sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Eus bons e eus inofensivos

Entendo que os detalhes são os eus bons e os eus inofensivos, para os quais não damos importância por terem o caráter prejudicial sutil e de difícil detecção. Para detectá-los, necessitamos de "olho clínico", como disse o V.M.S. em "Dialética da Razão Objetiva". Tais eus muitas vezes não causam dano visível algum e, apesar disso, alimentam elementos psíquicos perigosos.

O caráter prejudicial dos detalhes é sutil, nos escapa à observação superficial. Por serem inofensivos em aparência, acreditamos que não sejam defeitos e não lhes damos importãncia. Damos-lhes livre curso por acharmos desnecessário dissolvê-los, já que não nos parecem prejudiciais.

Portanto, temos que observar nossos comportamentos inofensivos com o intuito de verificarmos se não alimentam defeitos.

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O Ego a ser observado não é somente aquela parte nossa que comete delitos, é tudo o que designamos por "Eu". Inclui tudo o que fazemos, dizemos, sentimos e pensamos, não se limitando àquilo que a moral e a cultura definiram como "errado" ou "feio". O Ego a ser compreendido vai muito além do que a cultura considera "imoral" ou impróprio.

Se não for assim, se a observação não romper com os limites da moral, não se chega aos fundamentos dos defeitos mais perigosos. Os defeitos mais prejudiciais alimentam-se a todo momento por meio de manifestações "inocentes" que são perfeitamente aceitáveis dos pontos de vista social, cultural e moral. Atos e pensamentos que acreditamos ser inofensivos e até benéficos podem estar nutrindo elementos psíquicos altamente prejudiciais e perigosos. O eu da fornicação, por exemplo, se alimenta a todo momento sem que o percebamos. O mesmo se dá com o eu do medo, da gula etc. Somente a observação rigorosa detecta as manifestações que os alimentam.

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