quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Milarepa: ensinamento em vídeo

Este  vídeo contém alguns ensinamentos importantes do Santo Milarepa sobre a meditação (é a segunda parte de uma sequência de três vídeos):


"Para testar a conquista e experiência de Rechungpa e também para descobrir o quão forte era o seu espírito de renúncia, um dia Milarepa casualmente cantou para ele a 'Canção dos Doze Enganos':

A Canção dos Doze Enganos 

'Afazeres mundanos são todos enganadores; então procuro a verdade divina.

A excitação e distração são ilusões; então medito na verdade não dual.

Companheiros e servos são enganadores; então permaneço em solidão.

Dinheiro e posses também são enganadores; então se eu os tenho, dou para os outros.

Coisas do mundo externo são todas ilusões; a mente interna é a que observo.

Ensinamentos vagantes são todos enganadores; então só trilho o caminho da sabedoria.

Enganadores são os caminhos da verdade oportuna; a Verdade Final é aquela em que medito.

Livros escritos em tinta preta são todos enganadores; apenas medito no âmago das instruções da Linhagem Sussurrada.

Palavras e dizeres também são enganadores; calmo, descanso minha mente no estado sem esforço.

Nascimento e morte são ambos ilusões; observo somente a verdade do Não Elevar.

A mente é, em todos os meios, enganadora; então pratico como animar a consciência.

A prática de segurar a mente é enganadora e leva a caminhos errados; então descanso no Reino da Realidade.'

Rechungpa pensou:

'Meu Guru é o próprio Buda, não há idéia ilusória em sua mente. Mas, por minha incapacidade de devoção e também a dos outros, ele cantou para mim, esta canção.'

E Rechungpa cantou em resposta para explicar ao seu guru sua compreensão sobre o ensinamento da visão, prática e ação:

'Ouça-me, por favor Pai Guru, minha mente escura é cheia de ignorância, segure-me com a corda de sua compaixão.

Na encruzilhada onde Realismo e Nihilismo encontram-se, perdi meu caminho, ao procurar a visão dos Não Extremos, então não tenho segurança no conhecimento da Verdade.

Sonolento e distraído a toda hora, alegria e Iluminação ainda não são minhas e assim não conquistei todo o apego.

Não consigo me libertar de tomar e abandonar e, sem necessidade, continuo em meus atos impulsivos, então ainda não destruí todas as ilusões.

Fui incapaz de afastar todos feitos de fraude e observar os preceitos tântricos sem falha, ainda não conquistei todas as tentações.

A distinção ilusória entre o Samsara (ciclo da reencarnação) e o Nirvana (Felicidade Eterna) ainda não percebi na própria mente do Buda, então ainda tenho que encontrar meu caminho ao Darmakhaya.

Não fui capaz de equalizar esperança com medo e a minha própria face para contemplar, então ainda tenho que ganhar os Quatro Corpos de Buda.

Eu fui protegido por sua Compaixão no passado, agora, colocando-me inteiramente em tuas mãos, rezo; dê-me ainda mais de tuas bençãos.'

Assim Milarepa, mandou sua Graça compassiva para abençoar Rechungpa e disse a ele, fingindo:

'OH, Rechungpa, você tem mais conhecimento e experiências que aqueles que acabou de me contar. Não deveria esconder nada de mim. Seja franco e cândido.'

Quando Milarepa disse isto, Rechungpa se tornou iluminado e ele cantou as 'Sete Descobertas'.

Canção das Sete descoberta

'Através da Graça do meu pai guru, o sagrado Jetsün, agora percebi a Verdade nas Sete Descobertas.

Em manifestações, descobri o Vazio, agora não tenho pensamento de que nada exista.

No Vazio encontrei o Dharmakaya, agora não tenho pensamento da ação.

Em miríades de manifestações o Não Dual encontrei, agora não tenho pensamento de reunir ou dispersar.

Em elementos de Vermelho e Branco descobri a essência da igualdade, agora não tenho pensamento de aceitar ou rejeitar.

No corpo da ilusão descobri Grande Felicidade, agora em minha mente não há sofrimento algum.

Na Auto Mente descobri o Buda, agora em minha mente Samsara (ciclo da reencarnação) não existe mais.'

Milarepa então disse a Rechungpa:

'Sua experiência e compreensão estão próximos da real iluminação, mas ainda não são o mesmo. Experiência Real e compreensão verdadeira deveriam ser assim; e ele cantou 'Os Oito Reinos Supremos':

Canção dos Oito Reinos Supremos

'Aquele que vê que o mundo e o vazio são o mesmo, alcançou o reino da Verdadeira Visão.

Aquele que não sente diferença entre sonho e despertar, ele alcançou o Reino da Verdadeira Prática.

Aquele que não sente diferença entre Alegria e Vazio, atingiu  o Reino  da Verdadeira Ação.

Aquele que não sente diferença entre 'agora' e 'depois', atingiu o Reino da Realidade.

Aquele que não vê que a mente e o vazio são o mesmo, atingiu o Reino de Dharmakaya.

