram plenamente ocupados com aquilo que lhes interessa, como se estivessem concentrados, mas não o estão simplesmente porque estão fazendo aquilo inconscientemente, por impulso, e mantêm a consciência passiva, sem receber os fatos e sem perceber nada.
Quando estamos tentando nos concentrar e um pensamento nos atrapalha, dizemos que aquele pensamento nos distraiu, ou seja, roubou nossa atenção. Isso significa que a atenção foi desviada do alvo de nosso interesse para outro alvo que não havíamos planejado. Logo, a distração é também uma forma de focarmos atenção e nos oferece um parâmetro para entendermos o que seria uma atenção concentrada. Se quisermos entender o que é a concentração, basta observarmos o que é a distração. A concentração é o pólo contrário da distração, mas nem por isso deixa de ser semelhante a esta última, em certos aspectos. Ambas são similares e antitéticas, são especulares.
É importante entender o que é exatamente a concentração para se evitar esforços equivocados.
Para se desenvolver a concentração, é conveniente escolher objetos que nos interessem, pois se tentarmos nos concentrar em algo que nos molesta, algo enfadonho, teremos dificuldade, nos cansaremos e não teremos resultado.
As pessoas leigas costumam confundir uma pessoa concentrada com uma pessoa distraída. Se alguém caminha por uma estrada altamente lúcido e concentrado, os demais podem achar que ele está distraído com seus pensamentos, isso porque, aparentemente, os dois estados são semelhantes, mas diferem radicalmente no que tange à lucidez e a recordação de si.
O indivíduo concentrado percebe de forma intensa e objetiva aquilo que se propôs a observar, pois aprofunda a sua atenção e não mariposeia. Já o distraído mariposeia , muda de objeto constantemente e seu pensamento é superficial.
Há um certo tipo de divagação superior e objetiva na concentração, isenta de fascinação e totalmente distinta das divagações subjetivas da distração. Trata-se de uma viagem imaginativa que ocorre sem perda de consciência, sem queda na fantasia.
Poderíamos, para melhor entendimento, colocar as coisas assim: a distração é uma concentração inconsciente, enquanto a concentração é uma distração consciente (apenas para facilitar o entendimento, pois em realidade são opostos).
Concentrar-se é contemplar, observar com interesse.
A concentração está para a imaginação consciente assim como a distração está para a imaginação mecânica (fantasia).
Que ninguém suponha que a concentração seja um conflito com a mente, pois é a superação ou transcendência dos conflitos. Na concentração, tudo vai ficando para trás, inclusive os conflitos com a mente.
Um homem dirigindo em uma estrada, plenamente lúcido e relaxado, sem que nada o distraia, está altamente concentrado.
Tanto na concentração quanto na distração há receptividade, a pessoa está aberta ao objeto, porém na distração não há aprofundamento, a pessoa muda constantemente de objeto.
No cotidiano, temos que aprender a nos concentrar naquilo que estamos fazendo, sem distração, isto é, temos que contemplar a nós mesmos em cena, em ação. Então descobrimos muita coisa sobre o ego que antes não suspeitávamos.
A auto-observação é uma concentração em si mesmo, no que se está realizando.
Um motorista concentrado perceberá minuciosamente o que está fazendo. Esquecerá seus pensamentos, não se ocupará com eles, os deixará para trás. Somente perceberá o que estiver diretamente relacionado à sua tarefa ou ocupação naqueles momentos. Estará presente ao momento e ao lugar, vivendo o aqui e o agora. Perceberá profundamente o que faz, nuances e detalhes do ato penetrarão em seu campo de consciência. Seu campo de consciência abrangerá a estrada, os movimentos do volante, as acelerações e desacelerações, curvas, perigos etc. estará conscientemente entregue ao ato. Seu centro intelectual estará em repouso,enquanto seu centro motor e sua consciência estarão em atividade.
A concentração é o caminho para a meditação e não se consegue silenciar a mente sem antes desligar-se dos múltiplos pensamentos. Quem rejeita a concentração não conseguirá meditar.
Tenho visto pessoas tentarem meditar sem concentração e até rejeitando o sono, o que me parece um absurdo. A mesma similaridade antitética que existe entre a concentração e a distração, existe entre a meditação e o sono. A meditação é um sono consciente, enquanto o sono comum é algo assim como uma espécie de meditação inconsciente (digo isso para fins didáticos, pois a verdadeira meditação é consciente). Tentar meditar rejeitando o sono é forçar uma falsa meditação, cujo efeito é danificar o cérebro. A verdadeira meditação não cria transtornos psiquiátricos, mas a falsa meditação ou meditação sem sono sim. Por isso é tão importante compreender corretamente a teoria. Ninguém pode meditar de verdade sem baixar as ondas cerebrais e o metabolismo. Assim como no sono, os batimentos cardíacos, a respiração e muitas outras funções corporais reduzem-se durante a meditação.
Quando você ouvir falar em meditação, pense em algo análogo ao sono que você tem todas as noites, porém consciente.
O êxtase que se atinge por meio da concentração e da meditação não tem nada a ver, no que se refere à consciência, com os transes, sejam hipnóticos, mediúnicos ou de quaisquer outros tipos. Também entre o transe e o êxtase existem similaridades antitéticas, ambos são semelhantes e contrários.
A partir da concentração, chegamos à meditação e ao êxtase. A partir da fascinação, chegamos ao transe. O indivíduo em transe está absolutamente inconsciente, adormecido, enquanto o indivíduo em êxtase está hiperconsciente e hiperlúcido, ainda que seus centros e seu corpo físico estejam em repouso.
