Há pessoas que tentam eliminar as emoções negativas sem eliminar os pensamentos correspondentes. É uma tentativa absurda e contraditória.
Há uma relação direta entre o pensar e o sentir. Não é possível pensar em algo que seja significativo para nós sem sentirmos as emoções correspondentes.
Não é possível pensar em um inimigo e não sentir raiva ou ódio, não é possível pensar em uma mulher desejável e não sentir o desejo de possuí-la, não é possível pensar em um perigo e não sentir temor ou receio. Quem tenta dissolver as emoções negativas sem renunciar aos pensamentos correspondentes, está se auto-sabotando e agindo de forma contra-producente.
Os pensamentos evocam e fortificam emoções. Quanto mais pensamos em algo, mais emoções relacionadas àquilo desenvolvemos.
Portanto, os fatos exteriores que evocam as emoções negativas não devem existir em nossas mentes. Os problemas, inimigos, objetos de desejo ou aversão etc. não devem existir para nós, caso queiramos eliminar as emoções negativas correspondentes. Não devemos lembrar, falar, imaginar ou pensar em tais coisas. A mente deve ser controlada e direcionada, pois não podemos controlar as emoções diretamente, senão pelo controle da mente, dos sentidos e da morte do Ego.
Há certa analogia entre o pensar e o ver. Pensar em algo é vê-lo mentalmente, imaginativamente. Quanto imagino uma casa, a estou vendo dentro de minha mente. Disso resulta que o olhar é, também, uma forma de evocar emoções. Se me entretenho olhando para um perigo, estou fortificando emoções correspondentes, como o medo ou a preocupação. Se me entretenho olhando lindas mulheres nuas, estou evocando e fortificando a luxúria. Se me entretenho olhando algo que detesto, estou aumentando as emoções de aversão por aquilo.
Portanto, além de controlar a mente, temos também que aprender a controlar os sentidos. Isso significa que não devo ver (melhor é nem ouvir) aquilo que provoca as emoções inferiores que quero eliminar.
Conclusão: se quero eliminar uma emoção, não devo contemplar fisicamente e nem mentalmente os objetos que a provocam, devo retirá-los de minha percepção e de minha vida.
Não ocupar-se com luxúria, com mulheres e com sexo
Se você quer a castidade, os objetos de desejo não devem existir para você. Se você não suporta olhar para as belas mulheres sem desejo, retire-as completamente de sua vida, de sua percepção e dos seus pensamentos.
Não procure contato ou proximidade se não houver necessidade real de ajudá-las, pois isso é um detalhe de luxúria.
O segredo está na mente: não deixe que as mulheres desejáveis entrem e nem que estejam em sua mente. Trate-as bem, seja cortez e protetor quando necessário, mas não deixe que elas existam para você, enquanto mulheres desejáveis e mentalmente falando. Elas podem existir como ser humano, mas não como mulheres.
O problema não está fora, está dentro. Retire-o de dentro e não existirá. O primeiro passo está na mente: quanto mais pensar, pior ficará o problema. O segredo consiste em não ocupar-se com o mal, em desligar-se dele.
Quando nos apartamos de algo, as lembranças vão se apagando, sofrem atrofia e vem o esquecimento. A luxúria é uma má função que foi erroneamente desenvolvida e que precisamos atrofiar, enquanto a transmutação e o erotismo espiritual se desenvolvam.
Não ocupar-se com os problemas
Esse mesmo princípio vale para qualquer defeito. O medo da morte, das doenças e dos problemas, por exemplo, se fortificam à medida que neles pensamos e com eles nos ocupamos. Esse medo, em si, não modificará nada, mas nossa mente tende a crer que pensar nos problemas é necessário. A mente não compreende a inutilidade do pensar. Quando temos um problema, cremos que, se nele pensarmos, encontraremos a solução. Movidos por tal crença, disparamos a pensar sem parar e fortificamos várias emoções negativas, tais como medo, preocupações etc. Os pensamentos em torno dos problemas são obsessores.
É claro que há algumas situações nas quais devemos pensar de forma concentrada para buscar soluções. O que estou asseverando é que não adianta debater-se mentalmente contra o inevitável. Se um problema é definitivo e não possui solução, não adianta pensarmos, melhor é desviarmos a mente.
Quanto mais nos ocupamos com um problema, mais ele se torna monstruoso. Por isso é importante aprender a não pensar naquilo que nos preocupa. Se aquietamos a mente, as emoções loucas se aquietam. Quando a agitação cessa, muitas vezes a solução surge espontaneamente, depositada pelo Ser em nosso campo de consciência. A capacidade de encontrar soluções é maior quando a mente está calma.
Se o pensamento for muito teimoso e insistente, temos que nos perguntar: Qual a utilidade deste pensamento? Em que irá me ajudar? Então buscamos a resposta sinceramente e descobriremos que o mesmo é inútil.
Mesmo que o mal venha e bata às portas, ainda assim não devemos nele pensar. Temos que recebê-lo sem resistência, sem reações (psicologicamente falando). Mesmo que o fim esteja acontecendo e a destruição nos esteja tragando, ainda assim, pensar na mesma não irá melhorar a situação. Um verdadeiro adepto é capaz de atravessar a morte sem ocupar-se mentalmente com a mesma, sem se identificar e sem nela pensar.
O sofrimento está na resistência, em "ir contra". Quem aquieta sua mente e não pensa, não resiste, recebe, contempla e não sofre.
Vigiar a mente
Vigie a mente. Vigiar a mente é prestar atenção na cabeça, nos pensamentos. Não deixe que os pensamentos maus, sutis ou não, se instalem. Aprenda a concentrar os pensamentos nas coisas boas. Pratique a concentração do pensamento e da atenção.