Aquele que não sente diferença entre dor e prazer, atingiu o reino do Verdadeiro Ensinamento.

Aquele que vê os desejos humanos e a sabedoria de Buda como iguais, atingiu o Reino da Suprema Iluminação.

Aquele que vê como a própria mente e o Buda são semelhantes, alcançou  o Reino da Verdadeira Realização.'


Consequentemente, através da Misericórdia e Benção de seu Guru, Rechungpa gradualmente aprimorou em compreensão e realização. Ele então, compôs a 'Canção dos Seis Bardos', no qual ele apresentou a Milarepa seu insight e compreensão final:

'Eu me curvo diante dos Santos Gurus. 

No Bardo (estado de existência entre a morte e o renascimento), onde o Grande Vazio manifesta-se, não há visão realista e nem niilista, eu não compartilho o pensamento dos sectários humanos.

Além de toda a apreensão está a Não Existência agora. Da visão esta é minha firme convicção.

No Bardo do Vazio e da Alegria não há objeto no qual a mente possa meditar, então não preciso praticar a concentração.

Descanso minha mente sem distração no estado natural. Esta é minha compreensão da Prática. 

Não me sinto mais envergonhado diante dos amigos iluminados. No Bardo, com luxúria e sem luxúria, eu não vejo felicidade samsárica, e então, não sou mais um hipócrita, eu não encontrei má companhia alguma.

Tudo o que eu vejo diante de mim tomo como minha companhia. Esta é minha convicção na ação. 

Não sinto mais vergonha diante de um encontro de grandes yogues. Entre vícios e virtudes, não discrimino mais; os puros e impuros são agora para mim iguais. 

Assim eu nunca devo ser falso ou pretensioso. Agora conquistei totalmente a maestria da Auto-Mente. Esta e minha compreensão de Moralidade. 

Não sinto mais vergonha diante da assembléia dos Santos. No reino recém descoberto do Samsara e Nirvana, seres senscientes e os Budas são para mim o mesmo. 

Então, não espero e nem anseio pela qualidade de Buda. Neste momento, todo o meu sofrimento tornou-se um prazer. Esta é minha compreensão de iluminação. 

Não sinto mais vergonha diante dos seres iluminados. Tendo me libertado das palavras  e significados, não falo mais a linguagem de todos os estudiosos. 

Não tenho mais dúvidas em minha mente. O Universo e todas as suas formas agora não aparecem senão como o Dharmakaya. Esta é a convicção a que cheguei. 

Não sinto mais vergonha diante de uma reunião de grandes estudiosos.'


Milarepa estava em grande prazer e disse:

'Rechungpa, esta é de fato a Experiência Real e o Conhecimento. Você pode realmente ser chamado de Discípulo Bem Presenteado. Agora existem três formas nas quais alguém pode agradar seu Guru: Primeiro, o discípulo deve empregar sua fé e inteligência para gratificar seu Guru; então, através do aprendizado inequívoco e da contemplação, ele deve entrar no portão do Mahayana e do Vajrayana e praticá-los com diligência e grande determinação. Então, ele finalmente pode agradar seu Guru com suas experiências reais de Iluminação, que são produzidas passo a passo através de sua devoção.

Eu não gosto do discípulo que fala demais; a prática real é muito mais importante. Até a completa realização da Verdade ser obtida, ele deve fechar sua boca e trabalhar em sua meditação. Meu Guru, Marpa, disse para mim: Não importa o quanto e se alguém sabe grande coisa sobre Sutras e Tantras. É preciso não apenas seguir as palavras e livros, mas a pessoa deve fechar sua boca, seguir sem erro as instruções verbais de seu guru e meditar. Assim, você deve também seguir seu conselho, não esquecendo e colocando-o em prática. Se você puder deixar todos os assuntos samsáricos para trás, os grandes méritos e realizações serão todos seus.'

Rechungpa replicou:

'Querido Jetsün, por favor seja bom o bastante para dizer o que Marpa disse.

Milarepa então cantou 'As Trinta Admoestações do Meu Guru':

'Querido filho, estas são as palavras que Ele me disse :

De todos os Refúgios, o Buda é o Melhor.

De todos os amigos, a fé é a mais importante.

De todos os males, Nhamdog (pensamento perturbador) é o pior.

De todos os demônios, o orgulho. De todos os vícios, difamar.

Ele disse: Aquele que não purifica seus pecados com os quatro poderes, estará atado a vagar no Samsara.

Aquele que, com diligência, não acumula mérito, nunca ganhará a Benção da Liberação.

Aquele que não refreia cometer os Dez Males está atado a sofrer as dores junto ao Caminho.

Aquele que não medita no Vazio e na Compaixão, nunca atingirá o estado do BUDDHADO.' "



Se você gostou, pode assistir também outros vídeos onde Milarepa compartilha seu conhecimento.

Milarepa instrui as Dakinis e aos patronos:

http://www.youtube.com/watch?v=w7RLNBFKiPw&feature=relmfu

Aqui há a estória inteira: (três vídeos)

http://suprememastertv.com/pt/bmd/?wr_id=763&url=link1_2&page=4#v




Boa reflexão.