O V.M.R. nos diz que, quando criança, se concentrava, por medo, no som dos grilos à noite, ao deitar-se, e que tal concentração instintiva tinha por resultado o desdobramento astral consciente. Isso demonstra que a concentração não é algo artificial e nem forçado, mas sim espontâneo e natural. "Atenção plena, natural e espontânea, sem artifício de espécie alguma é a concentração perfeita", escreveu o V.M.S.
Por medo do grilo, o menino, bodhisattwa do V.M. Rabolú, se concentrava. O medo fazia com que o som se tornasse objeto do seu interesse e o levava a focalizar a atenção ali, esquecendo-se de todo o restante.
Se ainda assim a concentração não está clara para você, imagine o seguinte. Suponha que você tenha que carregar uma xícara cheia de água sem derrubar uma só gota e sob a mira de um arqueiro, pronto para disparar a flecha contra você caso não cumpra a meta. Você obrigatoriamente terá que se concentrar da forma correta! Se pensar na flecha, se desconcentrará.
Temos que diferenciar a atenção do esforço. Atenção é uma coisa e esforço é outra. Na concentração existe atenção pura, sem esforço nenhum, somente a atenção, separada do esforço e de modo algum mesclada ao mesmo.
A atenção pode existir na ausência total do esforço, da preocupação e até do desejo, pois o ato de prestar atenção é um ato de receptividade. Estar atento não é estar tenso, é estar receptivo, aberto a alguma coisa. Quando se diz "concentre-se", está-se dizendo "torne-se aberto para tal coisa".
O V.M. Rabolú nos fornece alguns parâmetros que permitem melhor compreender o que é uma prática da concentração. Ele nos diz que concentrar-se em um objeto é refletir sobre seus seguintes aspectos:
- o que é o objeto (em que consiste?);
- de que é feito o objeto (quais são os materiais que o constituem, de que é composto?);
- para que está feito o objeto (qual é a sua função, para que serve?);
- como funciona o objeto (de que maneira opera, como o mesmo atua?);
O estudante, concentrado, deve refletir sobre esses aspectos. Tais parâmetros "balizam" o pensamento sobre o objeto e o direcionam. O Mestre também sugere ao estudante que "entre" no objeto com a imaginação.
Em suma, concentrar-se, dentro desta concepção, é investigar reflexivamente o objeto. Muito provavelmente, o V.M. não restringia a prática a tais parâmetros, os quais parecem ser mais um ponta-pé inicial. Entendo que tudo o que for intrinsecamente inerente ao objeto pode ser alvo de reflexão sem que incorramos em desvio e desconcentração.
Em etapas profundas, o pensamento na concentração não é articulado, é um simples "dar-se conta" silencioso, receptividade pura.
Por meio do pensamento único ocorre o desligamento dos sentidos externos, do mundo físico e do corpo físico.
A recordação do Ser
Os desejos não são o Ser.
Os pensamentos não são o Ser.
A mente não é o Ser.
As emoções não são o Ser.
O corpo físico não é o Ser.
A Essência é o Real Ser em nós, o que há dEle em nosso interior.
Recordar-se de si é recordar-se da Essência.
Recordar-se de si é recordar-se de que se possui um Ser/Essência real, totalmente distinto do corpo, dos sentimentos, das emoções, da mente, dos pensamentos, dos desejos, das lembranças, dos sofrimentos, alegrias etc. É recordar-se desse "algo" que ultrapassa tudo e que somos, no fundo.
Mediante a recordação de si, a Essência se dissocia do Ego. Nos separamos do Ego quando nos recordamos de nós mesmos.
Quando nos recordamos de nós mesmos, rompemos com a fascinação e nos diferenciamos de tudo o que não é o Ser.
Não é possível observar algo com o qual estejamos identificados.
Identificar-se com algo é confundir-se com aquilo, perdendo a noção da diferença entre o que verdadeiramente somos e o objeto que nos fascina.
Nos identificamos pela fascinação (força hipnótica).
A fascinação "apaga" a consciência (adormece a Essência), impedindo-a de observar e contemplar.
O choque da recordação de si rompe com a fascinação e permite a contemplação consciente do objeto do qual nos diferenciamos.
A observação do Ego somente é possível mediante a recordação de si.
A Essência fascinada confunde-se com o Ego e sente seus desejos e sofrimentos.
Por ser uma parte do Ser Real (Espírito Divino ou Deus Interior), a Essência (alma pura e primordial) participa da mesma natureza natureza divina. A Essência é Deus em miniatura.
São características da Essência e, portanto, do Real Ser:
· silêncio interior (o que pensa não é o Ser);
· serenidade (o que se perturba não é o Ser);
· contemplação (observação).
Damos o choque da recordação de nós mesmos para romper nossa identificação com o Ego. Rompemos a identificação com o Ego para podermos observá-lo.
Aquele que se identifica com o Ego, sente-se como ego e se confunde com o mesmo. Identificado, sentirá como se os seus pensamentos, atos e desejos fossem ele mesmo, sua própria Essência, o seu próprio Ser Real ou Espírito, perdendo a capacidade de diferenciar-se dos mesmos.
O choque da recordação de si mesmo rompe tal vínculo fascinatório e equivocado, nos permitindo evidenciar que não somos os elementos que pensam, sentem e atuam dentro de nós.
Na recordação de nós mesmos, nos recordamos de nosso próprio Ser e rompemos a identificação com o ego, a qual é causada pela fascinação. Somente assim podemos começar a observá-lo e compreendê-lo.
A mente, os desejos, as emoções e o comportamento como um todo não podem ser observados quando os consideramos como parte do Ser e não como algo distinto.
Tratar a mente como um elemento estranho e o Ego como um conjunto de pessoas estranhas ("Eus") assinala o princípio do trabalho sério sobre nossa natureza interior.